Atribulação

14 8 13
                                    

  Segui para o elevador em silêncio, com os dois atrás de mim. Harry era uma pessoa adorável, mas eu olhava para ele e me sentia enganada. Mas eu fui mesmo. Todos eles me enganaram, e por culpa daquele merda do Zayn, eu estava prestes a entrar no inferno novamente. 

 Entramos no elevador e mantivemos certa distância um dos outros, enquanto eu apertava no botão do andar da garagem. Zayn estava escorado na parede no fundo do elevador. Eu estava bem próxima das portas, virada de costas para ele. E Harry estava no meio, sem entender nada.

-Por que eu sinto que não deveria estar aqui?- Harry perguntou, quebrando o silêncio sufocante.

-Está tudo bem, Harry.- eu disse.-Você não é o problema aqui.

Senti Harry se aproximar de mim relutantemente.

-Eu sei que você já sabe sobre nós.- sua voz era baixa, para que só eu pudesse escutar.- E sei também o que houve naquela casa.

Levantei o olhar para seu rosto, assustada pelo assunto repentino.

- Aonde você quer chegar com isso?-perguntei.

-Você não pode entrar numa missão nesse estado.

-Que estado?- perguntei mesmo sabendo o que ele queria dizer.- Eu estou bem. Eu sempre estou.

-Seus dedos não param de bater em seu braço, você está pensativa demais e eu consigo ver sua camisa colando em suas costas, sinal de suor frio.-ele disse, me analisando.- Eu sei disso porque eu também fiz medicina e estudei psicologia por um tempo.

Observei-o por uns segundos e as portas se abriram, nos mostrando vários carros da espaçosa garagem. Saí do elevador ainda sem dizer nada para Harry.

-Parabéns.- ignorei completamente minha frustração por ser ter sido tão exposta.- Mas eu não tenho escolha, tá legal?

Escolhi um carro grande e preto e entrei no banco do motorista. Harry entrou no banco do passageiro ao meu lado e Zayn sentou no banco de trás.

-Por que não? Ele é a sua família.-ele insistiu. Tive vontade de rir. Mal sabe o que minha " família" já fez comigo.

-Não que isso seja da sua conta, mas essa missão é uma punição para algo errado que eu fiz.

-O que você fez?-ele perguntou.

-Pergunta pro seu amigo.-virei um pouco o pescoço para poder olha-lo. Ele me encarava como se fosse um absurdo ele estar lá e não na frente.

-Você tem certeza que está bem para dirigir?-Harry perguntou, abaixando o tom de voz.

Eu não sabia o motivo por eu estar dando tanta liberdade para ele falar no assunto. Mas de algum modo, Harry me mostrou que estava tudo bem. 

-Tenho.-eu disse, respirando fundo.- Eu sei o caminho. Quanto mais rápido isso acaber, melhor.

-Tudo bem.-ele concordou e se virou para frente.

Liguei o carro e saí da garagem bem rápido, ouvindo o grito dos pneus, e isso pareceu incomodar Harry.

-Estamos correndo perigo nessa missão?- Harry perguntou após um tempo.

-As chances são mínimas. 15%, na verdade.-expliquei.

-Não deveria ter nenhuma chance.- ele comentou.- Vamos apenas procurar por algo dentro da sua antiga casa.

-Não teria se não fosse pelas novas pessoas morando lá.-comecei.- Meu bairro abrigava pessoas importantes e sem contar que aquela casa foi alvo de inimigos algumas vezes. O que nos leva a pensar que os novos moradores podem estar morando lá para procurar a mesma coisa que nós. Então, se você multiplicar e fazer a distribuição das variáveis, você chegará num resultado de 15% de chances.

Modified| Z.MOnde histórias criam vida. Descubra agora