VI. EM QUEM VOCÊ CONFIA? - Parte I

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Já passava das três da manhã, quando o pesadelo aconteceu. Ou começou a acontecer. A boate ainda estava lotada e ninguém dava a impressão de que sairia dali tão cedo. Adam e Chris estavam bêbados, então Thomas foi obrigado a suspender a bebida e encarregado de levar o carro para casa. Lola, Nina e Lizzie estavam exaustas e um pouco enjoadas por causa dos drinks. Sentaram-se em uma mesa, esperando os meninos decidirem ir embora. Lizzie pediu uma garrafa de água ao garçom e quando ele se retirou, acompanhou-o com os olhos até se deparar com um Dimitri bastante preocupado. Zoe estava sentada ao seu lado e tentava tirar um copo de conteúdo laranja da mão dele. Dimitri falava com ela, tirando o drink de seu alcance, e Zoe não parecia gostar. Então, sussurrou algo em seu ouvido, deixou o copo em cima do balcão e se encaminhou até a mesa onde estavam. Lizzie tentou disfarçar que estava encarando a cena aquele tempo todo, mas ele nem reparou.

- Vou deixar a Zoe em casa. Vocês querem ir comigo ou preferem que eu passe aqui depois para pegar vocês?

- Ah...

Duas imagens passaram pela cabeça de Lizzie em questões de segundos. Uma era a de Zoe, bêbada com Dimitri dentro do carro, sozinhos. E a outra era ela no banco de trás com Lola e Nina, sendo obrigada a observar uma Zoe bêbada falando o tempo inteiro. Nenhuma das cenas a agradava, mas estupidamente, tomou a pior decisão.

- Está tudo bem. Pode passar aqui para nos pegar depois. Quando estiver chegando, manda uma mensagem de texto e vamos lá para fora.

- Beleza. - ele se virou, mas Lizzie segurou sua mão e levantou da mesa para que a ouvisse perfeitamente, através da música e todas as pessoas falando ali dentro.

- Toma bastante cuidado com essa aí. - ergueu as sobrancelhas. - Ela é muito legal e tudo mais, mas não confio nela.

- Ei, relaxa, ok? Sabe muito bem que eu amo a Sophie. - ele segurou seus ombros e a olhou. - Não tem motivo pra se preocupar. Confia em mim.

- Eu confio em você. É nela que não confio. Agora anda logo, antes que ela desmaie em cima do balcão.

Ele caminhou até Zoe e a pegou pelo braço, levando-a até o carro. Seu corpo estava mole e ela estava tendo um pouco de dificuldade para andar e se equilibrar naqueles saltos, mas finalmente conseguiu entrar no veículo. Ele fechou o cinto de segurança nela e deu a volta no carro. As ruas estavam mais movimentadas perto do centro, mas depois de alguns minutos, Dimitri estacionou em frente à casa dela. Zoe já estava adormecida no banco ao seu lado. Cuidadosa e delicadamente, ele encostou em seu ombro e a balançou. Atordoada, ela abriu os olhos e se virou para ele, tentando identificar onde estava exatamente.

- Já chegamos. Precisa de ajuda para entrar?

- Ah... Não, tudo bem. Deixa só eu pegar minha... Ai, droga! - ela se abaixou para pegar as chaves que caíram no tapete. - Estou bem, de verdade.

- Vamos lá, vou te ajudar.

Ele soltou o cinto e deu a volta para ajudá-la a sair. Zoe se apoiou em seu ombro até a porta de casa. Depois de finalmente conseguir encaixar a chave na fechadura, Dimitri não achou que fosse precisar mais de sua assistência. Mas antes que pudesse se despedir, Zoe jogou os braços ao redor de seu pescoço e se aproximou. Ela estava muito perto e se não estivesse apaixonado, provavelmente deixaria que ela fizesse o que estava planejando. Mas não era o caso.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, Zoe chegou ainda mais perto. Seu rosto estava agora a centímetros do seu. Ele podia sentir o cheiro de álcool em sua respiração. Ela balbuciava algo incompreensível e Dimitri não conseguia pensar em como diria aquilo. Mas devia tomar uma providência urgente. Gentilmente, procurou as mãos dela atrás de seu pescoço e as trouxe para frente. Zoe não pareceu entender o gesto, já que tentou abraçá-lo mais uma vez. Continuava falando com ele, mas suas palavras saíam pela metade e embaralhadas umas nas outras.

Em Quem Você Confia? [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora