multiverso ᤴ k. taehyung

1. The Bad List 🎄

"But there's no bandage, there ain't no ballad
To fix the sadness, so happy Christmas
Back on the bad list
I don't want no gifts
Just a first kiss for the new year
Just a first kiss to face the new year"

- Z Berg & Ryan Ross - The Bad List

🎄

Conheci Taehyung no dia 24 de Dezembro de 2012. Na época, eu trabalhava como atendente em uma loja de departamento ao sul de Seul.

O trabalho não era puxado e o salário era o suficiente para ajudar meus pais com algumas contas e guardar o resto em minha poupança, mas aquilo não era o que eu almejava. Nem de perto.

Meu sonho era ser uma escritora famosa. Queria publicar as aventuras que eu criava em minha mente, espalhar cada aprendizado pelo mundo e ter pessoas lendo minhas palavras. Eu já havia escrito alguns livros pequenos, mas nenhuma das editoras que eu consultei aprovou a obra, mas isso não me desanimou. Queria ser conhecida por minhas palavras, e faria por merecer.

Uma das poucas partes verdadeiramente desprezíveis de meu trabalho era ter que trabalhar em noites como a véspera de Natal. Apesar da comemoração com minha família não ser das melhores, era definitivamente melhor do que passar dentro da loja.

Meu turno acabaria as 23 horas, e o relógio batia quase 22h. Mais uma hora e eu finalmente estaria livre.

Então, a neve fina que caía do lado de fora se intensificou. Mais e mais, a cada momento. Alguns clientes perceberam e saíram antes de se tornasse impossível andar pela rua, mas eu não tinha essa opção. E por algum motivo, ele ficou.

Lembro de ter notado sua presença na loja vazia quando vi seu vulto passar entre os corredores, sem pretensão de ir embora. Os minutos passavam e meu coração se tornava mais apreensivo, até meu horário chegar. E junto com ele, veio a confirmação que eu temia: era impossível sair na rua naquele momento. O asfalto estava preenchido com a neve branca e fofa que também manchava o céu, sem pretensão de parar.

Após mandar uma mensagem curta ao meu chefe, avisando o ocorrido, liguei para minha mãe que não atendeu de imediato. Considerei a hipótese de ela estar terminando os preparativos da refeição que faríamos juntos, então deixei uma mensagem na caixa postal.

"Oi, omma. A neve ficou muito forte e eu estou presa na loja junto com um cliente. Tentarei voltar assim que possível, mas ceiem sem mim, tudo bem? Até logo.", tentei fazer minha voz soar o mais calma possível, sabia como minha mãe se preocupava com facilidade.

Guardei meu celular no bolso de meu agasalho e sai de trás do balcão, caminhando na direção dele pela primeira vez.

Em sua mão direita, ele carregava uma cestinha da loja, junto com cinco itens variados dentro. Sua outra mão estava em sua boca, enquanto o mesmo mascava a unha, olhando repetidas vezes para dois jogos diferentes.

"Desculpa incomodar, mas só queria dizer que estamos presos na loja.", eu disse, puxando sua atenção para mim. Eu finalmente pude ver seu rosto tão juvenil quanto o meu, e ele era absolutamente lindo. Ele sempre foi.

"A neve ficou mais forte?", ele perguntou, tentando enxergar através das janelas bordadas.

"Bastante.", respondi simples. "Se precisar de ajuda, estou no caixa."

Ele me respondeu com um leve acesso na cabeça, e eu voltei em direção ao caixa, sentando na cadeira acolchoada. Coloquei minhas frias mãos dentro de meu agasalho e me tranquei dentro de minha mente, tentando elaborar melhor a história que eu estava escrevendo. Apesar dos esforços, não tive nenhum progresso. Mesmo tentando não deixar os "nãos" atrapalharem um futuro sim, isso havia afetado minha escrita.