Querido Jimin,
Primeiramente gostaria de me desculpar por não escrever-lhe antes, mas não venho tendo muito tempo para cartas.
Queria poder lhe contar detalhadamente tudo o que me acontece, de lhe dizer o quão lindo foi ver os montes do norte de cima, mas infelizmente somente isso foi bonito aqui, assim que passamos pelos montes a desgraça nós alcançou como uma bomba, famílias e mais famílias fugindo, crianças doentes, morrendo pelo caminho, a guerra não é algo bonito, é triste e frio.
Não sei mensurar a quantidade de tempo que terei para lhe escrever, portanto me perdoe se não conseguir escrever muito. Nós perdemos a noção das horas, porém sei lhe dizer que hoje é dia 26 de maio de 1949, então fazem dois meses e sete dias que estou aqui, ainda carrego comigo aquele calendário que você me deu, junto a sua foto, com a bela mensagem que escreveu-me naquele dia. Aqui não temos relógios, nós apenas sabemos quando é o momento de ir para o campo, e quando voltar para a base, entrar nos tanques e atacar os inimigos, e bater em retirada. Mas tem uma coisa que nunca paramos de contar, o tempo para voltar para casa, os dias, as noites, queremos que isso acabe logo, mas a cada amigo, a cada parceiro, a cada soldado, capitão e médico, que morre tanto no campo de batalha, ou de doenças, a nossa esperança de voltar para casa morre cada vez mais.
Eu irei voltar para casa, irei voltar para você. Peço para deus todos os dias, peço desesperadamente para que eu possa voltar para casa e viver feliz ao seu lado. Eu te amo Jimin, e sinto sua falta, todas as noites me deito e observo silenciosamente as estrelas, lembrando de quando fazíamos isso juntos, lembro de seu corpo quente e suas mãos pequeninas me abraçando enquanto procurávamos constelações, lembro de seus lábios macios e rosados beijando meu pescoço e falando o quanto me ama, lembro de quando pedi para vivermos juntos, também em uma noite estrelada, e o quanto você sorriu... Sorrisos, seus sorrisos, os olhos quase fechados pelas bochechas erguidas, tão fofo, tão lindo.
Aqui ninguém sorri, estamos em guerra afinal, tantos amigos mortos, tantas famílias destruídas... As noites são as piores, o que costumava amar, está virando aterrorizante, o barulho de explosões não cessam nunca. Os dias são frios e chuvosos, não existe felicidade em uma guerra.
Mas eu tenho certeza, que uma carta sua melhoraria meu dia, me daria mais esperança. E também tenho certeza, de que voltarei para você. E no dia que voltar, iremos nos deitar para ver as estrelas, iremos ficar abraçados toda a noite, e eu finalmente poderei sorrir sem me sentir culpado, poderei sentir seus lábios novamente, e a felicidade voltará a me consumir, pois apenas ao seu lado, eu consigo ser feliz.
Gostaria de estar em casa, abraçado junto a ti, e dormir, apenas dormir, porque dormir é algo que já não consigo mais fazer. Me deito de noite, e tudo que vivenciei durante o dia volta. Todos os gritos, as crianças sendo levadas a força, as casas desabando e matando famílias inteiras de uma vez. Os amigos feridos, e os que são deixados para trás. Os gritos e temores, os tiros e as explosões. As vezes penso nos motivos dessa guerra, se valem realmente apena, pois eles ocasionar tanta dor e tanto sofrimento. E não, não vale a pena. Ninguém merece sofrer desse jeito. Isso é um horror. Os que ficam morrem, e os que vão se traumatizam para sempre. Eu vivencio atrocidades todos os dias, eu faço e causo atrocidades todos os dias. Mas minha única vontade no momento, é acabar logo com esta guerra, e poder voltar para você.
Acabarei a carta por aqui, pois estão me chamando e o soldado que levará as cartas está a passar neste momento. Por favor, me escreva uma resposta, diga-me como está, e o que andas a fazer, como está a cidade, o bairro, nossos amigos. E sempre saiba que te amo mais que tudo no mundo.
Com amor, de seu Min Yoongi.
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The Letters Of A Love
FanfictionOnde Yoongi é um soldado que está na guerra das Coréias, que se passa em 1952, e manda cartas para Jimin, seu amor, que por algum motivo desconhecido pelo soldado, nunca recebeu as cartas, ou era isto que o mesmo deduzira, pois em nenhum momento rec...