A Festa

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São Paulo, 26 de outubro de 2015, 22:35.

Capitani folheava o que parecia ser apenas um arquivo comum, mas na verdade era uma ficha criminal. A ficha falava sobre um conhecido mafioso carioca, que era conhecido tanto por seus comparsas quanto pela polícia pelo codinome Baratta. Pouco se sabia sobre ele, apenas que havia nascido no Rio de Janeiro e que comandava uma das maiores facções de lá. Na ficha continham, além de todos os mandatos de prisão, algumas fotos do homem: era alto e musculoso, sempre andando de óculos escuros e recentemente havia adquirido uma tatuagem nova no pescoço: um rato verde segurando algo como uma besta. Baratta era absolutamente descarado em suas decisões: tinha tatuagens enormes em locais muito aparentes pelo corpo, andava sempre com vários outros homens à sua volta, dava diversas festas nos morros cariocas e mesmo assim nunca era pego. Tudo nele sinalizava um desafio em voz alta: "Eu duvido que vocês conseguem me pegar". Outros haviam morrido por muito menos, mas ele não. Ele com certeza não era como os outros, por isso estava na liderança a tanto tempo.

- Acabamos de receber a confirmação. Ele realmente está aqui. - Disse Flávio, apreensivo.

- Por que não prenderam ele no aeroporto? - Disse Capitani, irritada.

- Ele sabe o poder que tem... Ou você queria um tiroteio dentro de um lugar fechado com um monte de civis? - Respondeu seu parceiro.

- Ele só tem todo esse poder porque vocês permitiram. Eu avisei que ele era uma ameaça desde o começo, mas ninguém me escutou. Agora temos um problemão pra resolver. Temos não né, eu tenho.

- Você sabe que é a única daqui capaz de lidar com essa situação.

- Infelizmente... - Respondeu ela, bufando.

- Vamos lá, vai ser um trabalho rápido e tranquilo.

- Você vai ficar me devendo uma, Marcos. E eu vou cobrar.

- Desde que você resolva o problema, eu te pago o que você quiser.

- Vamos ao ponto: Qual é a missão?

- Bom, o mesmo de sempre. Você precisa ir lá, matar ele e preferencialmente sair viva.

- Tá, e quando eu vou fazer isso?

- Nesse sábado, ele vai dar mais uma daquelas festas que ele adora, mas dessa vez aqui. Pelo que a nossa inteligência descobriu, essa será à fantasia. Imagino que isso facilite um pouco as coisas pra você.

- Com certeza. Essa missão vai ser bem interessante, você não acha?

- Sem dúvidas. Apenas volte vitoriosa e intacta, Certo?

- Espero que não esteja duvidando de mim - Respondeu Capitani, com um sorriso de canto.

- Eu? Jamais. - Respondeu Flávio. Aquela era uma brincadeira bem antiga entre os dois, que já haviam trabalhado juntos inúmeras vezes e acabaram criando uma amizade que ia muito além do simples trabalho.

- Acho bom mesmo - Respondeu a agente, se retirando do local com um andar decidido.

Muitas ideias passaram pela cabeça de Capitani ao longo dos dias. Ela pensou em ir de agente secreta (como as dos filmes), mas imaginou que poderia ficar muito exposto o que ela realmente era... ou ela apenas estava sendo paranoica. Também pensou em ir como princesa, algo que esconderia bem suas intenções, mas o vestido poderia atrapalhar uma possível luta. Por fim, ela resolveu usar algo mais confortável, mas ainda lúdico: iria como uma ninja. Encomendou um kimono vermelho e curto com sua costureira de confiança, além de comprar uma máscara japonesa. Usava botas de cano longo e carregava kunais enormes, de plástico, mas que escondiam lâminas retráteis dentro dela. Isso pra não citar todos os elementos cortantes dentro das suas botas e roupa. Capitani sabia que a segurança da entrada de lá não seria das melhores, pois mesmo que Baratta se expusesse muito, ainda tinha seus seguranças pessoais, que sempre estavam ao redor dele para neutralizar qualquer tipo de ameaça. Mesmo se sentindo confortável naquela fantasia, a mulher ainda sentia falta de seu uniforme: Calças largas e top, com todos os apetrechos possíveis. Ainda assim, ela não tinha muito do que reclamar das roupas que usava no momento, já estivera em situações muito piores. Ia dar tudo certo, como em todas as outras vezes.

A SombraWhere stories live. Discover now