- Achas que estou bem assim?- pergunto à Luísa, ao mesmo tempo que me olho ao espelho (mais uma vez).
- Pela milésima vez, sim. Estás ótima. E também isto é um simples jantar... porque é que estás tão nervosa?
- Não é um simples jantar. É um jantar com o Rúben e com a família. Tenho de estar minimamente bem.- Explico, e ouço uma gargalhada da parte da minha prima.
- Nós não somos namorados... temos uma relação especial, só isso.- Ela imita a minha voz, num tom trocista, fazendo-me revirar os olhos.- Mafalda, tu estás ótima. Acredita em mim.
Sorrio e olho para a minha mão. Não me canso de apreciar o anel que o Rúben me ofereceu. É tão bonito! É verdade que eu desenho e faço jóias, mas nunca tive o hábito de usar criações minhas. Gosto de fazer as jóias para outras pessoas as usarem e faço-as ao estilo que os clientes pretendem. Quando se trata de mim, gosto de comprar acessórios mais simplistas. E este anel, com toda a sua simplicidade, é magnífico. Não tenho dúvidas de que o Rúben sempre me conheceu melhor do que ninguém, e continua a conhecer.
- Bom... então acho que está na hora de ir. Combinei com o Rúben estar na casa dos pais dele daqui a quinze minutos. - Visto um casaco e pego na minha bolsa, saindo de seguida do meu quarto, juntamente com a Luísa. Ambas nos dirigimos para a sala, onde os nossos pais se encontram todos a conversar.- Têm a certeza que não se importam que eu não jante convosco?
- Claro que não, filha.- A minha mãe tranquiliza-me.- Estiveste praticamente todo o dia connosco, o Rúben também tem direito a passar um bocadinho do Natal contigo.
- Vá... então até logo.- Saio de casa e entro no meu carro, iniciando o curto caminho até casa dos pais do jogador da equipa encarnada.
Assim que chego ao meu destino, toco à campainha e em poucos instantes, é o Rúben quem me abre a porta, com um daqueles seus sorrisos irresistíveis.
- Ainda bem que vieste...- Ele diz antes de me puxar para um beijo rápido.- Anda.- Entrelaçamos as nossas mãos e sou conduzida até à cozinha, onde a sua mãe se encontra a ultimar os preparativos do jantar.
- Mafalda!- A dona Bernardete exclama, assim que me vê.- Estás tão bonita, minha querida!- Rio e ambas damos um pequeno abraço.
- Então? Como é que está? Há tanto tempo que já não nos víamos...
- Está tudo bem, graças a Deus. E deixa-me dizer-te que estou muito feliz por ti e pelo meu filho... sabes que o Rúben, ultimamente, tem andado nas nuvens!
- Mãe!- O moreno reprime a mais velha, fazendo-me rir pela sua expressão envergonhada.
- O que foi, filho? Até parece que disse alguma mentira... Mafalda, tu vê lá se me pões juízo na cabeça deste rapaz...
- Não se preocupe.- Respondo a sorrir.- Quer ajuda em alguma coisa?
- Não, filha. És convidada, não vieste aqui para trabalhar.
- Vamos para a sala. O meu irmão e o meu pai estão lá.- Ruben diz, pegando, de novo, na minha mão. Assim que nos encontramos nessa divisão da casa, cumprimento o pai e o irmão do jogador.
- Estás tão diferente, Mafalda! Para melhor, é claro!
- Obrigada, senhor João. Estou a ver que tenho de vir cá mais vezes... vocês deixam o meu ego bem lá em cima.- Respondo, provocando uma gargalhada geral.
- Deixa o senhor de lado, rapariga. Olha, já a minha mãe dizia... o senhor está no céu.- Rio e sento-me no sofá, juntamente com os três homens da casa.
- Tu nem imaginas, Mafalda... o Rúben esteve toda a tarde a decidir se vestia uma camisa, ou uma t-shirt... se optava por calças pretas ou calças de ganga...
- Já chega, puto!- O Rúben interrompe, fazendo-me gargalhar. Confesso que adoro vê-lo envergonhado.- Não ligues. A minha família uniu-se para me embaraçar.
Sempre adorei toda a família do Rúben. São pessoas fantásticas. São muito genuínas e acolhedoras. Antes de ir viver para Braga, quando vinha a esta casa sentia-me sempre como se estivesse em minha casa e, pelos vistos, isso não mudou.
- Então e as coisas lá em Braga? Como é que correram?- O pai do Rúben questiona.
- Correu tudo bem, felizmente. Gostei muito de viver lá. É uma cidade muito bonita... mas achei que estava na altura de voltar. Ganhei a minha independência, por isso, achei que fazia sentido regressar. Os meus pais continuam por lá, porque continuam a dar aulas na mesma escola. E tenho cada vez mais a certeza de que fiz a opção certa.- Afirmo, trocando sorrisos cúmplices com o Rúben.
Estivemos mais algum tempo a conversar, até que o Rúben quis que eu o acompanhasse até ao seu quarto. Pedido esse a que eu acedi. Assim que entro no quarto do moreno, lembro-me de imensos momentos que fazem parte de mim e do Rúben.
- Bem... este quarto continua completamente igual.- Comento, olhando em meu redor.
- Os meus pais nunca o quiseram alterar, apesar de eu já ter saído de casa. Eles dizem que este continua a ser o meu quarto... e eu confesso que gosto disso.
Dirijo-me à mesa de cabeceira colocada junto à cama e pego numa moldura branca que me chamou a atenção pela fotografia que ela continha.
- No dia em que fizeste 14 anos.- O Rúben profere, fazendo-me sorrir.- Faltamos às aulas e fomos para o Parque Eduardo VII comer gomas e chocolates.- Deixo escapar uma gargalhada e volto a colocar a fotografia no mesmo sítio. A minha respiração falha ao sentir o polegar do Rúben acariciar um dos lados do meu rosto, e ao dar conta da proximidade dos nossos corpos.- Foi nesse dia que eu percebi que estava realmente apaixonado por ti. E a partir daí... nunca mais me saíste da cabeça.- Sorrio e levo os meus lábios aos seus num beijo demorado e diria até um pouco intenso.
- Sabes uma coisa? Eu também estou completamente apaixonada por ti... e só te posso dizer que estou imensamente feliz por estarmos a reescrever a nossa história.
- Adoro-te. Adoro tudo o que me fazes sentir e adoro ter-te comigo!- Voltamos a juntar os nossos lábios, mas somos interrompidos pela voz da mãe do jogador.
- Venham para a mesa. O jantar está pronto.- A dona Bernardete avisa e ambos acedemos ao seu pedido. Dirigimo-nos para a sala e sentamo-nos à mesa nos lugares que nos eram destinados.
- Cheira muito bem e está com um aspeto ainda melhor.- Elogio o arroz de pato confecionado pela mãe do Rúben.
- É por estas e por outras que eu não venho jantar cá todos os dias. Caso contrário, ia a rebolar para os treinos.- O Rúben diz a rir.
Começamos a jantar e a conversa e as gargalhadas foram uma constante durante toda a refeição.
- Então e a passagem de ano? Já têm planos?- O pai do jogador benfiquista questiona.
- Pois... eu, provavelmente, irei a Braga. Os meus pais não podem ficar cá por causa das aulas e talvez eu passe lá com eles e depois volto para Lisboa.- Revelo os planos sobre os quais eu e os meus pais tínhamos conversado ao almoço.
- Vais para onde?- Ouço o Rúben questionar e encaro-o, estranhando a sua expressão demasiado séria.
- Ainda não tenho a certeza... mas como os meus pais não têm família nenhuma em Braga, acho que eu devia estar lá com eles no final do ano.
- Desculpem... eu tenho de ir à casa de banho. Já volto. - O Rúben ausenta-se da mesa e fico com a angustiante sensação de que algo não está bem.
Espero que tenham gostado!
Parece que esta possível ida da Mafalda a Braga vai revelar algumas fragilidades da parte do Rúben 😕
Até ao próximo capítulo!
Beijinhos ❤
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Eterno ||Rúben Dias||✔
Fanfictione·ter·no |é| (latim aeternus) adjectivo 1. Que não teve princípio nem há-de ter fim. 2. Que teve princípio mas não terá fim. 3. Que durará sempre. 4. Muito duradouro. 5. Inalterável; constante; enorme, desmedido.