Lembranças da minha infância

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Do meu quarto eu escutava minha mãe gritando, e ele fazendo movimentos bruscos para afasta-la e de vez em quando ria dos xingamentos dela.

Estavam brigando outra vez! Eu já estava acostumada a isso. Qualquer um que frequentasse  minha casa teria que se acostumar com os dois brigando pela casa fosse de noite, na cama  ou com todos ouvindo e vendo, todas as vezes era a mesma coisa: eles brigavam, xingavam, ela jogava algo nele, ele saía e depois de horas voltavam a ser "gentis" como se nada tivesse acontecido.

|Não que eu visse alguma gentileza em nenhum dos dois de um para o outro em algum momento, mas diante do tratamento que estavam acostumados... dizer "oi" sem gritar já era o suficientemente gentil|

Não sei como os dois viviam juntos, sempre naquele vai e volta. Por que eles simplesmente não se divorciaram??? Eu sabia que minha mãe não iria fazer isso, nós já tivemos essa conversa e mesmo com os meus 7 anos sabia que aquilo não iria durar, ela que sempre foi uma mulher de atitude a essa em específico ela não tomava nunca e dizia que Deus mudaria ele. 

Era que a igreja que frequentávamos ensinava: a mulher deve ser totalmente submissa ao marido e só existe a separação se houver traição. No caso da minha mãe ninguém saiba ainda, então enquanto Deus não muda meu pai eu vivia aquela merda de rotina e vida todos os dias; ir para a escola a tarde, ver minha casa cheia de pessoas o resto do dia e assistir ao espetáculo dos meus pais quando eles se estranhavam, o que ocorria... SEMPRE. A discórdia era corriqueira e qualquer um podia ver que ninguém se amava naquele casamento. Sinu ainda era apaixonada pelo pai de minha irmã mais velha, que morreu no que em que ela nasceu há exatamente 20 anos atrás, não a culpava meu pai era um nojento e eu odiava ele, embora ele fosse a minha cara aparentemente me temperamento era inteiro da minha mãe e eu me orgulhava bastante disso, mas ele não e eu adorava mostrar o quanto éramos diferentes um do outro.

Mais e mais noites como essa se reproduziram por anos e nada mudava, ele quebrava tudo em casa antes de eu nascer e tratava minha irmã  Sofia muito mal ou ainda quando tinha 2 anos de idade e minha mãe estava grávida do meu irmão Noah, onde Alejandro a jogou contra o guarda-roupa e ela ficou com uma tala no pescoço e ele me prometeu olhando em meus olhos que nunca mais tocaria nela dessa forma, mas eu ainda tinha esperanças... não sei porque. Depois do casamento da minha irmã Sofi com o empresário Louis William Tomlinson,   tudo tinha ficado pior. Eles brigavam e não tinha ninguém para apartar e eu ficava com medo, meu jeito era doce demais e acabava por demorar a reagir, mas quando reagia... Sofi fazia falta.

Acabamos nos mudando pra Miami- Flórida, onde Sofi se instalava com seu marido dos sonhos. Eu sabia apenas por alto como era o lugar, nunca havíamos ido e depois de uma vida inteira em New York aquele interior nunca existiu pra mim, mas acabei por ceder.

|Não que eu devesse ceder a alguma coisa porque eu só tinha 7 anos.|

Meu pai não queria viajar outra vez, afinal tínhamos acabado de chegar de uma viagem a Massachusetts onde fomos visitar meu avô materno. Mas minha mão quis então lá fomos nós... Eu, meu irmãozinho, meus pais e minha irmã de consideração.

Dinah, minha irmã de consideração, cresceu comigo, dividíamos tudo que tínhamos mas a realidade dela era totalmente diferente da minha. Embora fosse adotada por sua prima de segundo grau Milika Hansen, Jane tinha uma família estável e unida, assim como sua vida financeira. Enquanto eu tinha sérios problemas familiares e financeiros, nascida no  Brooklyn e morando em um dos muitos prédios de situação nada boas daquele lugar porque Alejandro gostava de nos ver sofrer, mas depois que minha irmã se casou minha vida melhorou, afinal nos mudamos pra uma casa de verdade. 

Morávamos com Sofi e  Louis, meu cunhado que a princípio não tinha defeitos.

|Se eu tivesse a mínima ideia de que ele se tornaria tão insuportável, teria acabado com esse maldito casamento também.|

Bem sucedido, inteligente, alto, tratava minha irmã como uma princesa... e bem, era educado. Éramos uma família maravilhosa , vivíamos na igreja, festas e pizzarias. Meus pais não brigavam mais e minha mãe estava feliz. Aquilo pra mim com toda certeza era o  céu.

|Mas talvez eu não merecesse o céu afinal...|

Apresentações??? É, uma hora eu tinha que me apresentar não é?? Sou Karla Camila Cabello Estrabao mais conhecida como Camila Cabello, sou uma norte-americana vinda de cuba de 1,57 de altura, 49kg, 16 anos, lésbica, traços latinos, olhos castanhos, cabelos também castanhos  e liso ondulado, lábios bem desenhados, peitos de tamanho pequeno quase mediano, uma bunda que diga-se de passagem é enorme para o meu biotipo, barriga sequinha e... bem... infelizmente, a garota da família problemática.

ConfusaOnde histórias criam vida. Descubra agora