Receio

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Receio.

Jungkook entrou no carro com pressa, fechando a porta. Era importante manter a calma enquanto fazia algum serviço, e ele entendia isso. Quando o carro acelerou, entretanto, Jungkook pôde sentir o olhar de Hoseok pesar sobre si.

Tinha algo errado.

Olhou para ele com dúvida, tentando fazê-lo dizer algo, mas Hoseok apenas virou-se, atento a estrada que se fazia a frente.

Respirou fundo, olhando pela janela.

Acontecimentos como aqueles eram normais. No meio da noite, serem chamados para darem conta de mafiosos. Mas não daquele modo. O silêncio parecia o real inimigo ali. Informações sobre o que estava para enfrentar, nulas. Podia sentir a tensão, o indício de medo correr por seu corpo, ameaçando transformá-lo em uma máquina a controle das emoções.

Engoliu em seco, sentindo o suor acumular contra sua testa. Podia ver no GPS a localização em que estavam, e o local exato para qual deveriam ir, onde um vermelho piscava a cada segundo. Tornava-se intimidador. Os minutos dentro do carro transtornavam-o. A sensação de estar entrando em um ambiente diferente dos demais, em um universo paralelo.

Estou ficando louco, pensou, acordando do transe quando o carro parou há alguns metros de uma grande casa de dois andares. Ela estava localizada ao redor de muitas árvores e arbustos, era fácil esconder um carro. Entrar na casa também parecia ser a tarefa fácil. Mas pela primeira vez, estava com medo de não conseguir sair.

— Escute. Esses são os avisos — Hoseok falou, deixando Jungkook atento às suas palavras. — Há dois integrantes da Máfia lá dentro. Membros considerado classe A. E sabe o que significa? Assassinos que não terão pena ao torturá-lo até abrir a boca para dizer o que é e o que faz — explicou calmamente, contrastando com o olhar apreensivo. Por que pareciam ter o mesmo sentimento de incoerência ali? — Nós entraremos lá e daremos um fim nisso de forma rápida. Saia vivo. O apoio demorará cinco minutos para chegar. Precisamos ser cautelosos, muitos de nós deixará claro nosso plano. Está com medo?

Silêncio.

Não que a resposta viesse. Ela nunca vinha. Jungkook jamais tivera medo de enfrentar aquela mesma ladainha todas as vezes. Sabia o que tinha que fazer, e sempre fazia perfeitamente. Mas até mesmo a "ligação" que possuía entre suas habilidades, estava abalada com o sentimento de confusão.

— Ótimo — Hoseok murmurou, pegando a própria arma e apertando-a em mãos. — Vamos!

Não houve despedidas calorosas ou desejos de boa sorte. Precisavam concluir o trabalho. Precisavam voltar vivos. Não era uma escolha fracassar.

Jungkook deixou que Hoseok tomasse a frente, o corpo maior encostando-se na parede ao lado da porta. Parou do outro lado, olhando para o mais velho e assentindo. Uma das mãos de Hoseok tocou na fechadura, forçando-a devagar. A porta abriu. Provavelmente estavam de passagem, nem mesmo se dando ao trabalho de trancá-la.

Parece uma armadilha, Jungkook pensou antes de olhar para Hoseok. Sentiu o próprio corpo congelar levemente, temendo o que encontraria lá dentro. Entretanto, qualquer medo ou receio que o habitasse, foi deixado para trás no momento que Hoseok abriu a porta e entrou na casa. As armas passearam por todo o ambiente limpo. Não havia nada além de um sofá velho e uma simples mesinha no canto do local.

Acenou com a cabeça, justificando sua ida para o segundo andar pela escada. Hoseok concordou, seguindo pelo corredor, sumindo de sua vista.

Inspirou e prendeu a respiração, pisando com cautela. O ranger leve da madeira o assustava, o silêncio mortal ameaçando contar sua estadia. Quando finalmente alcançou o topo, observou duas portas do que imaginava serem quartos. Por garantia, tentou abrir a primeira. Assim que conseguiu, adentrou o ambiente e verificou se havia alguém dentro. Não encontrou nada. Saiu, indo em direção a segunda porta, que estava escorada. Tocou levemente na madeira velha, abrindo a porta.

Pinóquio | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora