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Desperto novamente, e dessa vez estou em um quarto de paredes num tom amarelo bem claro, quase branco. Olho para o lado e vejo uma mesinha cheia de flores, de todos os tipos e alguns balões de gás que flutuam até o teto.

Uma janela grande com uma cortina leve branca se encontra atrás dessa mesa, fazendo o ambiente ficar mais agradável. E pela claridade, vejo que ainda é dia.

Pelo meu corpo, á alguns fios monitorando meus batimentos cardíacos, e no meu braço vejo um pequeno caninho de silicone que vai até uma pequena bolsa de sangue e outra de soro, essa de soro está conectada no outro braço.

Sinto cada célula do meu corpo doer, cada pedacinho parece que foi arrancado e pisoteado por uma manada de búfalos, até mesmo os fios de cabelo doem.

- Graças a Deus você acordou. – Daniel diz entrando na sala com os olhos vermelhos e inchados. – Você está bem, querida? Por favor, me diga que está bem, eu não posso mais aguentar te ver mal. – ele diz pegando devagar na minha mão.

- Estou bem, Dani. – digo com dificuldade e completamente rouca. – Estou com sede. – digo por fim.

- Vou pegar água pra você, querida. Eu já volto.

Assinto com a cabeça, enquanto ele sai pela porta.

Tento me lembrar de qualquer coisa, mas nada me vem a cabeça, sinto que algo de importante me aconteceu, pois me sinto emocionada e a flor da pele, mas não lembro de nada.

Alguns minutos depois a porta se abre, e espero ver Daniel com minha água, mas a figura que vejo não é nem perto de se parecer com Daniel. É Greyson.

- Ei. – ele diz entrando um tanto retraído no quarto. – Finalmente você acordou. Você estava começando a me deixar preocupado. – ele ri fraco.

- Como soube que eu estava aqui? Do acidente, quero dizer. – digo me esforçando.

- Estava te procurando no seu laboratório na semana passada, e me contaram o que tinha acontecido.

- Na semana passada? Como assim? Eu sofri o acidente ontem.

- Kira, você estava inconsciente a 10 dias. E a 3 dias atrás teve uma parada cardíaca. Desde então, você esta aqui nesse quarto em observação.

- O que exatamente aconteceu?

- Você não se lembra?

- Me lembro apenas do acidente em si, mas, o porque eu sofri, eu não sei.

- Bom... – quando ele ia contar a história, Daniel apareceu no quarto com 5 garrafas d'água.

- Greyson, oque faz aqui? – ele perguntou desconfiado. – Ou melhor dizendo: como, conseguiu entrar aqui?

- Tenho meus contatos nesse hospital, meu amigo, é enfermeiro, me deixou entrar para ver Kira, desde que fosse rápido.

- Acho que você deve ir agora, não é mesmo? –Daniel diz, como se expulsasse educadamente Greyson dali.

Conheço muito bem Daniel, e esse modo dele, era o de proteção, como quando uma mãe leoa protege seus filhotes, algo deve ter acontecido entre eles dois para Daniel ter tido uma reação dessas tão de repente contra Greyson.

- Claro. – Greyson diz. – Eu só quis ver se Kira estava bem. Já estou indo. – Greyson vem até onde estou deitada o que faz com que Daniel fique levemente ansioso ou nervoso, ou os dois. Greyson deposita um singelo beijo em minha testa e afaga levemente meus cabelos. – Até mais Kira. Fica bem logo.

E assim ele sai do quarto me deixando a sós com Daniel.

- Aqui está sua água, querida. – ele diz já mais relaxado. Põe em um copo e um canudo para me ajudar a beber o líquido. – Trouxe várias, o médico disse que é bom para você se hidratar.

- Obrigada, Dani. – ele se senta a uma poltrona ao meu lado da cama, segura uma de minhas mãos e chora baixinho. – Hey, oque foi?

- Pensei que te perderia, Kira. Pensei seriamente que te perderia. – ele diz soluçando. – Você não tem ideia do quanto eu temi.

- Dani, estou aqui agora, está tudo bem. Eu estou bem, estou viva. – digo também chorando.

- Quando eu recebi a noticia de que você tinha sofrido o acidente eu quase morri, Kira. E quase morri duas vezes quando descobri que você estava tendo uma parada cardíaca. – ele diz respirando fundo. – Porra, tem ideia do medo que eu senti? Nenhum filme de terror pode se comparar ao medo que eu senti. Você é tudo pra mim, Kira. Antes de Dave, eu só tinha você. Você e Dave hoje, são absolutamente tudo que eu tenho, não posso perder nenhum de vocês dois.

- Querido. – digo imitando o jeito carinhoso com que ele me chama. – Você nunca vai perder nem a mim nem a Dave. Estaremos sempre com você, mesmo que você não queira. Somos como um milagre.

- Ou uma maldição. – ele diz rindo me fazendo rir também.

- Ai. – digo sentindo dores. – Não me faça rir que tudo dói.

- Mas sabe, pelo menos você está bem, agora o cara que bateu em você, não teve a mesma sorte...

- Alguém bateu em mim com o carro?

- Sim querida. Você não se lembra? – eu nego com a cabeça. – Bom, algumas pessoas diziam que você estava bêbada ao volante, outras dizem que você estava perseguindo alguém, e quando fizeram a investigação no seu prédio, disseram que realmente você estava perseguindo um homem e que até atirou contra ele.

Tento me lembrar de algo assim, mas minha memória esta completamente perdida.

- Mas, como eu dizia, você está viva, já o cara...

- Ele morreu no acidente? – digo me sentindo culpada.

- Que nada, o desgraçado saiu do carro dele apenas com um braço quebrado e o nariz sangrando, estava completamente chapado, tanto é que quando tiraram ele do carro, ele saiu caçoando do acidente.

- Então como você diz que ele não teve a mesma sorte que eu?

- Ele foi assassinado um dia depois de ter saído do hospital. A coisa foi feia, Kiki. – Daniel diz suspirando. – Parece que quem o matou tinha um certo ódio. O corpo estava todo desfigurado, havia partes humanas pra todo lado.

- Tudo bem, tudo bem. Estou meia sensível no momento, vamos evitar os detalhes. Me fale sobre o que aconteceu quando eu estava apagada. – digo tomando mais água enquanto Daniel me atualizava de tudo.

MY BAD KILLER (HIATUS)Where stories live. Discover now