A primeira coisa que me passa pela mente, assim que acordo, é o Rúben. E a discussão de ontem. Discussão essa que me deixou com muito do que a nossa relação se possa vir a tornar. Eu sei que a vida de um casal não passa apenas por momentos felizes, mas ontem eu consegui ver que o Rúben (ainda) não confia em mim. Aliás, ele não consegue confiar em mim. Já conversamos sobre este assunto, mas pelos vistos, não serviu de nada. Continua tudo igual ou ainda pior. Verifico o meu telemóvel e constato que não existe qualquer chamada ou mensagem do Rúben... como seria de esperar.
Faço toda a minha higiene pessoal e depois de me vestir, saio do quarto e dirijo-me para a cozinha, onde os meus padrinhos se encontram a tomar o pequeno-almoço.
- Bom dia.- Profiro, sentando-me numa das cadeiras.
- Bom dia... acordaste cedo... passa-se alguma coisa?- A minha madrinha pergunta.
- Não. Não tinha sono, só isso.
- De certeza? Essa carinha não engana ninguém...- O meu padrinho profere e exibo um sorriso fraco.
- Não se preocupem. Não se passa nada.
- Já sabes que podes contar com a nossa ajuda para tudo.- A mais velha diz e sorrio.
- Eu sei. Mas não há motivos para se preocuparem. Tudo se resolve.
Quando terminamos o pequeno-almoço, os meus padrinhos foram trabalhar e eu decidi ir a casa do Rúben. Não queria ser eu a dar este passo, porque eu não fiz nada para que ficássemos assim. Mas a verdade é que eu não consigo não fazer nada, sabendo que ele está chateado comigo.
Assim que chego à moradia do jogador, respiro fundo antes de tocar à campainha. E quando o faço, o meu coração começa a bater cada vez mais depressa. Em poucos segundos, a porta é aberta pelo moreno e engulo em seco ao deparar-me com o seu olhar tão frio e distante.
- Olá.- digo com a voz trémula.- Podemos falar?- Ele encolhe os ombros e cede-me a passagem para o interior da sua casa. Ambos nos dirigimos para a sala e ficamos alguns momentos em silêncio. Silêncio esse que se tornaca ensurdecedor.- Rúben, nós temos de falar sobre o que se passou ontem.
- Não sei o que é que há para falar... estavas mais interessada no bar em que estavas do que em mandar a porcaria de uma simples mensagem ao teu namorado... foi isso que aconteceu.
- Eu não estava mais interessada no bar do que em ti! O que aconteceu foi algo tão simples como o meu telemóvel estar em silêncio!
- Mas tu ligas-me sempre assim que os jogos acabam! Porque é que não fizeste isso ontem?!
- Rúben, eu estava no bar e perdi a noção do tempo. Quando olhei para as horas, o jogo já tinha terminado há algum tempo... assim que vi as tuas chamadas e mensagens, tentei logo falar contigo!
- Porque é que me disseste que ias ficar em casa?! Porque é que me mentiste?
- Eu não te menti! Os meus planos eram ficar em casa... mas a Luísa convenceu-me a ir com ela... Rúben, esta discussão não faz sentido nenhum.
- Caralho Mafalda! Eu estive horas a tentar falar contigo! Estava a ficar preocupado! E tu onde é que estavas? Num bar!- O seu tom de voz aumentou consideravelmente e sinto que a qualquer momento perco o controlo sobre as minhas emoções.
- Tu não estavas preocupado comigo... tu estavas preocupado por não conseguires saber o que é que eu estava a fazer, onde é que eu estava e com quem é que eu estava! Eu começo a ficar farta disto, Rúben! Confia em mim de uma vez por todas! Se isto vai ser assim constantemente, acredita que não vai resultar!
- Mafalda, aqui quem tem razões para ficar chateado, sou eu! Portanto, não tentes virar o jogo contra mim! E agora diz-me o que é que estavas a fazer na merda do bar, para nem sequer te lembrares de pegar no telemóvel!
- Eu já te disse! Estive a conversar com a Luísa e com o...- Paro de falar quando percebo que iria falar no Diogo. Se o Rúben sabe que estive no bar com outro rapaz, então posso ter a certeza de que esta discussão irá acabar da pior forma.
- Pelos vistos, não estiveste só com a tua prima... Pára de me mentir Mafalda, por favor.
- Se queres mesmo saber...- Começo por proferir e penso que, afinal, este momento já não pode piorar.- Estive com a Luísa e com um antigo colega de escola que eu já não via há imenso tempo... e se precisas de confirmar que realmente estivemos só a conversar, podes falar com a minha prima. E mais uma coisa... esta foi a última vez que tu me exigiste explicações, Rúben. Acredita que eu gosto muito de ti, mas gosto muito mais de mim. E não vou passar os meus dias a fazer-te relatórios de tudo o que eu faço. Se queres mesmo estar comigo, então tens de confiar em mim tal como eu confio em ti.
Baixo o meu rosto e sinto uma lágrima percorrer um dos lados do meu rosto. Não o consigo encarar. Sinto-me a desmoronar a cada palavra que profiro e a cada palavra que ouço da parte do Rúben. Porque é que amar alguém é tão complicado?
- Eu confiava cegamente em ti, Mafalda... e tu mentiste-me. Nada me garante que não voltas a fazer o mesmo.
- Garanto-te eu. Mas já vi que a minha palavra não vale nada para ti. Eu não quero desistir de ti nem de nós... mas também não vou andar atrás de ti. Portanto, quando e se quiseres falar comigo, sabes onde me encontrar.
Ficamos alguns segundos em silêncio. Tinha a esperança de que ele me impedisse de ir embora, mas isso não aconteceu. O Rúben consegue provocar-me as melhores sensações do mundo, mas também consegue destruir-me por completo.
- É melhor ires.- O jogador murmura sem me encarar. Olho uma última vez para ele e penso no quanto estou apaixonada. E, neste momento, estar apaixonada é algo que me magoa tanto.
Espero que tenham gostado!
Estou com o coração bem apertado à conta destes dois! 😔
Infelizmente, as relações não são feitas, apenas, de felicidade... também existem momentos menos bons.Até ao próximo capítulo!
Beijinhos ❤
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eterno ||Rúben Dias||✔
Fanfictione·ter·no |é| (latim aeternus) adjectivo 1. Que não teve princípio nem há-de ter fim. 2. Que teve princípio mas não terá fim. 3. Que durará sempre. 4. Muito duradouro. 5. Inalterável; constante; enorme, desmedido.