Capítulo 1: O começo de tudo

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  A enorme floresta com vegetação densa me causava arrepios. Olho para cima e me deparo com um céu completamente sem estrelas, sem vida. Era impossível não sentir medo naquele local, sua atmosfera era hostil, e me fazia ter mais certeza do enorme erro que era estar ali.  

  Meus pés já não me obedeciam mais, andavam floresta adentro mesmo sem meu real consentimento, como se eu já não tivesse mais controle do meu próprio sistema nervoso. Talvez o mais perturbador daquele local, fosse o silêncio. Nenhum animal silvestre, nenhum barulho de carro, e nem sequer o barulho das folhas se mexendo com o vento. Tudo que sou capaz de ouvir, são meus próprios batimentos. Quase até mesmo podia ouvir o sangue passar por entre minhas veias e artérias, tamanho era o silêncio.

 Sinto meu braço ser fortemente agarrado, forçando-me a virar. Dou de cara com ele. Meu coração acelera, meus membros ficam dormentes e da minha boca, não sai sequer um ruído. Aquele era meu fim. Eu sentia isso muito forte dentro de mim...

PIPIPIPI

  Levanto-me da cama assustada e suada. Olho para a cabeceira e vejo meu celular despertar. “meu herói”, pensei. Vou ao banheiro, lavar meu rosto molhado de suor. Mais uma noite com aquele maldito sonho. Desde a minha infância eu tinha pesadelos como esse, porém faziam anos que não passava por uma sequência de pesadelos.

  Olho para o espelho em cima da pia. Era um ótimo dia caso algum diretor quisesse me contratar para talvez estrelar em um filme de terror. E ainda economizaria na maquiagem. Bufava uma risada baixa com esse meu pensamento “engraçado”. Vou ate o box e trato de tomar um banho para acordar de vez.

  Vejo o horário e percebo que demorei mais do que o planejado naquele banho. Apresso-me na minha higiene matinal e me vestia rápido. Pego a primeira calça que vejo no armário, juntamente com uma camisa cinza com gatinhos pretos. Adorava aquela camisa.

  Coloco um pouco de ração em uma vasilha e logo uma bola de pelos surge correndo e atacando a ração.

  - Bom dia Morgana... – dizia enquanto acariciava os pelos da gata vira lata de pelos pretos e brancos.

  Olho mais uma vez meu celular, para me certificar que eu estava quase atrasada. Caso eu chegasse atrasada mais um dia, era certeza que a professora de ecologia ia vender meus órgão no mercado negro. Não sei como ela não foi obrigada a se aposentar ainda. Tão ranzinza que passa trabalhos, mas quer feitos a mão, pois a “tecnologia esta estragando nossos cérebros”, mas ela não parecia se importar em estragar o meio ambiente com todas aquelas folhas.  Mesmo sendo bolsista e mantendo minhas notas boas, essa mulher insistia em implicar comigo caso eu chegasse um minuto atrasada ou desse um misero bocejo em sua aula. Pelo menos ela é insuportável assim com todos.

  Pego minha mochila com estampa de gatinhos e me apressava para a faculdade. No elevador arrumo meus cabelos já mais secos. Aproveito e dou uma leve olhada no meu reflexo. Meus cabelos tingidos de roxo caiam até o meio das costas. Desprovida de altura, encontro-me com 1,53 desde o final do fundamental, porém naquela época isso era alto pra minha idade.

  Minha mãe tinha razão, eu parecia uma garota do ensino médio. Não apenas pela altura mas também por conta de como eu me vestia. Mas quem disse que eu tomo vergonha?  

  Vou caminhando até a faculdade. O campus de biologia ficava a uns vinte e cinco minutos caminhando rápido. Mas claro que eu sempre deixava chegar nos finalmentes pra sair de casa.

 No caminho paro no sinal, esperando minha vez de atravessar. Pego meu celular para ver as mensagens. Meu melhor amigo havia me avisado ontem que as primeiras aulas foram canceladas pois iriam dedetizar as salas no final de semana, e tudo voltaria ao normal por volta de quarta feira.  Socava-me mentalmente por ser tão lerda ao ponto de não ler as mensagens antes de ir dormir. Mesmo assim decido não voltar direto para casa. Vou para uma cafeteria local, afogas a frustração em um enorme pedaço de torta de chocolate.

Paixão perigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora