queime as falsas intenções

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NA NOITE EM QUE ELIZE PRESCOTT NÃO MORREU

Algumas horas antes de Scott J. Adams acordar Diana Heins no meio da madrugada, uma festa acontecia na parte mais rica de Westwood. Era o aniversário de Elize Prescott, e ela parecia feliz enquanto andava pelo salão de festas lotado da mansão da família, sorrindo ao cumprimentar convidados, movendo o vestido vermelho de cauda longa pelo chão lustrado como se não estivesse odiando cada pequeno segundo daquele evento forçado pelos seus pais.

Seu aniversário não abria uma exceção aos detalhes chatos, como na maioria das vezes. Primeiro porque não havia ninguém interessante para que Elize pudesse brincar, ou provocar, e segundo porque se ela se comportasse mal, os seus pais saberiam muito mais rápido do que de costume. O fato de ser uma comemoração em sua homenagem não faria com que eles deixassem de ficar de olho nela, temendo qualquer transtorno causado por suas excentricidades, então a noite era como um show de horrores! Elize não passava de um macaco na jaula, sendo adorada e paparicada.

Mas, bem, de qualquer jeito, Elize não pretendia cometer nenhum tipo de desleixo extravagante naquela noite. Estava se comportando como a filha perfeita, deixando todos orgulhosos, mesmo que por interesses próprios. Não era como se ela tivesse decidido cooperar com os pais, muito pelo contrário. A ideia de compactuar com a imagem da família perfeita que era vendida naqueles eventos (festas sociais, aniversários, leilões beneficentes) só lhe interessava quando ela precisava dela. A grande verdade era que Elize, apesar de gostar da perfeição, não fazia questão de que ela estivesse ligada a sua família toda. Ela preferia quando o foco permanecia apenas nela.

Apesar disso, Elize não tentaria arruinar o que seus pais faziam. Ela tinha outros planos.

Apenas uma pessoa naquele evento sabia o porquê do bom comportamento de Elize. Não era um segredo, como se fosse um mistério para a humanidade, mas as pessoas, quando imaginavam os motivos, não cogitavam a verdade: ninguém imaginaria que a garota ruiva mais odiada da cidade poderia se apaixonar.

Pois é, se apaixonar. Quem diria?

Talvez Diana.

— Diana, quero te apresentar ao Sr. Elliot!

Diana não queria conhecer o Sr. Elliot, mas andou até a mãe com um sorriso esbelto no rosto. Havia mais três homens junto a ela e ao seu pai, segurando taças de champanhe caro. Quando Diana os cumprimentou, eles sorriram de um jeito que faria Elize revirar os olhos e chamá-los de tarados. Aquele pensamento quase fez Diana rir, porque Elize havia conhecido esses mesmos homens mais cedo, e todos tiveram medo de olhá-la do jeito errado.

Depois das apresentações, Diana foi liberada para curtir a festa. Não havia muita gente que ela conhecia ali, mas se era a festa de aniversário de Prescott então Elize com certeza lhe arrumaria alguma diversão.

Ah, sim, Elize e Diana ficaram bem próximas depois daquela noite no Tártaro. Descobriram só mais tarde que tinham muito em comum, começando pelas famílias ricas que odiavam — e se odiavam. Pois é! Nem mesmo as duas sabiam, mas os Heins não gostavam dos Prescott e nunca tinham comparecido a nenhuma das festas organizadas por eles. Elas não sabiam bem o motivo, mas depois da amizade das duas primogênitas começar algumas coisas mudaram e os pais de Diana aceitaram o convite para a noite de celebração em homenagem a Elize.

Toda aquela enrolação a parte, Diana procurou por Elize quando conseguiu se livrar completamente dos pais, decidida a fazer aquela noite valer a pena. Se havia algo bom naquela recente amizade era o fato de que nada nunca ficava chato, porque Elize Prescott tinha um dom nato para causar confusão. Um exemplo claro foi quando Diana a encontrou roubando whisky do escritório do pai, no segundo andar.

Queime Tudo (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora