Sim, eu me importo

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Não é nenhuma novidade que as pessoas conseguiam mexer facilmente comigo, um exemplo é - ou era - Jinyoung, mas não é dele de quem estou falando. Não é nele em quem estou pensando. Sonhando. Era Jackson. Na verdade sempre foi Jackson, só nunca quis admitir. Não que Park não mexesse comigo, pois sim, mexia bastante, mas era diferente. Aquele bilhete que o mais jovem deixou na cafeteria alguns dias atrás ficou completamente plantado em minha mente, e não somente nela, trouxe o pequeno papel para casa e o pus fixado na lateral do espelho para não cair, bem debaixo de umas fotografias.

Por quê?

Talvez para me remoer diariamente tentando entendê-lo. Ou só para acordar, lê-lo e sorrir. "Você precisa parar de ser tão derretido facilmente" pensei enquanto saía de casa, dirigindo-me a faculdade já que tive folga no trabalho hoje e aproveitei para dormir mais. O fato de não ver Jackson desde aquele dia me incomodava bastante, mas o que posso fazer? Meus pensamentos não podem ficar somente voltados a ele senão posso interpretar as coisas de modo errado. Se isso já não estivesse sendo feito.

Longos textos, trabalhos, escritas e apresentações. Não havia um dia de aula que não fosse cansativo e, como se não fosse o suficiente, o professor mais uma vez passou um trabalho com pesquisa na biblioteca. Geometria analítica era só mais uma matéria complexa, cheia de poréns e detalhes que infelizmente eram importantes demais para serem deixados de lado. Mais uma vez me via naquela biblioteca tarde da noite copiando, analisando e expressando tal dito. Mensagens e mais mensagens de Jaebum e Youngjae chegavam em meu celular e apenas parei para responder que, por mais que fosse sexta-feira, não daria para encontrá-los. E palavrões foram proferidos para mim, muitos, muitos palavrões. Mas não na intenção de me ofender; desses que amigos mandam diariamente uns para os outros.

Meus olhos lutavam contra minha mente pois queriam fechar-se, o ardor era forte. Tomei muitos copos de café para manter-me acordado e funcionaram mais do que o esperado, tirando por ora meu sono. Terminei o mesmo e devolvi os livros as suas respectivas prateleiras altas, guardei as sete folhas que havia feito em uma pasta e a pus dentro da mochila, saindo da faculdade. Quase quatro da manhã, com certeza o segurança me dará uma bronca por incomodá-lo para abrir o portão essa hora. E daria, certeza que daria, se estivesse acordado. Simplesmente saí em silêncio e segui para o ponto de ônibus. Sentia que congelaria a qualquer momento, as madrugadas em Seoul eram extremamente frias e pegar um resfriado nessas condições era preocupante. Sentei-me no banco para esperar o transporte passar e assustei-me ao ouvir ao longe várias risadas altas, logo depois despedidas e então o silêncio de novo. Um frio floresceu em meu âmago quando pude escutar som de passos em direção onde estava, passos descompassados e arrastados. Por um momento só conseguia ver uma sombra há alguns metros, tal que fora se aproximando. Algo similar a medo preencheu-me e um arrepio percorreu todo meu corpo. Mas, quando a figura alcançou a luz que iluminava o ponto de ônibus senti um alívio imenso, tal que durou pouco tempo quando o vi cair no chão, logo depois se levantando e apoiando-se nas barras de metal que sustentavam o local. O sentimento fora tomado por preocupação o vendo naquele estado e logo levantei, indo em sua direção.

- Você está bêbado, Wang? - Questionei assustado.

- Por que quer saber, hm? - Disse e, mesmo ainda longe, era perceptível o cheiro forte de álcool.

- Não fale assim comigo. - Cheguei mais perto e percebi que o outro tremia de frio, também pudera, com uma camiseta daquelas quem não sentiria. Seus braços estavam completamente expostos, assim como uma parte de seu peito devido ao decote - Vista isso. - Disse tirando meu casaco.

- Não, é o seu moletom favorito, não posso. - Falou emburrado referindo-se ao moletom que tirei e estiquei para ele.

- Vista, você está quase nu e está frio demais para ficar com esse tipo de roupa. Também não estou pedindo, estou mandando. Sou seu hyung. - Ditei firme.

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