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"Eu não sabia o que fazer. Me vi perdida por alguns segundos e então fugi. Uma atitude idiota que me trouxe até aqui. Até você. Sinto muito pela confusão que irei causar na sua vida a partir de agora."


A primeira vez que assisti uma apresentação de dança foi há exatos dez anos atrás. Eu estava entre meus onze anos de idade e acabei sendo obrigada a passar meu aniversário num enorme e tedioso - ou pelo menos aparentava ser na época - teatro da cidade.

Naquele tempo, eu estava profundamente chateada por ninguém notar meu aniversário, visto que meus pais trabalhavam como loucos, administrando grandes concertos, produzindo ótimas apresentações e, lentamente, construindo seus tão merecidos reconhecimentos. Tanto reconhecimento, que atualmente, só de murmurar o sobrenome Savelynd, todos caem em seus pés.

Bem, nos meus também.

Queria dizer que isso não me deixa excitada, que eu não me importo para essa fama, mas a quem eu quero enganar? É incrível conseguir tudo o que desejo. É incrível ter reconhecimento. É incrível andar sobre o ouro. Mas ele não me pertence. Digo, posso até ser filha de grandes empresários e administradores dos melhores concertos do mundo, mas isso não me dá o direito de ter tal reconhecimento, já que não é meu. É por isso que desejo construir minha própria empresa. É por isso que desejo construir meu próprio império. Para ser reconhecida por quem sou, não pelo que esperam que eu seja.

- Aqui estão suas malas, senhorita - informou, um senhor de cabelos grisalhos.

Tirei o óculos escuro do rosto, encarando-o com um pequeno sorriso e agradeci.

- Qual seu nome mesmo? - perguntei.

- Antoni.

- Ah... Bem, Antoni, será que pode me informar sobre algo?

- Claro, o que a senhora desejar.

- Você sabe se meus pais estão em casa?

- Os senhores Savelynd saíram.

- Entendi. Muito obrigada pela informação.

Pegando minha mala cor de rosa, comecei a caminhar em direção a enorme mansão do Senhor e Senhora Savelynd, quando Antoni disse, baixo, mas ainda assim audível para mim:

- Eles pediram para eu entrega-lhe isso, senhorita - ele retirou do bolso um envelope cinza e sem vida.

- O que é isso? - perguntei, pegando o convite confusa.

- Como eu disse, os senhores saíram.

- Bem, eu sei, escutei você dizendo isso.

- E eles pediram para eu entregar-lhe isso.

- Eu também escutei essa parte.

- Ah, desculpe. O que estou querendo dizer, é que eles desejam que você os encontre no lugar mencionado dentro deste envelope.

- Um encontro? - murmurei, mais para mim que Antoni.

- Um encontro - acenou, levemente.

A última vez que avistei meus pais pessoalmente foi há dois anos atrás, quando optei por estudar música na França. Desde então, tudo o que sabia referente a eles eram meros comentários ditos por pessoas que passavam na rua ou até mesmo na minha faculdade. Isso não era por eu estar com raiva ou coisa parecida, eu apenas queria focar em música. Queria deixar o meu título de filha riquinha e mimada, para grande musicista esforçada, mascarando meu antigo eu. Mas era impossível fazer isso aqui, assim como foi impossível esconder o grande acontecido lá. Por isso que voltei para Coréia do Sul.

Dancing for you  ❄️ Kim YugyeomOnde histórias criam vida. Descubra agora