Capítulo 1 sem título

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Meu nome é Dalitta D'lore e quero contar para você a minha história, se começasse a te contar como sou agora não teria graça por isso vou começar do passado.

Desde criança sempre soube que era diferente e me diziam que o fato de ser diferente me tornava especial, me ensinaram que o mundo é dividido em luz e trevas e que fazia parte da segunda opção. Era difícil entender já que não contavam que tipo de ser me tornaria apenas que se sentisse espasmos de dor por todo corpo era normal e quando atingi -se a idade de dez a dor cessaria e me tornaria como eles.

O medo me consumia toda vez que era obrigada a ouvir meu tutor ensinar sobre os seres da noite e depois tinha que dizer como me defender de cada um deles, não pense que mesmo sendo das trevas havia algum tipo de amizade com os de outras espécies, pois não tinha nenhuma. Encontrar com algum outro indivíduo que não fosse de sua espécie seria matar ou morrer por isso todos os tipos de armas passaram por minhas mãos, aprendi alguns feitiços e três tipos de luta. Era e apenas uma criança! No entanto se irritavam com me medo e com minhas falhas em não ser completamente perfeita.


Os anos foram passando e entrei na puberdade mais nenhum sintoma ou dor apareceram, as conversinhas foram se tornado frequente a cada dia de forma que os olhares de malicia e desprezo acabaram fazendo de mim a aberração da família. Aos quinze não havia mudado nem um fio de cabelo o que me fez ser cem por cento á anomalia da minha espécie e tudo que faziam era me suportar. Meu pai Stefan D'lore é um dos anciões e por nenhuma vez me dirigiu olhar mesmo que tenha herdado todos seus traços desde á cor escura do cabelo á os olhos cor de mel. Poderia eu julga-lo? A minha vida toda sempre senti vergonha por não poder manter a expectativa que tinham de mim, o desejo de ser aceita pelo menos por eles me tornava uma tola mais havia um ponto bom de todo resto ruim, o acordo de casamento feito entre meu pai e o líder da espécie estava desfeito nenhum entre meu clã aprovaria tal união.

Aristocrática e volúvel essa é minha mãe Beatrice! Por não aceitar seus modos preconceituosos e não ter herdado nada dela sempre me tratou com desdém, mais não ouve um só dia que não sonhasse com um abraço. Jamais me rebelei nem quando recebia suas críticas e insultos abaixava minha cabeça virava sobre os calcanhares e a deixava falar sozinha talvez seja isso que a irritava tanto. O filho perfeito adorado e amado por todos esse é meu irmão mais velho Brian pode até enganar o clã menos a mim. Quando tira sua máscara é cruel e obsessivo, sua superproteção me dá medo por que não sei se realmente gosta de mim ou se é para passar por bonzinho, entre meu clã sua habilidade com a magia se destaca.

Durante algum tempo tenho me torturado fingindo que sou igual e aceita, minto firmemente para meu coração e tento iludi-lo. Mas, a realidade bate forte quando me vejo nos olhos deles, sou como um ser humano comum que só tenho um corpo e uma mente para usar então decidi me focar no que já tinha. Busquei me especializar nas lutas e obtive uma grande habilidade mais não foi suficiente para mim, pela primeira vez desejei estar longe deste lugar que tenho chamado de lar por toda minha vida, pela primeira vez quis gritar a dor da rejeição, pela primeira vez odiei ter nascido e levar a vida que vivo, Juntei algumas roupas em uma velha mochila e com a pequena coragem que me dispunha sai de casa. Encarar o mundo lá fora foi surpreendente tanta coisa nova mais nem tudo é sempre bom, não é? Os primeiros dias foram difíceis passei fome e frio não sabia o que fazer ou como pedir ajuda, no entanto me sentia satisfeita comigo mesma. Até que um dia uma senhora me acolheu, me deu um sorriso manso agarrou minha mão e saiu me arrastando para seu pequeno apartamento, me alimentou, me fez tomar banho esfregando de tal maneira que achei que ia arrancar minha pele, colocou-me para dormir e disse que conversaríamos no outro dia depois beijou minha testa deu um enorme sorriso e saiu pela porta, foi a primeira vez que senti lágrimas descer por meus olhos. Seu nome era Eva morava sozinha e não tinha parentes, perguntou se tinha fugido de casa e respondi que não e que como ela não tinha ninguém então decidiu ficar comigo. Ensinou-Me que valia a pena viver e que podia encontrar felicidade em pequenas coisas, a ternura e o carinho que me dava me mudou por dentro. Comecei a trabalhar para ajudá-la e toda vez que chegava em casa era recebida com aquele sorriso e tal gesto era o bastante para mim, os dias foram passando e desconfiada percebi que estava sendo monitorada, não á duvida que era eles mais sabendo como agiam os despistei para longe de onde realmente estava.

Os anos passaram e vejo isso no rosto de Eva, o cansaço da idade expressa em linhas pelo seu rosto e sua saúde se tornou frágil, embora o sorriso ficasse estampado em meu rosto o pavor oprimia meu coração não estava preparada para soltar sua mão. Em minha carência esqueci o quanto a vida humana é delicada e em um piscar de olhos se desfaz comparada ao nosso tempo não é nada. No mês de inverno o vento lá fora batia forte contra a janela e como sempre fazia antes de sair para o trabalho ia me despedir dela, seu rosto se mantinha sereno parecendo que a qualquer momento poderia me lançar aquele sorriso mais seu corpo se encontrava frio e imóvel sem nenhum sinal de vida. Naquele momento cai contra meus próprios pés e o desespero me assolou me levando ao descontrole, as lagrimas desciam grossas e o grito de agonia saiu por minha garganta nunca pensei que existisse dor maior que a rejeição. Queria ter podido chama-la de mãe por que foi isso que ela foi para mim, sabia o que desejava já que todo dia me fazia questão de lembrar e o que tinha que fazer "viver". Mas, não sei se conseguiria! Ela era meu porto seguro a fonte que mantinha meus pés no chão, sem tela para me guiar, sem seu sorriso para me acalmar como poderia viver? O dia que lhe disse deus pela última vez estava chuvoso mais em completo estado de torpor não sentia a água correr por minha roupa, algo dentro de mim havia se partido. Não sei quando tempo passou lembro que Acordei com um homem me tocando levemente no ombro, Ele me deu os pêsames e disse para segui-lo, me levou para um escritório e revelou que era um advogado, contou que Eva havia feito um Testamento onde me deixava o pequeno apartamento e uma floricultura a algumas quadras de onde morávamos. Depois colocou uma carta em minhas mãos que tremeram ao reconhecer a letra, respirei fundo antes de Lê-la.

" Litta

Pequena minha.

Se estiver lendo esta carta quer dizer que a vela da minha vida se apagou, não chore sim!

Sorria!

É o que tenho recebido de você deste quando a encontrei, felicidade. Quem poderia imaginar que esta velha receberia tal presente!

Não seja dura consigo mesma, não se cobre tanto, não fique sem comer, não se feche por que não estou mais com você, deixe que outros descubram o quanto é linda.

Isso é uma ordem!

Mesmo que já saiba vou te dizer, amo você! Estarei sempre do lado esquerdo do seu peito.

Filha do meu coração, "viva"!

Eva "

Rapidamente tampei a boca com as costas da mão tentando reprimir os soluços que saia, até mesmo antes de partir ela havia se preocupado comigo. Presente? Como um monstro como eu posso ser um presente? Como posso ter lhe dado Felicidade se nunca soube o que é até conhecê-la? Havia mentindo e escondido meu verdadeiro eu e mesmo assim ela me viu por dentro, senti raiva de mim. Enxuguei o rosto com as costas da mão agradeci o advogado e fui para casa. Os três primeiros dias foram difíceis o pequeno apartamento se tornou grande, as fotos insuportável de ver, o perfume ainda presente em cada cômodo que andava, pude entender que amar e ser amada dói. O amor não é cem por cento felicidade! Ele se divide em duas partes cinquenta por cento é alegria e cinquenta por cento tristeza, aprendi que através do momento de alegria que passamos ganhamos força para passar e suportar o momento de tristeza.

Agora tenho vinte anos e vivo bem, desde a morte de Eva mantenho o mesmo corte de cabelo curto e repicado, trabalho todo dia na floricultura e pago um garoto para fazer as entregas, recentemente os espasmos de dor surgiu e aos poucos percebi que também posso mover objetos com a mente. Primeiro pirei geral! Depois respirei fundo e contei até dez, O que ia fazer? Nada! Não poderia voltar correndo para os braços da minha família e provar que não sou uma anomalia, a questão é que depois que vivi com Eva e descobri o que é realmente uma família nunca pensei em voltar. Qualquer que fosse o tipo de mudança que acarretaria em mim decidi passar por isso sozinha, o tempo me deu maturidade suficiente para enfrentar os problemas e acredito que sou capaz de fazê-lo.

Não me ame (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora