Quatro

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Depois de sair daquele jardim eu ando sem rumo em meio a calçada, vejo as pessoas sorrindo, conversando com suas vidas simples e normais. Por que eu? - penso tentando achar uma solução, não acho. Seco pela milésima vez a lágrima que sempre insiste a cair. Eu paro. Respiro fundo três vezes como me ensinaram ao longo dos anos, lembro-me que os meus remédios estão em minha bolsa, penso também no telefone de emergência ali. Penso em ligar para que me busquem.

Decido não fazer esse papel, nunca fui esse tipo de pessoa, passo a mão no meu rosto tentando melhorar. Agora está quase na hora do almoço, não posso desperdiçar tempo com coisas incertas, com coisas que eu não sei se são reais. E ligar para a clinica não vai me ajudar em nada, preciso parar de ser covarde. O tempo mais que jogou na minha cara que eu tenho que ser independente.

Paro em uma esquina e encontro um restaurante um tanto rustico. Decido entrar, percebo um fluxo de pessoas sorrindo. Quando entro sou acometida por um cheiro que eu não sentia muito tempo, Cheiro de comida caseira, fiquei muito tempo presa as paredes de mesmice do refeitório. Onde a comida não era ruim, nem boa. Ela era simplesmente comestível, onde de algum modo parece que as pessoas esquecerem de adicionar alguma coisa essencial dela.

Apesar de não ter muito luxo o restaurante, que eu leio em uma placa que o nome é ki fome, tem uma decoração agradável, vejo seis mesas grandes disposta e três mesas reduzidas caminho para uma delas, olho para dentro da cozinha e vejo uma placa, nela está escrita:  funcionário do mês! - no retrato mostra um menino, que deveria estar serio para uma foto assim, mas que sorri. Seus olhos brilham. 

Espero mais um tempo e decido fazer o meu pedido, Uma garçonete vem até mim, ela olha para o meu vestido com que de inveja, ou melhor de desdém.

- O Que vai querer? - diz ela com um pequeno caderno e caneta nas mãos.

- O especial do dia, por favor. - digo para ela, ela anota alguns rabiscos e volta para cozinha.

Olho ao redor onde as pessoas nutrem uma conversa saudável, não preciso conversar com ninguém só de estar aqui parada em meio a pessoas que não são igual a mim me conforta, penso no prato que eu acabei de pedir, o prato do dia, ele é composto de arroz, feijão, batata frita e salada.  Um pequeno rádio reside sobre um raque, suas antenas estão avantajadas e dos alto falantes sai a voz de Halsey, aprendi a gostar dela com Katherine. Lembro dela imediatamente, não sei o que fazer, sair daquele lugar sempre foi o meu sonho, ser livre. Mas deixar uma pessoa que foi realmente verdadeira para trás não me parece justo.

Mal noto perdida em meus pensamentos quando um menino de mais ou menos da minha altura, talvez uns cinco centímetros mais alto, para na minha frente. Ele carrega uma bandeja com o meu pedido. Olho para o seu rosto claro, porém queimado pelo sol, percebo que ele é o menino que está no quadro de funcionário do mês. Ele me entrega a minha bandeja com um aceno.

Não perco mais tempo o olhando, começo a comer meu almoço, ele simplesmente deixa um pequeno pedaço de papel na mesa, o preço presumo. Como devagar degustando tudo que é diferente daquele lugar. É impressionante que faz muito temo que eu não saio para a realidade, irá fazer seis anos que eu estou naquele lugar. O começo lá foi assustador, coisas que um criança não precisava passar.

Quando termino de comer ergo a mão para chamar alguém para pagar a conta.  O funcionário do mês vem em minha direção.

- Espero que tenha gostado. - diz ele com um sorriso em seu rosto.

Agora ele falando comigo vejo que ele tem um rosto bonito, não sei explicar, ele parece ser comum. Com aqueles cabelos cobertos com um boné vermelho escrito ki fome, com olhos castanhos comuns. Mas algo em seu olhar ou sorriso me parecem amistosos.

- Gostei sim. - digo para ele quando finalmente desvio o olhar de seu rosto.

- Nunca te vi por aqui, você mora perto? - pergunta ele depois de recolher o dinheiro e quando começa a limpar a  mesa que eu estava sentada.

- Vamos dizer que sim. - digo para ele. " A ultima coisa que eu posso falar é que venho de uma clinica psiquiátrica, isso seria bem engraçado até".

- Então você pode comer aqui mais vezes. - diz ele sorrindo.

Olho para ele novamente, por passar tanto tempo dentro de um lugar que não existe paquera eu fico um pouco sem saber se ele está sendo simplesmente simpático ou algo mais. Decido que ele está sendo simplesmente simpático pois não faço a minima ideia de come agir se ele estiver sendo a outra opção.

- Concordo com você. - digo pronta par sair dali, mas eu fico ali parada. Não sei por que. " seus olhos ficam me cercando, é um pouco estranho, mas ao mesmo tempo é bom. Não sei por que gosto do seu olhar".

Desvio de seu olhar e solto um sorriso, penso em caminhar para o banheiro. Quando dou o primeiro passo ele fala algo.

- Perdão. - digo virando para ele.

Ele olha para baixo e morde a parte inferior do seu lábio, percebo que ele está nervoso. Sei como identificar essas coisas nas pessoas. Tive muito tempo para treinar.

- Quer tomar um sorvete mais tarde? - pergunta ele aleatoriamente.

fico sem reação acudida, me sinto estranha, não faço a menor ideia do que responder para esse completo estranho parado a minha frente. Minha mente grita coisas como: Não vá! Você é feia, O Que você está fazendo! Percebo que ele foi louco de ter me chamado para sair assim do nada, eu nunca que teria coragem para isso, ele é simplesmente louco.

E mais louco sou eu que disse sim.



















Mentes em caosOnde histórias criam vida. Descubra agora