O dia negro

13 2 4
                                    

Depois que a ampulheta de Malik foi destruída, a poeira azul pairou em cima dos cabelos dourados de Telgh, mudando- os para um azul escuro.

O reino prosperou maravilhosamente durante um ano, as chuvas foram abundantes, cresceram plantas e arvores frutíferas em volta do palácio, um rio lindo e grande nasceu no reino e atravessava o grande deserto, a economia de Agraabim aumentou tanto, que vários mercadores de Agraabá, Sarbíria e de Ancadell vinham para comprar mercadorias e revender em seus reinos.

O sultão, decidiu melhorar as casas dos seus súditos, aumentar as lavouras, a quantidade de animais multiplicou e a bonança reinou ali durante um ano.

A rainha foi agraciada com uma gestação logo após seus cabelos mudarem de cor, e foi um período difícil e dolorido para Telgh, principalmente quando ela descobriu que teria gêmeos.

Os meses passaram, e o azul do cabelo da rainha desaparecia conforme o tempo, indicando o fim do ano e a chegada dos herdeiros de Agraabim.

As crianças nasceram no último mês do ano, a rainha quase morreu no parto, a primeira criança era una menina, de cabelos dourados e olhos âmbar, o sultão a chamou de Topázio.
A segunda criança era um menino, ele tinha os olhos e os cabelos de sua mãe e de sua irmã.

Assim que a rainha deu a luz, o azul do cabelo dela desapareceu por completo, e passou para o cabelo do menino. Que decidiram chamar de Safir. Mas a cor do cabelo do menino não pareceu afetar suas majestades.

Como um passe de mágica, surgiram nuvens negras que desabavam uma chuva assustadora, com trovões e relámpagos assustadores, Telgh sabia que era a hora de pagar a divida com Hassan.

Um trovão alto e estrondoso soou e o homem entrou, mas dessa vez ele se manifestou pessoalmente, Malik era alto, forte usava um turbante azul escuro e tinha um olho cego, deixando sua aparência um pouco mais assustadora.

— Vejo que seu desejo foi realizado rainha Telgh, e com ele vem minha recompensa.
Ele tinha uma certa faísca de maldade no olhar e isso assustou a família real.

— E que recompensa seria Malik? Agraabim? O domínio dos sete pilares?

— Suas propostas são tentadoras rainha, mas eu levarei algo, pequeno e mais frágil. O que acha sultão? 
Disse o mago apontando para o menino.

— Malik, que diabos... você não levará meus filhos!

— Ah sim, vejam a cor do cabelo do menino, minha poeira já o escolheu, levarei o pequeno Safir. Sabe eu sempre quis ensinar meus feitiços a alguém, e agora o garoto será um mago espetácular.

— Você não sairá daqui com o meu menino. Guardas prendam esse demônio.

Os guardas correram para pega- lo mas já era tarde demais pois ele já estava se transformando em poeira outra vez, mas antes de ir ele brandou:
— Eu concedi a vocês tudo o que queriam, um reino próspero, proteção e dois herdeiros, ou melhor um herdeiro, pois eu também tenho direito de receber algo em troca não é?! São apenas negócios, não sentirão falta de um filho que nunca pertenceu a vocês. Vida longa a princesa Topázio e vida curta a Agraabim.

Uma risada maligna ecoou pela paredes do palácio, a rainha estava aos prantos, seu filho havia sido arrancado de seus braços.

— Eu juro meu amor, eu trarei nosso filho, nem que seja a última coisa que eu faça.

— Por favor Hazin, não jure algo que não vai cumprir, Malik o levou, e nunca vamos acha- lo.

— Eu jamais perderei a esperança, e você deveria fazer o mesmo.

— Agora Topázio é a única herdeira de toda Agraabim, vamos torna- la a mulher mais forte do reino, para nunca ter medo de nada. Eu nem pude pega- lo... eu o perdi para sempre.

Telgh estava em pânico, e eu não a culpo, ela tinha acabado de perder o filho.

— Ela jamais deverá saber que tem um irmão gêmeo.
Disse o sultão.

Hazin, se assustou com um tornado de areia branca que atravessou a janela, e logo seu irmão gêmeo apareceu nos aposentos da rainha.

— Meu irmão, as áreas do deserto me trouxeram aqui e já sei que o menino  foi levado.

— Nefir, eu te suplico, recupere meu filho.

— Temia que me pedisse isso, infelizmente está fora do meu alcance, e todo o reino sabe que o menino foi levado, tudo que posso fazer é apagar existência dele, e quando o encontrarmos o povo recordará todo o ocorrido.

Telgh disse ainda chorando:
— Que assim seja.

Nefir jogou uma poeira amarela para fora da janela do aposento da rainha, e o pó amarelo percorreu todo o reino, fazendo com que todos esquecessem do pequeno príncipe.

A princesa de AgraabimOnde histórias criam vida. Descubra agora