Capítulo 02 - Prova de fogo

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Com alguns passos rápidos ele a alcançou, segurando-a pelo braço. Anahí assustou-se com aquele toque. Ela olhou diretamente para a mão dele e sentiu sua pele queimar. Puxou o braço imediatamente, porém ele a segurou mais firme.

- Qual é a sua? Vai me bater agora? Para sua informação está me machucando com essas patas imundas! – disse irritada, sem olhá-lo.

Ele meneou a cabeça e sorriu minimamente. Algo nela mexia profundamente com ele. Nunca vira tanta beleza e charme em uma só pessoa. Novamente a loira puxou o braço.

Irritada Anahí bufou e o olhou friamente. Olhos nos olhos. Só então ela percebeu que o homem era o mesmo que havia achado lindo poucos minutos antes. Ele era um moreno completamente atraente e tinha olhos verdes sedutores. O corpo estremeceu e ela cambaleou. Aquele homem a estava deixando zonza. Nunca havia ocorrido com Edgar. Quem era aquele homem misterioso que estava a deixando completamente descontrolada?

Em um ato rápido o moreno passou um dos braços em torno da cintura dela. Olhos nos olhos, dessa vez mais perto. Podia sentir a respiração dele sobre sua pele. O moreno curvou um pouco o rosto e roçou seu nariz no dela. Anahí fechou os olhos, completamente entregue. Ele sorriu e soltou-a, afastando-se.

- Foi um prazer conhecê-la princesa! – ele disse dando um rápido aceno e sumiu pelas gôndolas do mercado empurrando o carrinho. Anahí abriu os olhos e ficou observando-o sumir de seu campo de visão. Grunhiu baixinho e olhou a sua volta. Novamente havia pessoas a observando.

- Vocês não tem o que fazer ao invés de cuidar da vida alheia? – indagou irritada, ergueu o dedo do meio e deu as costas. O moreno que a observava escondido atrás de uma das prateleiras sorriu satisfeito. Sabia perfeitamente quem era aquela mulher e sua fama na vizinhança. Nem de longe era tudo o que falavam.

Procurou pelo filho na seção de brinquedos. O menino segurava um vídeo game e ele olhou-o em desaprovação.

- Você me prometeu Alfonso Herrera! – o menino murmurou e um bico formou-se em seus lábios.

- E vou cumprir com minha promessa Vicente Herrera, porém não hoje. – advertiu e o menino bateu o pé no chão, irritado. Alfonso achou graça - Vamos para casa que tenho um cliente me aguardando.

Vicente resmungou algo inaudível enquanto guardava a caixa do vídeo game. Alfonso sorriu. Havia comprado um modelo mais moderno do que aquele que o filho guardara. Estava embaixo da árvore de natal, junto com outros presentes. Alfonso dirigiu-se ao caixa rápido e pagou pelas poucas compras. Antes de sair do supermercado viu a loira com a cara enfiada na lista. Ela parecia reclamar de algo, fato que o fez sorrir.

- Terra chamando papai! – Vicente falou estalando os dedos e olhou na direção em que o pai olhava e não viu ninguém.

Alfonso meneou a cabeça, retirou a chave do bolso e foi até o carro. A casa ficava há uns dez quarteirões do mercado. Em dias de movimento nas ruas devido ao natal, levaria em torno de quinze a vinte minutos para chegar em casa. Dezessete minutos foi o que levou. Vicente já estava impaciente no banco de trás. Alfonso mal estacionou e o menino desceu do carro e correu em direção a casa do vizinho Bruno. Junto com ele estavam Estevam, Raul e Gustavo.

- Já pensaram em que tenho que fazer para fazer parte do clube? – Vicente perguntou assim que chegou, olhou rapidamente para o pai, acenou para ele e voltou a atenção aos meninos. O quarteto se olhou e assentiram, caminharam até Vicente sorridentes.

- A sua prova de fogo é entrar na casa da viúva estranha e trazer algo dela. – Raul falou cruzando os braços sobre o peito.

- Viúva estranha? – Vicente coçou a cabeça sem entender. Entrar na casa de alguém sem permissão era errado. E o pai desaprovaria completamente aquilo.

- Dizem que ela é uma bruxa que tem muitas verrugas, um nariz enorme e cozinha crianças. – explicou Gustavo.

- Como vocês são bobos! – Vicente rolou os olhos - Bruxas não existem.

- Existem sim! Você veio de longe e não sabe de nada! – exclamou Raul.

- A bruxa! – Estevam gritou amedrontado ao ver o carro estacionando em frente à garagem de uma das casas, mais precisamente a que ficava bem em frente a casa de Vicente.

- Aquela que é a bruxa? – Vicente perguntou arqueando uma sobrancelha. Um dos meninos assentiu – Pois parece mais com uma princesa. Olha como é linda. – falou observando a loira retirar os pacotes do carro.

- É um disfarce que ela usa para seduzir meninos tolos como você. – Bruno falou e Vicente rolou os olhos.

- Vou provar pra vocês que ela não é uma bruxa! Eu topo! – falou decidido. Conversaria com o pai antes de ir a casa daquela mulher. Os novos amigos não precisariam saber de que forma entraria na casa dela.

- Se trouxer uma foto dela você se torna presidente do clube. – Bruno pontuou e Vicente lhe estendeu uma das mãos.

- Negócio fechado!

- Hoje à noite, após a ceia, você entra e traz a estrela da árvore dela. – Bruno lembrou-o e Vicente fez uma careta.

- Mas hoje é natal...

- Ele está amarelando! Maricas! – zombou Estevam.

- Eu não estou amarelando e nem sou um maricas! – Vicente falou cruzando os braços - Amanhã eu vou trazer a estrela da árvore de natal dela.

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