3. James

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     Sua memória estava um pouco confusa, não tinha certeza do que havia feito e preferia não pensar sobre.

     Steve ainda estava na sala, disso ele tinha certeza. E provavelmente guardava muitas perguntas para o Soldado (ou quem quer que fosse, pois não se sentia mais como o Soldado). Sabia que teria que enfrenta-lo eventualmente e deixar que o loiro falasse tudo que precisava, mas ainda não se sentia confiante.

     Caminhou até um quarto no extremo oposto da base, procurando por um espaço onde poderia ficar sozinho um pouco. Estava surpreso por ainda encontrar Steve ali ao voltar, mas não muito, pois já havia percebido que o outro não possuia um instinto de sobrevivência funcional. E Bucky (embora não se sentisse como um "Bucky" também), parecia afetar profundamente Steve, por alguma razão.

     Horas depois, ouviria batidas hesitantes na porta o acordarem de um transe. Ele permanecera todo aquele tempo sentado no canto do quarto, encarando a parede. Levantou-se para descobrir o que Steve queria, agora se sentindo mais preparado para interagir com ele.

     — Desculpe te atrapalhar, mas precisamos comer. – o loiro disse assim que a porta foi aberta.

     Franziu a sobrancelha confuso. Como assim comer? Fazia uma eternidade que não comia, sequer sabia como fazer isso mais.

     — Eu posso ir comprar se você quiser, só preciso da chave do carro. – continuou, evitando olhar para o homem em sua frente.

     — S.H.I.E.L.D. está procurando por você. – declaoru.

     — Então eu posso te dar uma lista e você vai. – Steve respondeu, surpreendendo o Soldado.

     Ele esperava que Steve quisesse se entregar, quisesse sair para fazer qualquer coisa, mas é claro que o Capitão não queria seguir nenhum plano lógico. Ele era impossível de ler, completamente imprevisível.

     Quer dizer, ele era completamente fácil e previsível, porém não fazia o menor sentido, não dava para acreditar nas decisões que ele tomava e os caminhos que seguia, logo o moreno preferia fingir que em algum momento Steve demonstraria senso de preservação.

     — Ok. – concordou finalmente.

     Sair não era difícil, o problema era não se lembrar exatamente como e em que ordem as coisas estavam acontecendo. Estava no quarto, olhando nos olhos de Steve e sentindo uma coisa estranha na boca do estômago e de repente estava em uma feira em outro lugar com sacolas nas mãos e se dirigindo de volta ao carro.

     Pelo menos o caminho de volta para a base era automático, então não se preocupava mais em se perder e não conseguir mais voltar.

     A estrada passou voando sob as rodas do carro. O rádio estava ligado, tocando uma música aleatória que ele não conhecia. Ele não conhecia músicas no geral, mas se se esforçasse conseguia resgatar ritmos que pareciam vir de uma outra época de sua vida. E haviam garotas e mais garotas que acompanhavam esses ritmos, além de Steve. Steve combinava com todos eles.

    Algumas memórias estavam aparecendo de repente, diferentes das outras. O bom ou ruim de estar com Steve agora era que seu cérebro estava constantemente sendo provocado, trazendo lembranças e cenas de sua outra vida. Aos poucos estava entendendo quem era Bucky e quem era Steve e o que eles eram tanto separados quanto num todo.

     Ainda assim, algo era diferente quando se tratava de Steve. Haviam imagens... ele não estava tão chocado quanto deveria, até porque quem era ele para julgar a pessoa que fora antes daquele dia? Quem era ele, um homem que matara dezenas de pessoas, para julgar um jovem que amasse alguém como Steve?

     Ele tinha noções mínimas do que a sociedade pensava sobre pessoas como quem fora Bucky Barnes (e aparentemente Steve Rogers também), porém passara muito tempo sem poder ter sua própria opinião, então agora que decidiria o certo e o errado seria ele.

     Quem quer que fosse.

~

     — James. – disse para Steve, após alguns minutos de silêncio.

     O loiro levantou a cabeça, confuso.

     — James. – repetiu. – Eu tinha um título, não o quero mais. Você me deu um nome, um nome que veio com um peso que não encaixa no meu corpo ainda. Até lá, eu vou ser James.

     Steve o analisou com cautela. Dava para ver um brilho de alguma emoção não identificada em seus olhos. Ou talvez fosse óbvio, tão óbvio que estava estatelado bem em frente a James e ele não conseguiria apontar o que era. Nunca se tratando de Steve.

     — Tudo bem. Então é James.


Heavy || StuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora