Capítulo 4

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- POR QUE VOCÊ ESTÁ CHORANDO? - ele pergunta com raiva.

- Foi assim que você morreu? - pergunto. - Nesse incêndio?

Ele me encara incrédulo, parando de se aproximar.

- O quê?

- O fogo, os gritos, foi assim que você morreu?

- Isso não é da sua conta.

- Então por que me mostrou? - pergunto.

- EU NÃO TE MOSTREI NADA.

- Então, c-como...?

- CHEGA DE PERGUNTAS. Diga logo quem é você.

- Eu... Não - digo levantando.

Sem relações com pessoas mortas, viver com os vivos meu irmão disse e é isso que eu vou fazer. Ficar longe desse louco.

Ele começa a rir antes de perguntar:

- Você sabe que eu posso te matar, certo?

- Você espera que isso me assuste? - pergunto.

Se soubesse a quantidade de vezes que cheguei perto da morte esses dias.

- Não tem medo da morte? - ele pergunta voltando a se aproximar de mim.

- Eu... - dou um passo para trás e bato na parede.

- Realmente - ele diz. - Há coisas piores que morrer.

Sinto o ar sair dos meus pulmões, uma ardência agonizante. Tento respirar de todo o jeito, mas não tenho sucesso. Apenas quando estou vendo as coisas ficarem turvas, sinto o ar rasgar meu pulmão e engasgo com a dor.

- Agora me diga, quem é você? Ou nós podemos brincar disso o dia todo.

Encaro ele. Seus olhos escuros, não há nada, nenhum sentimento. É uma alma, mas parece um corpo vazio.

- Eu não sou ninguém - digo ainda olhando em seus olhos. - Ninguém importante.

- Mas você pode me ver, o que faz de você uma bruxa.

- EU NÃO SOU BRUXA - ele se assusta. - E não faço a mínima ideia do porquê de eu poder te ver. Eu sempre vi espíritos, desde pequena, mas era pouco, depois de um tempo foi ficando mais frequente e há uns meses vejo sempre. Eu não sei o porquê.

Ele ri debochado.

- Admita logo que você é uma bruxa nojenta.

- Você vai continuar com essa idiotice? - pergunto irritada. - Me deixe ir embora logo.

Vou até a porta e empurro-a sem resultado.

- Você está muito enganada se acha que eu vou te deixar sair.

Vejo novamente traços do incêndio.

- PARE COM ISSO - grito.

- JOHNSON, VOCÊ ESTÁ AÍ? - ouço a voz de Carlos.

- CARLOS? - grito.

Ele arromba a porta e a casa fica vazia novamente.

- Você está bem? - ele pergunta e sinto meu corpo ficar fraco. - JOHNSON, olhe para mim - mas sua imagem não demora a ficar turva.

...

"Está quente, sinto o suor escorrendo pelas minhas têmporas, procuro a saída do local mas não encontro"

Grito. De novo o incêndio...

- O que aconteceu? - meu pai pergunta e passa uma toalha molhada na minha testa.

The Curses of Schwarzwald Cursed Soul (myg) (CONCLUÍDA) [SENDO REPOSTADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora