Parte B

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N.P Liz

    A vida dele é vazia. É solitária. É triste. Sem cor. É mais do que difícil. É monótona, e sem destino. A vida dele, é morta e ninguém se importa...

    Depois de meses morando aqui em Stanlen Hall, eu observo aquele garoto que caiu da árvore, e foi daí que pude fazer essa anotação.
    Ele não é o louco que dizem que ele é... Eu sei. Como? Não sei.
Ele é lindo. Pele branca, cabelos pretos que vão até o meio do pescoço, olhos azuis...

 Pele branca, cabelos pretos que vão até o meio do pescoço, olhos azuis

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Enfim, ele é lindo. Mas é triste, depressivo, suicida, e por sua fama não tem amigos.
Tenho que ajudá-lo, eu preciso, por que eu sei como é isso.
    Desde quando cheguei, não o vi sair, não o vi mais sorrir. Ele tem um sorriso lindo, mas aquele dia foi a última vez que o vi sorrir. Agora, só o vejo no quarto, sentado, lendo, já o vi chorar inúmeras vezes nesses meses, e eu não sei porque, mas isso me dói muito.
    Duas horas da manhã e eu não consigo dormir, levanto, deito, rolo na cama, sento, e nada. Fui fazer um chocolate pra mim quando o vejo, não muito longe, ele está sentado em um banco, chorando, e começa a chover. Espero mais um pouco para ver se vai sair dali e vejo que não. Pego um guarda-chuva, e vou até ele:

---- Olá, você precisa de ajuda? -eu disse colocando uma das minhas mãos no seu ombro.
---- Não sei se você pode me ajudar. -ele responde abaixando a cabeça.
---- Talvez eu possa. Venha comigo.

Levei ele para minha casa. Eu sei que a única coisa que ele precisa agora, é conversar ou um simples abraço.  Mas imagino que ele não irá falar o que está acontecendo tão rápido.
    Quando entramos, o surpreendi com um abraço bem forte e ele no mesmo instante retribuiu o abraço com intensidade, seus braços eram ligeiramente musculosos e me deixavam bem segura. O abracei porque sei que em momentos assim, o que mais precisamos é de um abraço, ou qualquer demonstração de carinho que possa fazer com que percebamos que alguém se importa.
   
    ---- É a primeira vez em três anos, que eu recebo um abraço.

    O abracei com mais força, e minha cabeça estava na altura do seu peito. Aquele frio que momentos antes estávamos sentindo não existia mais. Eu o apertei um pouco mais, me envolvendo mais naquele calor; ele retribuiu me apertando também e ele me tirou do chão. Ficamos um tempo ali, nenhum de nós dois queria se afastar e em um mesmo momento, nós nos afastamos.

---- Olha, precisamos de um banho.
---- Sim, mas minhas roupas estão encharcadas e não terei o que vestir depois.
---- Não se preocupe, eu tenho roupas aqui que eram do meu irmão.
---- Ata. Obrigado. Mas, onde fica o banheiro?
---- Vá direto nesse corredor, e vire a direita, abra a porta branca. Não será difícil achar pois ela é a única porta branca neste corredor.
---- Ok. E você?
---- Eu?
---- É, onde vai tomar banho?
---- Há, eu vou junto com você. -ele me olhou espantado.
---- Q-q-que? Co-migo?
---- Calma, é brincadeira. Acho que deve ter uns cinco banheiros nessa casa.- respondi rindo pra ele. Precisava que ele se sentisse mais à vontade.
---- Ata. -ele riu também.

15 minutos depois:

   Esqueci de dar a toalha e as roupas.

    ---- Ei, vou deixar a toalha e as roupas penduradas aqui do lado da porta. E vou te esperar na sala. -Eu disse não obtendo resposta.

   Poucos minutos depois ele saiu. Ele ficava muito bem com as roupas do meu irmão. Escolhi pra ele um moletom cinza e uma calça moletom vermelha.
    Ele me olhou dos pés a cabeça e eu estava vestindo uma camisola preta com detalhes em  cinza. Me apresentei:
  
    ---- Bom, como não tivemos oportunidade... Muito prazer, eu sou Elizabeth Wentwork, mas pode me chamar de Liz. -Eu disse estendendo minha mão.
    ---- O prazer é meu. Eu sou Harrysson Phark's, mas pode me chamar de Harry. -Olhei com uma cara de: Ah, eu já sabia.
   
   Eu já havia pesquisado sobre Ele, mas o que eu já sei, e o que eu não sei, preciso que ele esteja aberto o suficiente comigo para falar. Não quero que saber das coisas por que eu pesquisei, e sim por que ele mesmo teve confiança para me contar.
    Me sentei no sofá, e pedi para que ele viesse junto à mim. O envolvi em outro abraço com ele sentado ao meu  lado. Ele retribuiu e eu fui me deitando devagar; cada vez que eu decia mais ele ficava com a cabeça em meus seios. Eu o apertei contra eles sem perceber, e disse:
  
    ---- Você não está mais sozinho Harry, e eu também me sinto como se estivesse morrendo...
    ---- No fundo, eu já sei que estou morto.
    ---- A morte da alma, é pior que a morte física, mas mesmo assim pode ser revivida.
    ---- Você é muito boa Liz, não deve perder seu tempo comigo.
    ---- Perder meu tempo?
    ---- Sim, perder seu tempo com esse cara louco aqui. Nunca ouviu falar sobre mim aqui?
    ---- Sim, eu já. Mas eu sei que você não é louco.
    ---- Como sabe?
    ---- Um louco não diria que é louco, para voltar ao seu próprio e solitário "cativeiro". Um louco diria que não é louco, e descontroladamente me pediria ajuda para fugir.
     ---- Está certa senhorita Wentwork, mas nem todos são loucos porque não querem. Ás vezes são loucos porque é a melhor saída para sentir que a culpa de tudo que acontece de ruim em sua vida, não é sua.
     ---- Concordo senhor Phark's, nessa parte eu concordo; afinal, querendo ou não todos  temos uma loucura dentro nós mesmos...
    Depois que falei isto ele adormeceu, e fiquei fazendo cafuné em seu cabelo macio, passava meus dedos por suas orelhas levemente, passava por seu pescoço o fazendo se arrepiar; e logo depois eu dormi junto à ele.
    Acordei umas 3 ou 4 vezes, ficava pensando se ele iria querer voltar aqui em casa. Lembrei que ele tinha que voltar para casa antes de ficarem preocupados com ele em casa.

    ---- Harry, acorde. Você tem que voltar para casa.
    ---- Daiana! -Ele disse espantado- Ela vai deixar os remédios.
    ---- Que horas ela vai?
    ---- Umas nove.
    ---- Ela ainda não Foi. - Eu disse olhando para o relógio de parede que marcava 8:15.
    ---- Obrigada por ontem, eu me senti muito melhor.
    ---- De nada. Precisamos conversar, você quer?
    ---- Hum... Minha mãe sempre me disse pra não conversar com estranhos. - Brincou.
    ---- É, mas eu não sou mais tão estranha assim. -sorri de lado
    ---- Está bem, eu até converso. Mas será difícil sair de casa, Minha madrasta trabalha em casa e sempre que pode faz questão de ir me irritar no meu quarto. E aí, ela pode ver que eu saí.
    ---- Correto, vou ver o que eu posso fazer por aqui. -disse com um sorriso malicioso.
   "Vou ver". Não vou ver, eu já sei. Só não vou assustá-lo dizendo que com algumas 2 informações posso mandar sua madrasta pra China, durante 4 meses.

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