BokuAka - Febril

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Akashi morava com Bokuto, e não achava nem um pouco ruim. Claro, no começo foi difícil se acostumar, mas agora nada mais lhe incomodava. Bokuto não fazia tanta bagunça quando antes – não era mais comum entrar na cozinha e se deparar com cuecas jogadas no chão ou mesa – além de que preparava um ótimo café da manhã, almoço e, quando não saiam para um restaurante juntos ou separados, o jantar.

Além disso, Koutarou era um excelente acompanhante para os dias de desânimo ou fúria, prestava atenção em cada palavra que ouvia e dava bons conselhos, confortando Akashi de uma maneira que ninguém nunca conseguiu antes. E esse era o único defeito na relação deles, o ponto fraco de sua amizade era o modo como Keiji sentia-se dependente do outro, como uma simples ação já poderia mudar o seu humor por longas horas e até dias.

Akashi sentia raiva de si mesmo diariamente, o amigo sempre foi tão bom e gentil consigo e em meio a todo o caos que era a vida deles, as aventuras de uma noite com estranhos que sequer lembravam os nomes, festas em dias letivos e beijos úmidos com direito a línguas invasivas – apenas pela brotheragem – quando bêbados e solitários demais fez a besteira de se apaixonar pelo platinado. Forçando-o a permanecer naquele caminho em volta, onde não poderia se declarar nem deixar de ficar incomodado com as "ficantes" do colega.

Ele poderia pensar mil formas de sair daquela situação, no entanto, todas ele terminava da mesma maneira. Sozinho em um hotel de quinta categoria super longe de seu local de estudo por ter sido novamente expulso, desta vez não pela sexualidade e sim pelos sentimentos. Poderia passar a ignorar o amigo, evita-lo o máximo possível, contudo, isso não daria certo, afinal Bokuto já estava andando pelo apartamento com uma bolha de depressão ao seu redor, tudo porque o levantador não permitia mais que eles ficassem se abraçando a todo momento, nem bebia tanto quanto antes para ter desculpa de se beijarem. Se passassem a se desencontrar o platinado piraria de vez.

– Cheguei – Bokuto falou ao entrar no apartamento, sua voz baixa e recatada demais para que pudesse ser ouvida pelos outros inquilinos.

Arrastou-se lentamente até a sala, estava com preguiça de levantar aos pés, curioso para saber o porquê de sua casa estar tão silenciosa naquele horário, a pele dotada de uma coloração mais empalidecida e febril que a normal.

Havia sido um longo dia para o ex-capitão, cursa psicologia não havia sido tão fácil como imaginara, tudo que desejava era tomar uma ducha bem fria durante um longo tempo e pular no sofá que, surpreendentemente era mais confortável que sua cama de casal.

Ele largou os sapatos ao lado da porta ao subir para o segundo andar, mesmo com as meias negras conseguia sentir o gélido assoalho de madeira. Não incomodava-o que estivesse frio, era até gostoso para si senti-lo, por isto resolveu não ligar o aquecedor, sabia que ele acabaria atrapalhando mais do que auxiliando.

Passou pela cabeça dele ir até a cozinha pegar algo para comer, mas desistiu ao notar que precisaria descer as escadas novamente. Rumou para seu quarto, o tique-taque do relógio na parede aborrecendo, enlouquecendo-o ao ponto de pensar em joga-lo primeiro andar a baixo, mas sabia que Akashi não ficaria nada contente com isso, principalmente por ter sido um presente de Kenma, um ex jogador de vólei da Nekoma e atual melhor amigo de Keiji – algo que irrita minimamente Bokuto por ter imaginado o tempo todo que esse título era seu.

Os olhos do ás se fecharam brevemente ao dobrar para a esquerda no corredor, mãos quentes tocaram seus ombros, fazendo com que parasse de se mover. O cheiro inebriante do perfume de seu Akashi invadia suas narinas e provocava-o a ficar desperto de todas as formas possíveis com os sentimentos mais ativos do que nunca. Não pode evitar suspirar.

Seria uma ilusão de sua cabeça pervertida? Provavelmente dormiu e estava tendo mais um de seus sonhos quentes com o companheiro. Entretanto, aquela era a realidade. Estavam bem lúcidos, principalmente o amigo que assustou-se ao quase chocar-se com o platinado.

E é só love, ou não? (Haikyuu)Onde histórias criam vida. Descubra agora