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Foi um show incrível. Eles tem uma energia sem fim, sempre animados. As músicas estão na boca do povo, confesso que pelo menos duas eu conhecia e até cantei. A voz deles então, nem se fala. Fiquei na dúvida entre escolher a voz mais bonita, mas acho que Knust, DoisP e CT ficaram bem empatados. Durante o show eles até chamaram o Matheus pra ir ao palco cantar uma música. Foi bem legal ver as pessoas reconhecendo o trabalho dele. Eles se despediram do público e saíram do palco. Passaram por nós ali no backstage e Knust grudou em minha mão e voltamos pro camarim.

— E ai, o que achou? - Pablo me perguntou.
— Adorei, sério, que demais - Sorrio.
— Você vai pra festa, né? - DoisP me pergunta.
— Não, eu vou pra casa - Digo e todos me olham.
— E quem vai me levar embora? - Matheus me olha.
— Quando você quiser ir, é só me ligar que te busco.
— Nem pensar, você não vai embora de jeito nenhum, quero conversar umas coisas com você - Pelé diz malíciando.
— Pelé não perde a chance - CT vem pro meu lado rindo - Vamos, vai ser bom.
— Ah, não sei - Digo pensativa.
— Por favor amiga - May diz.
— Tá bem, tá bem - Sorrio - Eu vou, mas se alguém me deixar lá sozinha, eu vou embora sem avisar ninguém.

•••

Chegamos no local da festa e já haviam muitas pessoas ali. CT fez algumas caipirinhas de fruta pra todo mundo e logo a galera se animou, pareciam estar ótimas.
Fiquei conversando durante muito tempo com Knust e Pelé e os dois me arrancaram muitas risadas. Em certo momento Pelé viu uma garota e saiu atrás dela e Knust foi conversar com alguns amigos e eu fiquei sozinha.
Esperei algum tempo pra ver se alguém falava comigo, mas não aconteceu. Olhei ao redor e estavam todos muito ocupados. Levantei e sai atravessando a enorme sala em direção a porta. Quando coloco a mão na fechadura, uma mão me segura pela cintura.

— Onde você vai?
— Embora - Me viro e CT está me olhando com aqueles enormes e escuros olhos.
— Não vai não - Me entrega uma caipirinha.
— Não posso beber, tô dirigindo.
— Eu sei, por isso fiz essa com água tônica e maracujá - Sorri.
— Obrigada - Dou um gole - Nossa, é muito boa.
— Eu tenho outros talentos além de cantar.

Ele me segura pelo pulso e quando penso que vamos voltar pro meio das pessoas, ele me surpreende ao seguir pro lado da cozinha, que estava de porta encostada pras pessoas não ficarem entrando lá.
Entramos no cômodo e ele abre a geladeira, tirando uma caixa de dentro da mesma.

— Você gosta de bolo?
— Até gosto, mas não tô comendo.
— Porque? - Diz pegando um garfo e comendo o bolo direto da caixa.
— Dieta - Me aproximo e sento em cima do balcão, ficando de frente pra ele.
— Tá me zoando né? - Diz de boca cheia e me faz rir, já que ele tem talvez a língua presa ou algum tipo de sotaque engraçado.
— Não, não tô.
— Mas você é gostosa pra caralho, com todo respeito.
— Obrigada - ri - Mais tem muito pra melhorar ainda.
— Então tá né - ri.

Ele volta sua atenção pro bolo e eu fico o olhando em silêncio. CT na verdade era bem bonito. Durante a noite eu estive interessada em uma pessoa em específico, mas aqui, agora, ele não seria nada mal.

— Posso te perguntar uma coisa?
— Pode - Ele me olha.
— Qual teu nome? - Pergunto tímida - Desculpa o incoveniente, mas é porque ninguém me falou e eu acho que não é CT.
— É Christian - Ele ri - E não precisa se desculpar, na verdade, quase ninguém sabe meu nome.
— Ah, é um nome muito bonito.
— Valeu - ri e vejo sua boca toda suja.
— Tá tudo sujo aí - Aponto.
— Aqui? - Ele passa a mão em outro lugar.

Esse momento ficou clichê demais pra mim, muito cena de filme e se eu sei bem, esses filmes não acabam bem.

— Melhor você ir no banheiro lavar - Digo por fim - Eu preciso ir embora.
— Mas e o Tuê? - Ele questiona.
— Ele foi embora com uma garota, na verdade eu só fiquei porque... - Faço uma pausa - Bem, melhor eu ir.
— Porque você ficou? - Ele se aproxima, na verdade, se aproxima demais.
Porque eu tava querendo ficar com o Knust.

Quando digo isso, seus olhos se estreitaram e ele se afasta. Talvez ele estivesse achando que ia rolar algo entre a gente e na verdade, se eu estivesse bêbada, com certeza teria rolado.

— Ah - Diz sem graça - Mas você falou com ele?
— Não, não tive chance de ficar sozinha com ele - Digo descendo do balcão.
— Knust é lerdo, se você não der uma investida boa, ele não percebe.
— Mas agora já não adianta mais, eu vou embora - Digo por fim.
— Fica mais, poxa.
— Não dá, tenho aula amanhã cedo.

Abro a porta da cozinha, deixando todo o som invadir o ambiente que a segundos atrás estava quieto.
Caminho em direção a porta e CT vem logo atrás de mim. Dou uma última olhada pra ver se acho as pessoas pra me despedir, porém estão todos bem ocupados.

— Bom, vou nessa - Me viro pra ele.
— Certeza?
— Tenho - Sorrio - Obrigada pela companhia e pela caipirinha, tava ótima.
— O pessoal só me chama pras festas por causa dela - Ri meio sem graça - Eles falam que eu não sou sociável suficiente pra isso.
— Não entendo o porquê, você é ótimo.
— Você acha? - Sorri.
— Acho sim, aliás, adorei te conhecer, você além de ótimo cantor, é ótimo como pessoa.
— Valeu, que bom que gostou do show.
— Foi ótimo, quero ir em outros em breve.
— Vai mesmo, vou adorar ver você lá.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, então me aproximo para abraça-lo. Ele retribui e logo eu sinto o cheiro do seu perfume invadir meu nariz e me fazer arrepiar.

— Tchau, Christian - Digo sorrindo.
— Tchau, vai com Deus e cuidado no caminho.

Ele abre a porta pra mim e me espera entrar no elevador. Quando entro, ouço a porta do apartamento fechar e abafar todo o barulho.
Desci até a portaria, entrei no carro e procurei logo no Spotify a 1KILO. Dei partida no carro e segui pra casa. A noite realmente foi longa.

[ ... ]

𝙫𝙤𝙪 𝙫𝙤𝙡𝙩𝙖𝙧 🤞🏻• ctOnde histórias criam vida. Descubra agora