Ela Salva a Si Própria

Aniversários

Apesar de parecer uma total bobagem, eu sempre adorei os aniversários. Gostava de coisas simples, que as pessoas que eu amava estivessem lá, porque sempre foi o único dia no ano em que eu me sinto especial, que recebo abraços com amor e mensagens com carinho.

Raramente tive festas de aniversário, só quando meus avós realmente tinham condições de fazer uma, mas geralmente era eu, eles, duas tias e uns três primos no máximo. Sempre achei melhor assim, porque talvez quanto menos pessoas de fora, quando eu me afastasse delas, menos lembranças teria para me torturar.

Sempre fui o tipo de pessoa que começa as coisas pensando no seu fim, em como tudo vai acabar e em como não sair desmoronando nesses finais. Porque quanto menos pessoas na nossa vida, menos decepções vamos ter, acredite você ou não.
Em particular, os meus aniversários sempre foram os dias em que eu reforçava esse pensamento, porque lá só estavam as pessoas que nunca me decepcionaram, e também as que nunca foram embora.

O meu aniversário de treze anos foi o melhor, meu primeiro amor de verdade estava lá, ninguém estragou, e eu estava feliz. E pensar que lembrando disso hoje, mesmo tendo tanta maturidade aos treze anos, ainda era muito inocente sobre o mundo e as pessoas.
Mas a cada aniversário você fica mais velho, sua maturidade aumenta, as decepções e partidas também, não tem como evitar, é o que eu costumo chamar de o inevitável labirinto. Somos nós.

Em dois meses faço dezoito anos, a tal liberdade, não sei se estou realmente pronta pra lidar com isso e as responsabilidades que vem com isso. Como vai ser? Como vou conseguir um emprego? Vou conseguir conciliar estudos e trabalho? Tantas perguntas, a ansiedade de um assustador futuro, que se aproxima aos poucos mas nunca chega, o medo que te consome por algo que não se sabe como vai ser ou como fazer ser do jeito que imaginamos. Medo, somos feitos dele. Mas o pulso ainda pulsa, estamos todos vivos