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Mais um corpo foi encontrado. Já é o quarto só esse mês. Mais uma pessoa da classe alta foi assassinada sem que seu assassino deixasse qualquer pista, sem deixar qualquer rastro de quem ele é, ou de como encontrá-lo.

- O que diremos a imprensa dessa vez, Daniel? - pergunto ao meu parceiro.

- Podemos dizer que foi uma tentativa falha de roubo.

- Já dissemos da primeira e da terceira vez. – digo massageando minha cabeça, sentindo uma dor latejante se aproximando. – Essas pessoas são famosas Dani, são pessoas que a sociedade conhece como bem feitores. E essas pessoas estão simplesmente sendo assassinadas a troco de nada. Já faz meses desde a primeira morte, e desde então não conseguimos respostas, as pessoas estão furiosas conosco. E agora esse assassino volta a atacar.

- Como tem tanta certeza de que é um homem e não uma mulher? – pergunta Daniel

- Você acha mesmo que uma mulher teria força para matar esses homens? A não ser que ela seja enorme e tenha feito anos de artes marciais. Uma mulher comum não conseguiria derrubar esses caras facilmente, e olhe, não há marcas de luta pelas cenas de crime em que já estivemos.

- Tem razão.

Minha cabeça começa a doer um pouco mais, esses casos misteriosos e sem qualquer resposta estão acabando comigo. Há mais ou menos sete meses atrás, recebemos um chamado de alerta, onde um dos doadores de uma instituição para pessoas deficientes havia sido morto. Eu juntamente da minha equipe de pericia fomos até o local. O Sr. Madox foi morto em sua própria casa, mas o seu assassino deixou tudo limpo demais, nenhuma digital, não apareceu nas câmeras de segurança, como se nunca tivesse entrado na casa, foi como um fantasma, e nós até poderíamos tratar a morte do Sr. Madox, como uma morte natural, se não fosse pelas marcas de bala espalhada pelo seu peitoral. Investigamos a cena do crime por semanas, e precisávamos entregar os relatórios e dar as respostas que a imprensa tanto queria, mas ainda não tínhamos nada. Então apenas alegamos que a morte do Sr. Madox foi uma tentativa de roubo em sua casa que não deu certo, e pelos bandidos estarem assustados, acabaram matando o Sr. Madox e fugindo da cena do crime sem levar nada. E estava "tudo bem" até o maldito assassino aparecer novamente, e dessa vez não matou apenas uma pessoa, mas sim quatro. E seguimos sem respostas. Seja quem for, ele age como um fantasma, e estuda suas vitimas antes de atacar. Ele é cauteloso e muito paciente, não se importa de esperar pra poder cometer seus crimes com êxito, caso contrário não teria esperado por sete meses. E isso é tudo que eu sei dele.

- Kira, você está bem? – ouço Daniel falar comigo, me tirando de meus pensamentos. – Você está ficando meio pálida.

- Ah, é essa dor de cabeça que vai e volta.

- Você deveria ir pra casa descansar, faz dias que não dorme e essas suas olheiras estão horríveis.

- Você também não dorme a dias. – digo o encarando.

- Eu tenho glamour próprio, meu bem. – ele diz passando a mão por seus cabelos louros.

Daniel é a primeira pessoa que eu conheço que cursou fotografia apenas para ser perito criminal, levando em consideração seu jeito, ninguém diz que essa é a profissão dele. As pessoas geralmente acham que ele é modelo, ou um fotógrafo de eventos. Mas quando ele diz que é perito criminal as pessoas o olham incrédulo e dizem "mas você não é gay?" e as respostas dele são as melhores, ele simplesmente diz "e desde quando gay tem profissão certa meu bem? Se eu quisesse ser uma sereia eu seria uma bem linda também"

- Vamos terminar aqui logo e ir embora. – eu digo me levantando da cadeira de onde eu havia me sentado.

- Collins. – ouço meu superior falar comigo em um tom não muito amigável. – Quero um relatório na minha mesa hoje até o final do expediente!

- Senhor, perdão mas... Exatamente do que o senhor quer relatório, estamos no escuro ainda. E..

- Eu lhe perguntei alguma coisa? – ele me interrompe.

- Não, senhor. – digo.

- O que eu lhe pedi?

- Um relatório, senhor. – digo ainda firme.

- E o que você deve fazer, detetive Collins?

- Um relatório, senhor. Perdão senhor. – digo calma, mas por dentro estou queimando de ódio. Quem ele pensa que é pra falar assim com os outros? A é, lembrei... é meu superior.

- Até... – ele prossegue

- Até o final do expediente, senhor. - completo

- Ótimo, isso é tudo. – ele diz virando as costas.

- Uau, ele é tão gato. Mas o que tem de gato tem de chaaaaaato. Ou seja, ele é muito chato. – Daniel diz ao meu lado me fazendo dar risada.

- O que exatamente esse desgraçado quer em um relatório? Que eu desenhe os vários nadas que conseguimos hoje? – digo esfregando minhas mãos em minha cabeça.

- Sinto muito querida, acho que no fundo, ele confia em você, por isso te escolhe para fazer os trabalhos difíceis.

- Daniel, participar de autópsias é difícil, ver um corpo em decomposição é difícil. ISSO AQUI É IMPOSSÍVEL DANIEL. – digo quase chorando de desespero – O que eu posso escrever nesse maldito relatório?

- Forças querida. – meu parceiro/ talvez nem tão melhor amigo assim, me diz dando tapinhas no meu ombro e indo embora.

Volto para o laboratório e me sento em minha mesa, com a pasta do relatório aberta em meu notebook, ainda estou olhando pro cursor que não para de piscar na tela esperando para digitar as palavras. Ainda frustrada eu me jogo sobre a mesa resmungando baixinho.

- Falar é fácil, quero ver vim fazer no meu lugar. "Quero um relatório até o final do expediente." – digo imitando meu superior com ódio na voz. – Desgraçado. – praguejo, ainda olhando pro computador.

Depois de longas horas encarando a tela em branco eu descrevo os detalhes do dia e de todos os acontecimento. De como estava a casa do Sr. Madox quando entramos, pela procura de algo que estivesse faltando, caso se tratasse de um roubo, o que todos sabíamos que não era. Sabíamos que o fantasma de nossos pesadelos tinha voltado. 

MY BAD KILLER (HIATUS)Where stories live. Discover now