Ao entrar na casa ainda bonita e bem arrumada fui inundado por tantas lembranças que quase fui ao chão.
Já havia se passado pouco menos que um ano do acontecimento que ferrou com a minha vida, e graças a Deus, com meu noivado.
Estava noivo de minha melhor amiga por motivos estritamente financeiros. Segundo os pais dela, já bastava um de seus filhos causando vergonha para a família e pelo menos ela deveria se casar com alguém de boa condição financeira para constituir uma família que não fosse uma aberração.
Infelizmente nossos pais eram grandes parceiros econômicos. Não havia como negar, rejeitar um casamento traria no mínimo, vergonha, e perca de status a família e minha ação seria taxada como o pior feito de um Jung em toda a geração.
Toda a minha infelicidade não se passou por minha noiva ser feia, ou por eu não conhecê-la, pelo contrário, a conhecia desde sempre e tenho que admitir que Park Sun Hee é extremamente bonita, e um tanto quanto talentosa. Mas, digamos que não é desse tipo de humano que eu goste. Depois do acidente Hee convenceu seus pais a deixá-la escolher com quem iria casar e rompeu o noivado. Desde então não nos vemos muito.
Hee é extremamente parecida com Jimin, e vê-la me faz lembrar do sorriso dele, e isso dói. Mas entrar nesta casa, depois de meses, dói mais ainda. Tudo permanece intocado, como se o Park fosse aparecer gritando e dançando pelo apartamento a qualquer momento.
Subi as escadas evitando encostar no belo corrimão de madeira real que se encontrava inluvado por uma camada de poeira tão grossa como um cobertor de linho. Lembrava perfeitamente de como Jimin era bem organizado, e como nunca seria possível achar uma grama de poeira por todo o apartamento quando este ainda estava vivo. Passei pelo corredor decorado com quadros, parando em frente a um, a pintura representava um belo jardim de margaridas muito bem cuidadas.
Ele se orgulhava tanto de suas pinturas, poderia passar horas e horas falando sobre elas, e claro, sobre como era desvalorizado e como deixaram de existir verdadeiros apreciadores de arte nos dias atuais. Lembro de rir e lhe dizer que se continuasse tentando, talvez após sua morte suas pinturas fossem valorizadas. Ele olhava enraivecido e me batia até que retirasse meu comentário. Hoje, fico triste ao lembrar de coisas como esta, pois nem continuar tentando ele pode.
Me retirei de minhas lembranças, voltando a andar pelo não tão extenso corredor, indo diretamente a última porta. Ao entrar no quarto, aquela mesma sensação, de que Ji poderia aparecer e começar a reclamar que eu deveria ter mais estilo enquanto me mostrava suas mais novas aquisição de roupas, me invadiu, e novamente senti que iria ser levado ao chão. Quando voltei a mim, me vi deitado em sua cama, com os olhos marejados e mãos tremendo. Abraçava seu travesseiro, cheiro de cravos e caramelo. Sempre me perguntando o por que, o por que de Deus ter te tirado de mim, me perguntava o que havia feito para perde-lo e por que não me levou em seu lugar.
A realidade era que eu me apaixonei perdidamente por cada detalhe do Park, e antes que tivesse chance de lhe dizer algo a respeito, tudo aconteceu. Eu sei que Jimin tinha um único amor em sua vida, e esse amor era Yoongi. Nunca entendi como um homem tão doce como Ji, se apaixonaria por alguém como o Min, aparentemente tão frio e tão distante. Apesar de que qualquer um cairia de amores pela descrição que Jimin dava de Yoongi. Gostaria de ter conhecido melhor o Min, talvez poderia ver o motivo de Park gostar tanto dele.
Me recompus e sai de seu quarto, descendo lentamente as escadas. Tinha apenas uma missão ali, recuperar as várias cartas jogadas na entrada da casa, que havia ignorado totalmente a princípio. Quando cheguei ao hall de entrada, reparei em uma carta ainda não selada, apoiada em uma pequena bancada. Peguei esta carta nas mãos identifiquei que era uma carta de Jimin. Com certeza eu a leria. Me abaixei pegando o que vim buscar nas mãos e correndo os olhos pelos remetentes. Eram cerca de 10 cartas e várias delas vinham do exército.
Yoongi. Resolvi que leria também as cartas dele. Realmente gostaria de saber se ele amava Jimin verdadeiramente, e de descobrir porque Ji o amava tanto.
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The Letters Of A Love
FanfictionOnde Yoongi é um soldado que está na guerra das Coréias, que se passa em 1952, e manda cartas para Jimin, seu amor, que por algum motivo desconhecido pelo soldado, nunca recebeu as cartas, ou era isto que o mesmo deduzira, pois em nenhum momento rec...