•─── Primeira Vez Que Te Vi ───•
A razão de eu ter pensado nessa analogia é porque foi por causa de palavras e regras chatas de português que nosso conflito começou.
Eu sempre foi muito metódica, perfeccionista e ambiciosa.
Ele sempre foi muito desorganizado, desleixado e ambicioso.
Nós éramos diferentes em tudo. Tudo mesmo.
Menos nisso.
Nesse pequeno e cruel detalhe.
Nós não desistimos por nada. Queremos muito, e queremos grande.
A intensidade tem mais porcentagem na composição de nossos corpos do que átomos e eu sabia disso quando o vi sair daquele elevador, no terno amassado e gravata mal amarrada. Meus dedos coçaram para arrumar sua roupa, mas sua bagunça era tão charmosa que meus olhos se contentaram em observar.
Ele tinha um papel em mãos e um semblante determinado.
Seu sorriso me alcançou antes de seu olhar sagaz, e eu não pude me conter.
Borboletas flutuaram no meu estômago quando ele piscou pra mim.
Ele se aproximou e colocou o papel sobre o balcão da recepção, se dirigindo a secretária:
-Estou procurando Roberta Moraes.
A loira levantou os olhos da tela do computador.
-Meu nome é Alice, e sou a recepcionista. A senhorita Moraes se encontra em reunião, você gostaria de marcar horário?
Ele abriu um sorriso de superioridade.
-Eu já tenho um horário - disse ele, indicando o papel sobre o balcão com o olhar.
A recepcionista ajeitou o óculos e deu uma olhada no papel, enquanto ele se apoiava no balcão de maneira sexy e despreocupada.
-Você está uma hora atrasado, senhor....?
-Adams. Daniel Adams, muito prazer. - falou rapidamente, se aproximando mais e apoiando os cotovelos no balcão - Veja bem, Alice, nós dois sabemos que eu não preciso desse lance de horário. A qualquer hora que eu chegar aqui ela vai me receber, sabe por quê?
A mulher ergueu as sobrancelhas pra ele.
-Porque ela precisa de mim. Então se você puder só esquecer essa baboseira de burocracia e liberar minha entrada por favor...
Sua voz era arrogante mas a mulher apenas revirou os olhos e empurrou o papel em sua direção.
-Assim que conseguir marcar um novo horário pode voltar, muito obrigada e tenha uma boa tarde.
E assim ela voltou a digitar desinteressada em seu teclado. Daniel passou as mãos pelos fios desengrenhados, bufando.
Pelo menos cinquenta porcento da minha atenção na conversa foi perdida quando ele disse seu nome.
D a n i e l A d a m s
Um nome ridiculamente bonito. Como ele.
O que mais me impressionou sobre tudo isso foi que ela não se afetou com sua aparência. Eu não sei se conseguiria dispensar Daniel de cara da maneira como ela fez, então só deviam haver duas opções: ou ela era cega ou eu já estava na dele.
E pelo fato do meu café ter esfriado enquanto os observava (e eu amo muito meu café com baunilha) com certeza era a segunda.
Mas ele não desistiu por aí. Ninguém podia impedir Daniel de ter o que quer.
Daniel escaneou o lugar com os olhos, e ao avistar a placa dourada na porta com o nome de Roberta abriu um sorriso arrogante. Colocando o papel no bolso ele atravessou o lugar em direção a sala da chefe. Ele simplesmente abriu a porta e entrou lá, se jogando na cadeira de mogno branco. A recepcionista arregalou os olhos e bateu o salto fino no piso indo em passos furiosos na direção dele.
Eu não conseguia ouvir a discussão da minha mesa, mas ela parecia exasperada. Enquanto isso, Daniel parecia completamente relaxado.
Ele não estava nem aí se ela chamasse a droga da polícia.
Era fascinante.
Parecendo perder o controle, Alice pegou o telefone, provavelmente para chamar os seguranças, mas antes que ela pudesse fazer qualquer movimento Roberta adentrou a sala.
Minha chefe era uma mulher alta, muito bela, no auge de seus 45 anos, de cabelos loiros curtos e terninho social.
Ela apoiou uma das mãos no quadril e outra na testa, e como o escritório inteiro calou-se ao vê-la, consegui ouvir quando ela disse:
-Não há necessidade disso, Alice. Pode voltar ao seu trabalho, eu cuido desse assunto.
A recepcionista franziu o cenho em confusão, sem entender porque Roberta havia aceitado o intruso no escritório, mas por fim virou-se e saiu, deixando minha nova paixão com um sorriso zombeteiro no rosto.
Roberta virou-se, o semblante cansado decorando o rosto bonito, e fechou a porta me privando de saber o que aconteceu em seguida.
Quando eu me dei conta de todo o tempo que havia gastado com sua entrada triunfante eu ajeitei meu óculos e voltei a trabalhar, jogando meu café e minha concentração no lixo.
Daniel Adams agora era o foco de toda a minha atenção.
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Todas as histórias precisam de um evento que abale a tranquilidade. Que mude o curso das coisas. Daniel foi o meu.
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Antônimos
RomanceAurora tem um sonho. Ela almejou ser escritora e editora no mesmo momento em que aprendeu o que era escrever e, desde então, nada a parou. Apesar de sua timidez ela carrega consigo o bom humor e a determinação do pai que a ensinou a nunca desistir...