Brincadeira sem graça

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Capítulo 1

"Em um momento estamos cercados
por alegria e riso
e no outro estamos sendo empurrados do abismo"

          _Évelly Cristina             

Desde muito cedo, o jovem herdeiro da família Parker aprendeu a prática de nadar, se conectando completamente com o esporte. Com apenas sete anos de idade, o garoto foi convidado a fazer parte de uma equipe, ele treinou e competiu pela mesma, atraindo assim a atenção de olheiros e sendo contratado por uma equipe maior, competindo por ela até seus quatorze anos de idade.

Com quase quinze anos, fez um teste com o treinador da equipe que ele tanto ansiava, a famosa Water Angels, mesmo estando muito nervoso, Ethan obteve sucesso e foi aceito.

O jovem Parker treinou com muita garra e determinação, treinava de segunda á sábado, cerca de cinco horas diárias na piscina e uma hora de academia em três dias na semana.

Ethan era o que se pode chamar de badboy, o garoto mais popular da escola, tinha notas razoáveis, por conta da exigência de seu técnico ,que era responsável por sua vida profissional e em parte na pessoal. Era o garoto mais cobiçado dentre as garotas de toda a escola.

Tinha toda e qualquer garota que desejasse aos seus pés, tanto por sua beleza quanto por suas conquistas e fama. Fato que o fazia usá-las e jogá-las fora como se fossem objetos descartáveis, aumentando assim, sua autoestima e autoritarismo.

Em um dia de tristeza, o rapaz foi vítima de um acidente gravíssimo. Graças aos céus conseguiu escapar do mesmo com vida, e foi levado a um hospital próximo, onde ficou em coma por algum tempo. Quando acordou, despertou consigo uma alegria enorme em sua mãe, que o acompanhava desde o local do acidente, quando fora chamada pelo corpo de bombeiros local.

Mas a alegria da senhora Parker se esvaiu em tristeza na forma de lágrimas e desespero, assim como a de seu filho que agora via sua vida e seus sonhos sendo jogados ao vento quando o médico lhes deu a trágica notícia.

— Ih, olha lá o aleijado — Ethan ouviu uma voz masculina exclamar rindo com os outros tantos alunos que se encontravam espalhados pelo extenso corredor.

O jovem estava em mais um dia de tortura em seu colégio, no qual só estudavam filhos de grandes empresários, advogados, médicos e de tantos outros grandes profissionais que pagavam uma mensalidade altíssima para que seus herdeiros tivessem acesso ao ensino de melhor qualidade. O que não era o caso de Parker, que não era nenhum filhinho de papai, muito pelo contrário, se estava estudando ali, era por seu próprio esforço.

— Fala perninha — ouvia mais e mais gargalhadas.

— Como vai, seu Nino? – Senhor Nino era um homem estrangeiro já de idade avançada, com seus poucos cabelos grisalhos já começando a cair, que sobreviveu a Segunda Guerra Mundial e que, segundo a história que o povo conta, após o término da mesma colocou suas pernas nos trilhos do trem com a intenção de perdê-las, já que uma havia sido atingida por uma bombarda, e poder então, cortar filas e conseguir dinheiro fácil com esmolas e doações — Quero dizer.. versão mais desgraçada do velho, é filho dele? — perguntou uma garota loira com uma clara ironia em seu tom de voz, rindo em seguida junto aos demais que assistiam ao show.

Era incrível como o som das risadas ecoava cada vez mais alto e intenso pelo enorme corredor e como cada vez parecia haver mais gente. Quando ouviam gargalhadas, os alunos se aglomeravam próximos ao garoto, uns apenas assistiam a cena com o olhar repleto de pena, enquanto outros se juntavam aos que zombavam do mesmo.

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