Capítulo 35

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Como a natureza é exuberante, ela pode nos acalmar completamente. As vezes estamos tão ocupados com nossos afazeres que não prestamos atenção na beleza a nossa volta. Violet e Bruna estão sentadas no chão, admirando o pôr do sol. Que nos aquece e nos trouxe a mais bela flor para alegrar nossos dias. Que nos surpreende com uma chegada triunfal e com a sua humildade ao se pôr para dar a Lua o seu lugar. Podemos entender os girassóis, todos queremos seguir uma luz tão maravilhosa, que transmite o verdadeiro poder de Deus.

─ Uau, nunca vi um pôr do Sol tão magnífico! ─ disse Violet.

─ Como descobriu esse lugar? ─ Perguntou Bruna.

─ Simon, é o lugar preferido dele.

─ É claro, Simon conhece cada detalhe dessa fazenda. Ele ama esse lugar.

─ Posso entendê-lo.

─ Estou começando a entender, tenho medo de me apaixonar por esse lugar e esquecer meus sonhos. ─ Confessa minha irmã.

─ Eu amo essa fazenda e sigo meus sonhos. É bom ter um lugar que amamos para voltar. Um porto seguro, um lugar para acalmar nossos anseios! ─ exclamou Bruna, puxando a grama do chão.

─ Preciso de um tempo só para mim, para me reencontrar. Como aconteceu com você, Solana!

Eu afirmei com a cabeça.

─ Tudo no seu tempo, Vih. Com calma, você vai encontrar o seu caminho e quem sabe um amor. ─ Bruna a empurrou levemente com o ombro.

─ Taylan Resker! ─ Resmungo, tirando um riso extravagante da Bruna.

─ Oh, ele não! Acho que Taylan tem os seus problemas para resolver. Um garoto cheio de complicações na sua vida.

─ Taylan tem a escolha de se casar ou não! Tudo depende dele.

─ Não é tão simples como aparenta. ─ retorquiu Violet.

─ Parece que o pai do Taylan está endividado. A fazenda Luiziana, está indo a Leilão; ─ Conta-me Bruna. ─ Eles podem perder tudo, Solana. Os Luizianas estão na fazenda vizinha a décadas. Um casamento milionário é o que pode salvá-los. Taylan está sentindo o peso dessa responsabilidade. Mesmo ele gostando da Violet, não pode fazer outra escolha.

─ Droga, eu sinto muito, Violeta. Sinto muito mesmo!

─ Tudo bem Summer, não se preocupe. É totalmente impossível largar um sapo e encontrar um príncipe em seguida. Não tenho tanta sorte.

Suspirei, minha irmã merece ser feliz. E espero que ela encontre a sua felicidade logo. Que assim como eu, um amor chegue a surpreendendo.

─ Devemos descer… Logo estará totalmente escuro.

─ Concordo, Simon deve estar desesperado a sua procura. ─ Diz Violet, levantando-se do chão.

─ O meu dia foi produtivo; ─ argumentou Bruna, ainda com o olhar preso no horizonte. ─ Vamos voltar para casa, todos podem estar preocupados. Estamos horas perambulando por essa fazenda, estou muito cansada.

─ Certo! ─ Digo, pronta para começar a descer a colina íngreme e escorregadia.

❁ ❁ ❁

A brisa estava fria, me fazendo estremecer. Um clima estranho para o calor de Minas Gerais. Até mesmo Bruna argumentou do clima frio nessa época do ano. O bosque estava silencioso e não se ouvia o cantarolar lento dos grilos. Violet estremeceu ao meu lado.

─ Que clima tenso; ─ segurou na minha mão. ─ Nunca ouvi um bosque tão silencioso.

─ Geralmente não é assim; ─ rebate Bruna, observando ao redor. ─ A árvores cantam com os ventos, os sons noturnos entram em sintonia, formando uma orquestra perfeita. Estou com um péssimo pressentimento.

Um calafrio percorreu a minha espinha, meu caminhar ficou mais lento e uma vontade de não continuar a seguir a trilha me dominou. Então, parei, fiquei mortificada no caminho.

─ Sol, está tudo bem?

─ Droga, está muito escuro. Violet ilumine o caminho com a lanterna do seu celular. O meu acabou a bateria.

Violet ligou a lanterna, clareando a trilha que seguimos.

─ Eu estou bem, só um essa sensação de medo me dominou.

─ Temos que voltar logo, não podemos demorar. Está muito escuro. ─ aconselha Bruna, segurando na minha mão para me puxar, mas não consigo mover um músculo.

─ Solana, qual é o problema?

─ Eu-eu, não sei. Só sinto uma vontade de voltar para a colina. De não voltar para a Mansão.

─ Você ficou louca? É impossível subir aquela colina nesta escuridão. Devemos voltar para a casa.

─ Sol, a Bruna tem razão são oito horas da noite. Devemos voltar…

─ Está certo, eu só preciso de alguns minutos.

Não consigo entender essa vontade de encontrar coragem, de seguir em frente. Como se nada estivesse me esperando na Mansão. Como se tudo que eu precisasse estivesse naquela colina, me esperando.

─ Irmã, por favor. Eu estou ficando apavorada.

Os olhos da Violet estava arregalados, até mesmo a Bruna está assustada com minha reação. Engolindo em seco, encontrando uma força que não posso descrever, dou mais um passo e depois outro…
E outro…
E outro…
Caminhando rapidamente, até sair da trilha e presenciar uma aglomeração de pessoas e carros de polícia na frente da Mansão. Eu não sei como consegui seguir adiante, mas quando nos aproximamos… Oh não! Dona Germana estava sendo amparada por policiais e Otávio estava inconsolável, Fabiano também estava presente, com lágrimas nos olhos. Por que todos estão chorando? Por que a minha avó está em prantos e não sinto meu coração pulsar ou meu corpo aquecer? Onde foi parar o calor, a alegria, os sorrisos? Onde ele está?

─ O que aconteceu? ─ Grito. ─ O QUE ACONTECEU?

─ Solana; ─ minha mãe aproximou-se. ─ Aconteceu um acidente na estrada, envolvendo a picape do seu pai.

─ Simon? Onde ele está?

Agora faz sentido! O silêncio, tudo estava silencioso porque a verdadeira alegria dessa fazenda se foi… Não, não posso acreditar.

─ O acidente foi grave, o seu pai e o Simon estão a caminho de um hospital.

Cubro meu rosto com a mãos, para explodir em lágrimas. De novo, de novo, está acontecendo de novo…

─ Sol, me escute; ─ Fabiano, segurou com firmeza em meus ombros. ─ Simon e o Sérgio precisam de você, precisam da sua força. Esse não é o momento para deixar o medo vencer. Eles precisam da garota forte. Por favor, não os abandone agora.

─ E se eles me abandonar? E se eu ficar sozinha novamente? O amor machuca, eu não deveria sentir. Eu deveria ter me mantido longe. Protegida, longe e…

─ Infeliz; ─ Interrompeu Dona Germana, entre os soluços do seu choro. ─ Chegou a hora de colocar em prática todos os princípios que aprendeu com o Simon. Solana, precisamos de você.

Eu não estava convencida, por um instante achei que era apenas um pesadelo. Mas quando ligamos a televisão, e o noticiário local passava as informações do grave acidente, envolvendo vários carros e um caminhão que transportava madeira. Eu soube, meu Simon estava em estado grave na UTI, meu pai foi direto para uma sala de cirurgia. E todos fomos o mais rápido possível para o hospital.




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