viii. Gia Foster deixa escapar um segredo

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GIA FOSTER DEIXA ESCAPAR UM SEGREDO

 A escola iria recomeçar em quatro horas e, como sempre, Sean estava a encarar a paisagem do seu quarto, o fumo do cigarro a perder-se com a brisa de Janeiro, seguindo o caminho ditado pelos vários suspiros dados pelo moreno

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A escola iria recomeçar em quatro horas e, como sempre, Sean estava a encarar a paisagem do seu quarto, o fumo do cigarro a perder-se com a brisa de Janeiro, seguindo o caminho ditado pelos vários suspiros dados pelo moreno. Ocasionalmente encarava o interior do quarto, procurando no meio da sua cama desarrumada a indicação que recebera uma mensagem no seu telemóvel, mas, nunca vendo nenhuma notificação, o jovem voltava para a sua paisagem mórbida, sentindo-se tão sozinho naquela madrugada de Janeiro.

Fechou a janela assim que o seu cigarro se extinguiu e ficou a encarar as pequenas luzes desfocadas que se mostravam atrás da janela, os candeeiros da cidade a serem os únicos objetos capazes de fazerem frente àquela noite tão cruel e escura do início do mês. Por vezes, quando algumas gotas se sentiam cansadas das negras e pesadas nuvens e decidiam visitar a cidade, Sean conseguia ver a jornada da água, vendo a sua liberdade e invejando o seu incentivo de fugirem ao que lhes prendia, desejando ter a sua coragem para sair de Bristol City, para sair daquela cidade tão agressiva e falsa.

Acariciou a palma da sua mão com cuidado, o seu polegar a viajar de um "Querido" para um "Arrogante", passando por um pequeno "Nojento", a sua mente demasiado longe daquele local, uma vez que as gotas tinham decidido cumprimentar a solidão de Sean. Batendo cautelosamente na janela do moreno, aquelas partículas de água mostravam a sua insistência em visitar o jovem, querendo reconfortar o seu sofrimento, desejando levar consigo todas as palavras maldosas que cravavam desnecessariamente a pele suave dele. E Sean ouvia o seu chamamento, sabendo perfeitamente que não podia abrir a janela – visto que não queria molhar o seu quarto –, mas querendo desesperadamente que toda a maldade alheia que cobria o seu corpo fosse levada de si, desejando sentir-se mais leve e mais verdadeiro. Fechou os olhos com a tristeza de não ser limpo por água tão pura e ficou a escutar a melodia calmante da água, conseguindo ouvir em cada salpico uma palavra amiga, a sua respiração a tornar-se tão suave e serena que foi apenas preciso uma questão de segundos para que o sono o viesse brindar com a sua chegada, empurrando desajeitadamente o corpo do moreno para cima da sua cama desfeita, esquecendo-se de o tapar com os lençóis quentes e verdes, Sean demasiado embebido em cansaço para se lembrar de puxar a roupa para cima de si, a sua face a afundar-se na almofada suave, os seus olhos a fecharem sem pressa nem esforço, um último suspiro a ser solto pelo jovem antes de este cair num sono tão profundo e calmo que já não lembrava a Sean.

Mas foi precisamente quando Sean estava quase a sonhar, foi precisamente quando Sean esta quase a render-se totalmente ao seu cansaço, que o seu telemóvel tocou, o som alto e feroz do seu dispositivo a assinalar uma chamada nova, o coração do moreno a tomar todo o susto para si, fazendo-o acordar sobressaltado e bastante confuso. Assim que se apercebeu do que se passava, Sean começou a tatear a superfície da sua cama, procurando o seu telemóvel grande e preto, apanhando-o por fim e, muito ensonado e desajeitado, atendeu a chamada, deixando que todo o sono ditasse o timbre da sua voz.

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