Me carinha as costas. Teu sorriso de cansaço é tão bonita do mundo. Não sei onde começam meus braços, nem onde começam os teus. O mesmo calor que me amortece as pernas é o frio que me arrepia os braços. Chega mais perto, fica junto de mim. A cama é grande. Deixa minha solidão dormir ao nosso lado, abraçada com a tua: sei que posso tocá-la, mas não preciso: me bastas.
Ri da minha cara, brinca com o meu nariz. Me abraça. Faz frio aqui dentro: me esquenta. Deixa eu sentir teu peito nas minhas costas, teu braço entre meus seios. Deixa eu sentir as pontas dos teus dedos pintando meu rosto de uma felicidade que só tu me poderias oferecer. Escolhe as cores. Escolhe uma música pra ser nossa. Canta. Baixinho. Sussurra já que és canção.
Desliga o celular, apaga a luz. Tua energia é mais forte e mais brilhante. O teu azul não é mar revolto: é céu de inverno. Enrosca teus pés nos meus, me beija de leve o pescoço. Não me deixa tentar entender porque eu não quero conseguir. Faz piada, deixa meu sorriso se espalhar.
Me beija a boca com paixão e a pálpebra com ternura. Deixa o dia nascer, deixa o sol se pôr. Deixa o mundo. Só não me deixa.
Perde teu tempo pra me ganhar. Me abraça a cintura e deixa meus dedos se perderem nos teus cabelos. Escuta meu coração batendo leve, porque tua suavidade me encanta. Beija minha barriga, morde minha orelha, coloca a mão no meu pescoço. Me arrepia, me faz careta.
Dorme e me deixa com a paz do teu sono. Me deixa ser teu sonho. Deixa eu me perder nos teus olhos fechados, deixa eu te invadir. Deixa eu sorrir e sentir pena de tudo que há do outro lado da porta e não pode te ver.
Me acoberta com o jeito de viver o amor por uma hora, um dia ou uma vida inteira. E só não é mais eterno do que o toque da tua pele na minha que fervem a alma e congelam o tempo.
Não levanta, não vai. Deixa eu fazer manha, ser tua manhã. Deita, deita. Fica que eu já volto. Deixa as roupas no chão, não arruma a cama. Me abraça. Me carinha as costas. Sente o nosso cheiro: o café ficou pronto.