Capítulo 02

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    Acordei em um dia de sol como qualquer outro e a única coisa que incomodava era o frio lá fora, ele me fazia lembrar o dia que perdi Eva e meu coração se apertava de saudade, vesti o casaco comprido de lã preta sobre a camiseta branca e o jeans,enrolei o cachecol no pescoço e calcei uma bota preta que se ajustava a panturrilha,tomei o café da manhã e segui para loja onde na frente da porta Josh já se movia desinquieto. Desde o início sempre o chamei de "minha cria" às vezes se irrita e me diz que não é mais uma criança e muito menos um filhote, ameaça ir embora mais depois volta atrás dizendo que eu sou a única que consegue mantê-lo fora de problemas e que já se acostumado com minha boca grande. Ao meu modo tento protegê-lo das coisas que andam por ai, dei de presente um pingente a qual contém um feitiço de proteção, suas entregas vão somente até as seis e depois das seis eu as faço já que os ataques se tornaram mais frequentes, nos últimos dias matei um vampiro recém-nascido e bati em um licantropo descarado.

Dei-lhe um sorriso travesso antes de dizer:

_Dormiu bem "minha cria"!

_Dalitta, pedi muitas vezes e já te implorei para parar com isso de minha cria! É um tremendo mico.

_Ficar sem te adormentar não tem graça! Quantos pedidos têm no momento? - disse abrindo a porta.

_Quatro!- respondeu ele carrancudo.

_Enquanto faço os arranjos você fica no balcão, ok! – falei já empurrando a porta dos fundos.

Coloquei o avental e com a tesoura em mãos comecei a trabalhar, qualquer coisa que não estivesse perto suficiente movia com minha mente para a mesa á minha frente, as flores me transmitiam paz e tranquilidade e desse modo aos poucos estou educando minha mente. O som mesmo através das paredes chegou alto em meus ouvidos fazendo com que perdesse a   concentração e o ramo de rosas caísse no meio do caminho. 

_Josh, use os fones de ouvido! Isso aqui é uma floricultura não uma loja de heavy metal. –gritei brava.

Ele sabe que quando o chamo pelo nome significa que estou realmente furiosa, o som parou.

_Isto aqui está um tédio! Deixa-me dá só uma olhadinha ai? - gritou ele de volta.

_Claro que não! Além de tirar meu sossego e concentração esquece que o balcão ficara sozinho. Dê-me trinta minutos de completo silêncio e estará livre para fazer as entregas.

Um resmungo veio do outro lado da parede e mesmo tentando conter o sorriso estampou minha boca, às vezes me pergunto como consigo manter por tanto tempo a loja aberta.

As horas passaram tão rápido que quando vi já era noite e Josh chegou da última entrega.

_Hoje foi bem cansativo!- disse ele mexendo os ombros. 

_É verdade, em compensação ganhamos mais! Por hoje está liberado vá direto para casa. Está ouvindo? Nada de ficar a perambulando a noite pela rua.

_Sim, mamãe... - falou ele já se afastando.

Coloquei as coisas em ordem e quando olhei o relógio o ponteiro marcava sete e meia da noite.Vesti o casaco e enrolei o cachecol no pescoço antes de sair e fechar a porta atrás de mim. Comecei a caminhar tranquilamente e faltando apenas duas quadras para chegar a casa, senti certa coceirinha o que me dizia haver algo ou alguém me seguindo. Aumentei os passos e me concentrei, pude senti três presenças que andava nas sombras, minha atenção se focou em algumas pessoas que vinham despreocupadas em minha direção desviei e segui para uma antiga quadra que havia ali perto, Parei e esperei.

Silêncio.

_Ei, Tô de saco cheio de esperar! Foi um dia longo estou cansada com sono e fome.

_ Nós também estamos morrendo de fome!

Os três saíram das sombras, seus rostos disformes pela ânsia com os caninos sobressaindo dos lábios, um suspiro escapou-me á maldita coceira tinha que ser vampiros.

_Cara, como pode dizer que está morrendo se já está morto! – disse rindo enquanto tirava o casaco e o cachecol.

_Você está rindo de nós vadia mais não vai durar muito tempo. - falou voando para cima.

Ele não viu quando o atingi com uma voadora e seu corpo caiu a três metros.

_Escolheu a pessoa errada, neném!- falei em posição de luta.

Os outros vieram para cima, levantei o braço para defender do golpe do loiro enquanto chutava o moreno, golpes voavam de ambos os lados até que o cara tatuado que estava caído se juntou a luta. Um chute me acertou no estômago me mandando para longe do trio, com uma das mãos apoiei para levantar e com a outra peguei um pedaço de madeira.

_Acha mesmo que pode contra nós! Somos três contra um.

_É eu sei! Está na hora de parar de brincar e ir para o "gran finale".

A raiva tomou seus rostos e esperei totalmente imóvel enquanto vinha o primeiro que saltou e com um movimento de mão estaquei- o, a surpresa estampou no rosto do loiro quando se transformou em pó, aumentei a velocidade e ataquei. Com um golpe rápido mandei o tatuado longe de novo enquanto virei o corpo e estaquei o moreno, incrédulo o ultimo vampiro olhava seu companheiro virar pó. A cena a seguir parecia ter saindo de um filme, o vampiro correu em meu encontro enquanto corria para o dele e com um único golpe acertei seu coração.

_Não entendo você cheira a humano! O que você é?- perguntou se dissolvendo.

_Também gostaria de saber! – falei arrancando a estaca e vendo o pó cair no chão.

O suor escorreu por minha testa e a tontura me fez oscilar, sabia o que viria em seguida então soltei a estaca improvisada e rapidamente pequei o casaco e disparei em direção ao pequeno apartamento. A dor começou e percebi que não daria tempo de chegar em casa, virei a esquerda e entrei em um beco sem saída e contra a parede deslizei sentindo os espasmos cada vez mais forte, é como se me rasgasse por dentro lentamente. Na entrada do beco um vulto se moveu e meu coração bateu descompassado não havia como fugir, com movimentos similares à de um felino veio em minha direção, puta merda não havia sentido uma quarta presença. A dor aumentou no nível Máximo e a escuridão ameaçou minha consciência, á apenas alguns metros de mim um filete de luz clareava o chão e foi nesse ponto que ele parou, antes de desmaiar vi que não era um animal e sim um homem.
 



Não me ame (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora