Em Quem Você Confia? [COMPLETA]

III. BONJOUR, PARIS!

Dimitri levantou mais cedo para poder buscar Max no aeroporto. O rapaz viria no vôo das oito horas e como Dim tinha sido eleito pelos outros para ser o motorista da vez, não teve muito que pudesse fazer. Depois de tomar banho e se agasalhar, desceu e encontrou a mesa posta, com tudo de mais delicioso no mundo, inclusive um café quentinho. Rosa, a cozinheira, era praticamente da família, já que trabalhava na casa de Dim desde que ele era bem pequeno. Sempre tomava conta do menino quando o pai ficava até tarde enrolado no trabalho. Com Alice em casa a maior parte do tempo, Rosa quase nunca aparecia por lá.

- Bom dia, Rosa. Como você está? - ele foi até a mulher que estava em frente à pia, esvaziando algumas sacolas de supermercado e a abraçou.

- Olá, querido. Estou bem. O que aconteceu? Por que está de pé tão cedo?

Ele se serviu de uma xícara bem generosa de café e um pedaço de bolo de banana que tinha acabado de sair do forno.

- Vou buscar o Max no aeroporto. Ele vem passar uns dias aqui para nos ajudar a gravar o CD. E como sempre, sobrou para mim.

Ela riu. Era sempre tão agradável conversar com Rosa.

- Bom, eu vou nessa, senão chego tarde e o Max vai reclamar o dia inteiro. - Dimitri deu um beijo no rosto dela, pegou suas chaves em cima da mesa e se dirigiu até a garagem. Chegando ao aeroporto, mandou uma mensagem de texto para o amigo, avisando-o que estava aguardando no estacionamento, pois não estava a fim de encarar fotógrafos, fãs ou qualquer coisa do tipo naquele momento. Era incrível como o aeroporto era uma espécie de acampamento para os papparazzis que estavam sempre ali, esperando a chegada surpresa de algum astro do cinema. Até mesmo em Colchester, ele corria esse risco. Max levou uns vinte minutos para aparecer, com a desculpa de que o pouso tinha atrasado, por conta de alguma baboseira qualquer sobre o clima. Guardou as malas, tantas que davam a simples impressão de que tinha acabado de se mudar e se sentou no banco do carona, esbaforido pelo esforço que tinha feito para empilhá-las no carro. Depois de se recompor, deu um abraço de esmagar os ossos no amigo.

- Meu camarada, quanto tempo! Olha só para você, como está gato. O que está rolando, alguma garota, é? E onde estão aqueles desgraçados que não vieram me buscar? O que eles estão pensando da vida? - ele olhou para o banco de trás apenas por encenação, porque já tinha visto que não havia mais ninguém no carro além deles dois.

- Ficaram em casa, dormindo. Acredite se quiser.

- Nenhuma novidade. - ele deu de ombros. - Mas me conta... Que história é essa de "casa cheia"?

Dimitri deu a partida no carro e manobrou.

- Pois é. A sobrinha da Alice está lá em casa com mais três amigas. Uma delas, é minha namorada agora. Estão passando férias, mas ninguém sabe ao certo quanto tempo vão durar. Elas são legais. Vão gostar de você de cara, espera pra ver.

- Uau! Calma. Uma coisa de cada vez, estou tentando assimilar a primeira informação ainda. Namorada? Como eu só fico sabendo disso agora? E claro que vão gostar de mim. Vão bater os olhos e... BAM! Já era.

- E eu achava que não tinha como você ficar ainda mais convencido. - Dimitri revirou os olhos, enquanto saía do estacionamento. Estava um frio de rachar e a neblina estava muito forte, dificultando a visão dos sinais e das ruas. Mesmo acostumado com dias assim, Dim diminuiu a velocidade. Até chegar em casa, a conversa foi longa. Bem longa. Max queria saber de todas as novidades, estar atualizado em cada pequeno detalhe, para não ficar desorientado na hora que alguém puxasse uma conversa da qual não estivesse a par. Dimitri se esforçou para resumir tudo e o amigo pareceu satisfeito.