Capítulo 1: Enfim, foda-se.

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    Estava tudo indo muito bem esta noite... Eu estava bem, até eu escutar: "toc, toc". -A vaca chegou.
   
  -Não sei pra que você bate Daiana, sendo que de qualquer jeito você entra.
   -Boa noite pra você também "filhinho". Está na hora dos seus remédios.
   - Deixa logo isso aqui e cai fora. -eu disse revirando os olhos.
   -Pois bem, estão aqui.
   
    É, nunca vou me acostumar com o fato dessa mulher está no lugar da minha mãe. Enfim, dane-se.
    Não compreendo o porquê ela ainda continua a deixar estes malditos remédios, sendo que ela sabe que eu jogo eles fora.
Ela é inteligente, não compreendo porquê ela se faz de burra... foda - se ainda quero que ela vá pro inferno.
Pensando bem não é  bom da minha parte querer que ela vá pro inferno. Se ela for, ela vai é atazanar a vida do pobre do capeta.
    Outro dia entediante, acabei de ler mais uma caixa de livros. Concerteza, Cad Phark's, vulgo "pai", vai trazer mais livros amanhã.
    Ontem eu tive um sonho, que foi mais real do que nunca, e menos bizarro do que normalmente são os meus sonhos.
    No sonho estavam Cad, Daia-
na e minha mãe Mary. Minha mãe foi para uma reunião com os acionistas de uma das empresas dela. 15 minutos depois, Daiana chega e logo meu pai abre a porta.
No sonho, todos nós éramos mais novos, e eu tinha mais ou menos 4 ou 5 anos. Meu pai sobe com a Daiane e
eu os sigo. Eles entram no quarto da minha mãe e eu fui lá pra baixo assistir televisão. De lá dava de ouvir os gemidos da Daiane. Fui perguntar pro meu pai qual seria aquela brincadeira que ele e Daiana estavam brincando, pois parecia divertido, além de render tantos gritos, e ele respondeu que eu não precisava saber agora. Então me disse que se eu não contasse para minha mãe sobre aquela brincadeira, ele convenceria minha mãe a comprar aquela coleção de armas de brinquedo que ela nunca me deixara ter. E no sonho ele conseguiu, me lembro que fiquei muito feliz, e foi aí que eu acordei.
    Nada pra fazer. Já li todos os livros, fiz o diabo a quatro sozinho nesse quarto, mas mesmo assim o tédio toma de conta. Pelo menos posso ouvir um pouco de música em uma caixinha de som, e observar a rua, o ruim é que raramente passa alguém aqui. Lixo de vida.
    Chuva! Até que enfim algo bom. Além de deixar o clima melhor, ouvir o barulho das fortes gotas de água caindo no chão me acalma.
    Felizmente, Daiana saiu cedo e eu não estava acordado. Deixou os remédios no criado-mudo.
    Essa Chuva, além de me acalmar me deixa um pouco melancólico. Me lembra de quando eu brincava com minha mãmã (jeito carinhoso que eu me referia a ela. E ela amava quando eu a chamava assim) na Chuva quando eu era menor.
Ainda pra completar com a chuva e a melancolia, toca minha música preferida: One More Light, da banda Linkin Park. Agora a chuva ficou mais forte, tive lembranças e pensamentos que eu sei que nunca mais vou poder alcançar. Ficou tanto mais frio por fora quanto por dentro de mim, senti um vazio, e uma solidão pior que começaram a me corroer por dentro. Tentei segurar as lágrimas, mas não consegui. Meu corpo tremia e minhas mãos estavam geladas como a neve, as lágrimas escorriam no rosto como a água que desce de uma cascata. Me senti pior do que nunca.
    O fato de eu estar completa- mente sozinho me faz ficar com tristeza, raiva, angústia e uma enorme vontade de gritar. E foi o que eu fiz. Gritei com toda a minha força, soquei e bati minha cabeça nas paredes, descontei um pouco da minha raiva, e me cansei; meus punhos sangraram, e mancharam as paredes brancas. Já cansado, me encostei no canto de uma parede, fui descendo chorando e quando cheguei no chão, eu dormi.

    Acordei mais ou menos às nove da manhã, e vi que a caixa de livros já estava ali. Todo mês Cad ("pai") deixa a caixa pessoalmente (que bom, assim Daiana não me irrita).
Cad nem me acordou pra perguntar pelo menos o que havia acontecido aqui dentro ontem. Sei que foi ele que deixou a caixa, pois Daiana




Chegou para deixar os remédios, logo após eu ter acordado e visto os livros.
    ---- O que aconteceu Harry? Teve um ataque de loucura foi? Pela sua cara vejo que acertei. Da próxima vez me chame para ver o showzinho, se você deixar eu até gravo pra ficar de lembrança. Vou assistir comendo "pipoquinha". -Não resisti, e mostrei o meu dedo do meio pra ela. Megera.

    Eu até já tentei não odiar essa mulher, mas ela não me dá escolhas. Desde quando eu era pequeno, nunca gostei dela. E ela tentava se fazer de boazinha... mas nunca deu certo. Minha mãe nunca havia percebido. Mas tenho que admitir que ela era uma ótima atriz.
    Ela só vem pra me deixar pior do que estou. Sempre. Pra ela, diversão é me ver triste.
 
    A melhor saída talvez seja a morte. Quem sabe né? Cortar os pulsos, me enforcar, encher a banheira e me afogar lá dentro... talvez seja esse o melhor caminho, para sair deste inferno de vida.

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