Pedro Henrique está sentado no chão da cozinha brincando com seu carrinho. Ele sempre gostou de carros, mesmo que o desenho no celular lhe faça largar qualquer brinquedo. Marissol cozinha seu almoço, mas sempre com a atenção no filho, ela faz daquele pequeno ser o motivo de seu respirar, ainda que ele tenha aqueles olhos que lhe trazem tantas lembranças e emoções.
- Pedro Henrique... – O menino a olha assim que escuta seu nome. – Legumes.
- Nam, man, nam.
Ele faz uma careta assim que fala, com certeza uma criança normal que faz drama para comer legumes, mas Marissol sempre tenta.
- Que isso, filho, é tão bom.
- Bom, nam, ruim, muto ruim.
A gargalhada de Marissol é deliciosa. A mulher sempre tenta compensar sua ausência nas noites. Pelos menos há também os dias de folga, como aquele, mesmo sendo uma sexta não tem clientes, pelo menos nenhuma das fixas.
- Tudo bem, espertinho, vamos fazer aquele delicioso macarrão, o que acha?
- Gotoso, isso shim, gotoso.
Mais uma vez a mulher gargalha, ela vem acostumando seu filho muito mal. Raquel não seria assim, a mulher nunca deixaria um filho almoçar só macarrão. Aquele pensamento lhe faz parar de cortar os legumes. Deixa um suspiro profundo sair da boca, já desistiu de tentar não pensar, lembrar-se da mulher.
Sentir é inevitável quando se tem uma pequena cópia da mulata lhe encarando todos os dias. Mesmo que doa, ela só tem que parar e gritar para seu coração que nada daquilo é real. Relaxa e então abre os olhos que estavam fechados, voltando a encarar o filho. Sorri, pois com certeza a semelhança de Pedro Henrique com Raquel é até cômica.
- Man, água.
Marissol vai até a geladeira e pega a mamadeira com água do filho, entregando-o. Ele bebe o tanto que quer e depois devolve para a mãe, voltando sua atenção para o brinquedo. Marissol resolve acabar com os pensamentos e tem uma pessoa que lhe ajuda bem com isso.
Pega seu celular e manda uma mensagem, depois volta a cozinhar. Cerca de meia hora depois a campainha toca, Pedro Henrique levanta e corre para perto da mãe que vai para a porta, ao abrir tem a visão da vizinha com seus cachos vermelhos presos em um rabo de cavalo, trajando um short curto e uma blusa vermelha, juntamente com seus chilenos do time de futebol Ceará.
- Foi daqui que pediram uma companhia para o almoço?
A garota estava com uma sacola nas mãos, onde tem uma garrafa de vinho. Marissol revira os olhos e se aproxima, beijando a bochecha da ruiva. Elas têm uma regra de nunca demonstrar nenhum contato íntimo perto de Pedro Henrique.
- Tia, Fafa, macaão, man fez.
Rafaela pega o garotinho no colo assim que entrega a sacola para Marissol.
- Eu sei, pequeno príncipe, porque acha que estou aqui? Estou muito a fim de comer o macarrão da sua mãe.
A ruiva olha para Marissol que revira os olhos, o duplo sentindo na frase foi um belo convite de "Quero dormir aqui hoje". A morena entende, com certeza pensa em dizer sim, mas vai deixar o dia terminar para dar sua resposta.
- Bincar, tia.
A garota sorri, depois encara Marissol e pisca, deixando claro suas intenções naquela noite. Caminha com Pedro Henrique no colo, logo estão sentados no chão da sala com vários brinquedos espalhados.
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Perfume de uma rosa
RomanceMarissol Queiróz achou que tinha tudo na sua vida, uma mulher maravilhosa, um casamento perfeito, achou que tinha ganhando na loteria ao conseguir conquistar uma mulher que além de dedicada, era rica, mesmo que não se importasse com isso, ela acredi...