01 :: Noreen Bryer

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Capítulo 01

Noreen Bryer
21 de Outubro de 2016
Noite do desaparecimento de Noreen

Logo no café da manhã meu pai avisa que vai precisar viajar ainda hoje à trabalho. Ele é um grande corretor de imóveis em uma empresa multinacional. Geralmente em negócios que valem uma fortuna, o meu pai é encaminho para tomar frente da negociação. O fato de ser tão reconhecido, trás sua desvantagem: ele acaba sendo um homem muito ocupado e hora ou hora precisa fazer uma dessas viagens que geralmente surge em cima da hora.

Querida, aproveitando a viagem do seu pai à Manhattan, vou com ele para visitar Eleonor. Nós voltamos domingo a noite. - disse minha mãe, aninhando uma ponta de seu cabelo, macio e loiro, para trás da orelha.

Ah, tudo bem, sem problemas. Eu me viro. - falei e tomei um gole de café, mas por dentro eu estava saltitante porque teria a casa livre em uma sexta a noite.


Não​ demoramos muito no café e logo eles viajaram. E oficialmente eu tinha a casa somente pra mim. Nunca gostei de ficar sozinha, mas claro que as vezes temos nossos momentos e queremos ficar mais retraídos no nosso canto. Hoje era diferente. Eu queria companhia dos meus amigos pra poder aproveitar a noite com eles. Peguei o celular e enviei uma mensagem à Evie e logo enviei aos demais convidando eles para passar a noite na minha casa.

Evie é minha namorada. Estamos juntas há 2 anos e no começo as coisas foram bem difíceis. No início havia a questão dos meus pais, eu não havia me assumido ainda pra eles e quando isso aconteceu eu já estava com a Evie. Eles relutaram, houve brigas, teve a famosa frase “nada contra”, mas hoje em dia as coisas fluem melhor. Evie dorme aqui de vez em quando é tento respeitar eles também, até porque eles ainda estão em processo de aceitação. A família dela ainda não sabe, mas eu não pressiono para conte, pois cada um tem seu tempo e só a própria pessoa pode decidir o momento certo, porque ela que sente e sabe como é seu relacionamento com os pais.

Eu fui ao mercado comprar algumas coisas, mas não demorei porque já estava ficando tarde. Provavelmente eles trariam algo também. Bebida com certeza. Eu tomei um banho, coloquei um shorts jeans e um moletom de cor laranja. Pus meias também. Ah, amo ficar de meias em casa. Eu me vesti pra ficar bem a vontade, afinal eu estava em casa com meus amigos.

A campainha tocou. Era Evie com Olívia e Daryl, nossos amigos em comum.

Ei. - cumprimentei Evie com um abraço e um beijo. Logo abracei Olivia e Daryl também.

Trouxe bebidas. Que inicie os jogos, não é? - Daryl foi adentrando a casa pondo algumas cervejas em cima da mesa que fica na sala de jantar.


Nós sentamos e começamos a conversar. Abri uma cerveja. A sala é bem grande e espaçosa, com um sofá enorme em formato de L.

A campainha tocou.

Era Rory. Meu vizinho. Nós praticamente crescemos juntos. Brincávamos juntos. Íamos para escola juntos. E até mesmo levávamos broncas juntos. Ele é um amigo e tanto. Meus pais sempre gostaram dele e quiseram que eu namorasse ele por o enxergarem como um bom rapaz. E de fato é. Mas o problema não era esse.

Vem, se junte à nós. Estou feliz por você ter vindo. - falei puxando ele pelo braço em direção aos demais. Todos já se conheceriam e então me livrei da breve apresentação.


Nós ficamos ali sentado no chão da sala bebendo, sorrindo e jogando conversa fora. Eu e Evie relembramos momentos engraçados do início do nosso namoro e compartilhamos com o pessoal. Uma vez ela foi me fazer uma surpresa na casa da Olívia. Lá estava ela parada na frente, com um buquê de flores, quando passou um carro em alta velocidade por cima de uma poça d'água, deixando ela toda molhada. Coitadinha. Hoje damos risadas, mas no dia a Evie ficou puta. Rory contou um pouco da viagem de intercâmbio que fez ao Canadá e nossa, como ele amou essa viagem. Daryl contara sobre a temporada de jogos do time de futebol americano a qual ele fazia parte. Olívia começou a contar sobre o desastre do último namoro dela quando…

A campainha toca.

Você convidou mais alguém?! - Evie perguntou.

Não! Convidei apenas vocês. Mas calma, deve ser alguém dá vizinhança querendo alguma coisa ou sei lá. Fiquem aqui que vou atender a porta.


Levantei, meio cambaleando por conta da bebida, e fui caminhando até à porta. Tentei olhar pelo olho mágico, mas sem sucesso. Foi então que abri a porta. Pude sentir o vento frio passando por mim e adentrando a casa pelo hall da sala. Olhei ao redor e… não havia ninguém lá fora. Fechei a porta e retornei aos meus amigos.

Não havia ninguém. Deve ser algum desocupado tentando tirar o sossego alheio. - falei sentando de volta ao lado de Evie.


Ninguém deu muita importância e logo voltamos a conversar. Continuamos bebendo. Conversando. Sorrindo. Eu abraçava Evie. Um barulho emergiu aparentemente vindo lá de fora. Ficamos todos parados, olhando um para ou outro e também olhando em volta tentando ouvir de novo o barulho e descobrir de qual direção ele vinha. Nenhum barulho. Até que...

A campainha toca novamente.

Não é possível. De novo? Vou lá!- Daryl fez que ia levantar quando interrompi dizendo que não precisa. Eu mesma ia até lá.


Então eu levantei e eles continuaram conversando. Passei pelo hall, abri a porta. De novo o vento frio. Cruzei os braços e olhei em volta. Não havia ninguém. Decidi ir mais a frente na tentativa de achar alguma coisa, quando sinto que havia algo estranho. Estava com mal pressentimento. Voltei e me reuni aos meus amigos.

Depois de muitas conversas, a campainha não tocou mais. Mas todos nós começamos a ficar sonolento.

Nossa! - Olívia exclamou já abriu a boca pra bocejar. - Que sono! - disse apoiando a cabeça em uma parte do sofá.


Daryl já estava deitado curvado abraçando uma almofada. Rory com as costas apoiadas no sofá com a cabeça já balançando querendo dormir. Evie já dormia com a cabeça apoiada no meu ombro. A bebida bateu tão forte assim? Senti o vento frio adentrar a sala. Deixei a porta aberta? Ou alguém abriu? Ouvi passos e olhei por cima do ombro e foi aí que vi um vulto preto. Era alguém com roupa preta e de capuz. Não consegui enxergar direito porque minha visão já estava escura. Meus olhos foram fechando e… apaguei.

Um Olhar nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora