Sophie

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Acordei, sentindo uma imensa dor na cabeça, não me recordava de nada, era como se minhas memórias... Bem, não havia memórias era apenas um espaço vazio em minha cabeça. Ainda com a cabeça latejando de dor resolvi que não podia ficar deitado, onde quer que eu estivesse deitado, me levantei olhando ao redor para tentar me recordar de alguma coisa, e então reparei que também não tinha nada para reparar, eu estava largado em uma espécie de cratera, e ao redor, estava tudo incendiado, em cinzas, e eu estava bem no centro daquilo tudo, o que não tornava as coisas menos confusas:

- Eu preciso definitivamente sair desse lugar

Comecei a me mexer, tentando não reparar no local, o que era difícil de se fazer. Comecei a escalar para sair da cratera, e acabei escorregando, rolando de volta para onde estava quando acordei:

- Ai! - exclamei quando vi que havia machucado o cotovelo, mas então percebo algo estranho- O que...

A ferida começa a se cicatrizar... Em chamas, logo já não há mais vestígio de qualquer ferimento, pensei que estivesse ficando louco, por sorte só havia eu naquele lugar e ninguém podia confirmar isso. Bom pelo menos era isso que eu esperava, até que ouvi uma voz feminina:

- Você é muito tapado mesmo - A voz riu, olhei para cima de onde vinha o som da voz, e havia uma garota em pé no topo da cratera

- Qu... Hum... Quem... é você? - Perguntei, instantes depois percebi que gaguejei, o que me fez corar de forma instantânea

- Está brincando certo? - De repente o tom de voz dela passou de divertido para uma espécie de preocupação

Eu achava que estava louco, mas depois de ver a garota pulando do topo daquela cratera pra baixo onde eu estava sem se machucar, tive certeza que realmente estava louco. Ela caiu de pé em minha frente, me olhando diretamente nos olhos... A sensação que tive foi que um raio congelante havia penetrado minha alma, minha mente me dizia de forma enlouquecida para correr, mas minhas pernas estavam em estado de choque, não consegui me mexer. Em certas ocasiões eu acho que não fugiria daquela garota, mas na hora eu realmente queria fugir, ela devia ter 1.70 de altura, apenas um pouco mais baixa que eu, seus cabelos brancos caíam sobre seus ombros, e sua pele... Era tão branca como a neve, seus olhos tinham a cor de um gelo intenso, e apenas de olhar para eles eu tinha a sensação de estar em perigo, neles continham um brilho selvagem enlouquecido, e acompanhado de tudo isso ela segurava uma espada que emitia uma aura fria dela. Fiquei tão fissurado na garota que nem me dei conta que ela falava comigo até que a mesma estalou os dedos em minha frente:

- Ei, Andrew? Você está aí?

- Meu nome... É Andrew? - Perguntei esperançoso, aquela garota poderia me conhecer

- Qual é... Diz que você está brincando comigo, você não lembra de absolutamente nada? - Ela perguntou, então balancei a cabeça de forma negativa, mordendo meu lábio inferior - Oh Deus... Você deve ter sido atingido ou... - Ela franziu a testa como se estivesse percebendo algo que eu não sabia

- O que foi? E qual o seu nome? - A pergunta pareceu fazer ela ficar mais preocupada e com um pouco de raiva também

- Meu nome é Sophie... - Estava a ponto de dizer alguma coisa quando foi interrompida por um tremor vindo da terra - DROGA! Escuta, sei que não se lembra de mim mas temos que fugir, agora!

Ela pegou em minha mão, e antes que eu pudesse contestar, começou a me puxar me obrigando a correr junto a ela, enquanto atrás de nós a terra continuava a tremer. O mais estranho é que a cada tremor, estava parecendo mais um rugido do que apenas um tremor.

- O que está acontecendo?! - Exclamei - E por que diabos parece que a terra está rugindo conosco?

- Argh... você não se lembra - "Ah jura? Eu já disse isso", pensei comigo mas resolvi não falar nada - Mas você literalmente irritou o elemento da terra e estava brigando com ele, e bom... não sei o que houve porque estava ocupada - Ela ficou aflita em dizer que estava ocupada

- Eu? Irritar um elemento? Como assim?

- Eu explico mais tarde, mas se você reparar, tudo ao seu redor estava queimado, menos você, isso não lhe diz nada sobre quem é?

- Não, apenas parece que dei sorte de não ter morrido

Mesmo correndo pude perceber que ela havia revirado os olhos. Um tempo depois os tremores estavam parando, então sugeri pararmos de correr, felizmente ela aceitou a sugestão. Olhei ao redor e vi que estávamos em meio ao nada, era apenas uma floresta, com barulhos de animais e um monte de árvores em um dia ensolarado, nada mais que isso.

- Então, pode me explicar o que tudo isso quer dizer?

- Eu não sei nem como começar a explicar isso...

Ela se aproximou de uma rocha grande que se encontrava em uma área da floresta, encostou uma de suas mãos na rocha, e começou a murmurar uma língua estranha, mas que por algum motivo reconheci ela, era latim. Então a parte mais estranha aconteceu, das pontas de seus dedos gelo começou a se formar, formando inúmeros desenhos na rocha, alguns de dragões, outros de lobos gigantes, e o chão novamente voltou a tremer.

- De novo não...

Disse pensando que a terra iria começar a rugir novamente, porém dessa vez o tremor era diferente, e percebi o porquê a diferença quando a rocha começou a se mover, revelando uma entrada que dava em uma escadaria para o subterrâneo. Olhei para aquilo tentando não ficar de boca aberta, percebi então que Sophie me olhava triste, como se fosse normal para nós aquela entrada. Assim que ela viu que eu a encarava começou a adentrar na passagem.

- Sophie, não é perigoso aí? Será que sei lá... Não seja melhor ficar aqui em cima? - Perguntei

- Claro que é, se você quiser morrer e conhecer nosso bom Deus antes de recuperar sua memória pode ficar aí em cima, caso o contrário, apenas me siga. - Ela disse, e continuou a descer, percebi então duas coisas

A primeira que o chão novamente voltou a tremer com aquele rugido, ou seja, o que quer que fosse que estivesse me seguindo não havia desistido e estava novamente perto, a segunda é que a rocha estava voltando ao seu lugar e logo a passagem iria se fechar, e eu não tinha ideia de como abrir aquilo e tinha certeza que Sophie não iria abrir para mim, então ou eu descia ou provavelmente iria morrer.

- Eu não quero morrer sem memória. - Murmurei então corri, adentrando na passagem pouco antes da rocha se fechar completamente e o rugido da terra ficar mais distante, apesar de eu estar descendo para mais fundo na terra.

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