bad desease.

729 112 70
                                    

Se um limite fosse traçado Mark sabia ter passado dele.

Mas era impossível tirar os olhos do garoto, Jisung tinha pintado seus fios loiros de azul e carregado na maquiagem naquela semana, Mark conhecia todos os Jisungs que existiam. O mal humorado que usava o cabelo despenteado e nenhum risco escuro embaixo dos olhos, o sorridente - que aconteceu apenas uma vez - que usava camisetas de cor e delineador com glitter e tinha O Jisung, aquele cru e cabalístico que também não penteava os cabelos e que calças apertadas agarravam suas coxas. Aquele parecia diferente, nem melhor ou pior, apenas diferente.

Jisung era diferente.

E então Mark se viu obrigado a encara-lo, nos corredores, no refeitório, no muro da frente da escola, em todo e qualquer lugar que Jisung estivesse, Lee o observava.

"Cara, você tem que parar com isso." Donghyuck cochicha assim que eles sentam nas mesas do refeitório.

"O que?" Mark procurava Jisung, seu pequeno mistério pessoal.

"O Jeno vai encher o seu saco se souber que você 'tá caidinho pelo Park, então eu aconselho que você seja mais discreto." O mais novo toca em seu ombro e contorce o rosto numa expressão solidária.

"E-eu não 'tô..." Jisung passa pelas portas duplas com um empurrão suave interrompendo a fala de Mark na metade. "caidinho por ele."

"Certo." Donghyuck ri. "Só não deixa o Jeno ver."

Mark certamente não sentia nada pelo Park, era apenas aquela curiosidade que queimava dentro de si sobre os cabelos coloridos e camisetas coladas. As vezes queria ser como ele ou como Sicheng que não ligavam para muitas coisas e apenas faziam.

Desde que saiu do Canadá tudo que Mark fazia era se importar, se importava com as jaquetas caras que usava e com o lugar em que colocaria as mãos enquanto falava, se preocupava em parecer despreocupado e um quase bom garoto, queria que todos o conhecessem e não duvidassem de seu apreço por peitos e cabelos compridos.

Então quando Donghyuck percebeu suas escapadas com o olhar, Mark quis saber apenas onde tinha errado daquela vez, era o jeito que ele tinha beijado Yerim sem ser um idiota com a garota depois? Ou foi o simples fato de ter recusado o convite de Gowon para sair?

Todos seus passos calculados agora pareciam completamente inúteis.

[...]

Quando bateu a porta do quarto naquela quarta-feira deixou algumas lágrimas gordas caírem, aquilo não poderia estar acontecendo, não poderia, não poderia, não poderia...

Achou que toda aquela bobagem de gostar de garotos tinha ficado no Canadá junto a Kevin e seus olhos amendoados.

Mark era um garoto e garotos não gostam de outros garotos.

Enterrou a cabeça no travesseiro ao ouvir os passos de seu pai na escada.

"Mark." Chamou contra a porta, o tom da voz do homem só serviu para que Mark derrubasse mais algumas lágrimas.

"Agora não."

"Eu vou entrar." Ignora os protestos do filho e entra no quarto.

Lee Seungyoon tinha aquela voz paternal que Mark se agarrava toda vez que sentia seu mundo ser remexido, nunca sabia exatamente o que falar, não era bom com palavras mas tinha um jeito de fazer com que tudo parecesse fácil e superável, era realmente um pai.

"Quer jogar basquete?" Pergunta fazendo carinho nas costas do filho.

"Sim." Sempre faziam isso, Mark descontava todas suas frustrações na bola de basquete e seu pai o ajudava com isso depois sua mãe o abraçava com força e parecia retirar todo o peso do mundo de suas costas apenas com algumas palavras de conforto.

[...]

"Docinho, você quer conversar?" Sua mãe pergunta ainda sentada na mesa da cozinha enquanto seu pai tinha saído com a desculpa de comprar sorvete e ele lavava a louça.

"Eu não sei o que 'tá acontecendo." Mark treme ao falar.

"Problemas com garotos?"

Ele faz que sim com a cabeça.

Depois disso Mark não soube mais o que aconteceu, tudo virou uma confusão de soluços e palavras carinhosas, sua mãe afagava seus cabelos e prometia que tudo ficaria bem, afinal eles estavam no século XX e não havia problema em gostar de garotos.

Dormiu ainda sentindo os dedos da mulher lhe fazendo carinho e aquele sentimento ruim no peito levemente enfraquecido.

[...]

Assim que bateu o sinal para o fim da aula de História Mark puxou Donghyuck pelo braço.

"Ai, caralho." Resmungou. "Você me assustou seu fodido."

Mark apenas revira os olhos.

"Olha só..." Começa olhando para os lados para ter certeza que os outros garotos já tinham ido embora. "Só quero que você saiba que o Park é a porra de uma aberração, e além disso é um garoto. Eu nunca sentiria nada por ele."

"Você 'tá sendo um babaca, mas tudo bem. O problema não é meu." Donghyuck mexe o ombro tirando a mão de Mark que estava apoiada ali. "Eu 'tava tirando uma com a sua cara ontem, não precisa levar tudo a sério."

Mark sentiu-se aliviado ao mesmo tempo em que um pouco de culpa preenchia seu peito.

"Só não fala mais isso, ok?" Pede amaciando o tom.

Donghyuck é quem revira os olhos dessa vez, arrumando sua camiseta de Mad Max e voltando a andar sem responder.

[...]

Mesmo tentando conter-se ao máximo e olhar para um certo garoto o mínimo possível Mark foi pego de novo só que desta vez pelo próprio Jisung.

Só na sexta-feira Jisung percebeu os olhos do capitão em si um par de vezes, seus pequenos olhos escuros ficaram confusos ao mesmo tempo que sua boca sorria.

Agora além de Donghyuck, outra pessoa já sabia.

Os garotos por algum motivo dispensaram a carona de Mark naquele dia, voltaria sozinho para casa pela primeira vez em um longo tempo.

Sua cabeça uma hora ou outra acabava voltando para Jisung com seus sorrisos discretos, Jisung com suas mãos enormes que seguravam o lápis de um jeito estranho, Jisung com seu cheiro de cigarro e um botinas detonadas nós pés, Jisung.

"Então você gosta de observar a aberração." Uma voz ao seu lado fala baixo fazendo ele derrubar as chaves do carro no chão.

Park Jisung estava ali, ali e bonitamente trocando o peso de uma perna para outra, Park Jisung tinha falado com ele.

"Hum- o..." Levanta os olhos, grande erro. "O quê?"

"Você 'tava me encarando na hora do almoço, e na palestra do início da manhã, e ontem no muro antes do sinal bater..." Sorri de leve mascando seu chiclete com calma.

"Por que você 'tá falando comigo?" Gagueja de um jeito quase imperceptível ao começar a falar, caralho, Park Jisung estava ali.

"Eu sei que você não é como eles e acho adorável que O grande Mark Lee fique nervoso perto de mim." O jeito que Park falava era hipnotizador. "Seu segredo está  a salvo comigo, não quero acabar com a sua reputação." Pisca um dos olhos e deixa Mark sozinho novamente.

O que tinha acabado de acontecer?

baby blue love - marksungOnde histórias criam vida. Descubra agora