ERA UMA VEZ... DUAS OPÇÕES.

198 27 3
                                    

Conto da olitheworld


Trabalho, controle, planejamento, metas, organização e praticidade: aqueles eram os pilares que definiam sua luxuosa vida.

Não existiam princípios básicos como o amor pela família para compensar a rigidez de sua rotina. Não havia espaço para sentimentalismo ou tempo perdido, afinal, para o economista, tempo era dinheiro e se havia algo que ele podia se orgulhar, era seu conhecimento financeiro. Ao menos, era o que ele tentava se convencer desde o pequeno incidente com sua antiga namorada. A única mulher que ele havia acreditado ser capaz de entendê-lo e amá-lo como ele era, mas não mais, aquilo fazia parte do passado, o que o preocupava o suficiente para fazê-lo perder o sono era o presente. A força poderosa do aqui e o agora, que não era possível prever ou controlar.

Andava de um lado para o outro, enquanto pensava em todos os possíveis cenários das suas próximas ações. O número já estava no visor de seu celular, apenas esperando pelo seu comando para discar. No entanto, ele queria se acalmar antes de entrar em contato com alguém que não tinha culpa de nenhum dos seus problemas. Não havia alternativa. Precisava fechar o negócio a qualquer custo. Então, sentindo-se incomodado com seu próprio descontrole, tomou as rédeas das emoções e tocou o botão esverdeado, sendo atendido por uma voz ofegante.

— Oi, bom dia — começou lembrando de ser educado. — Gostaria de falar com a Bruna — pediu.

— É ela, quem fala? — A mulher questionou, de maneira automática.

— Rafael Basille. Estou ligando para verificar se você teria disponibilidade para me acompanhar numa viagem de negócios no sábado — informou e antes que pudesse finalizar, foi interrompido.

— Acompanhar? Viagem de negócios? — perguntou retoricamente. — Desculpe, meu senhor, mas acredito que te passaram o número errado, provavelmente algum engraçadinho está tentando me sacanear. De qualquer forma agradeço pela oportunidade, mas não sou uma prostituta. — Rafael precisou analisar sua colocação para finalmente entender que havia causado um mal-entendido.

— Acredito que houve um engano, acabei me expressando mal. O que quero dizer é que quero te contratar para me acompanhar na viagem, mas como babá da minha filha. Débora me passou o seu contato e disse que você é a melhor e que minha filha gosta muito de você, então estou ligando por isso — explicou e Bruna fez um longo som de "a" quando finalmente compreendeu do que se tratava.

— Graças a Deus, não era alguém me sacaneando... — ela suspirou. — Ainda assim, continua sendo um não. Já tem algumas semanas que não pego mais trabalhos, estou procurando emprego na minha área de formação no momento — explicou com pesar e Rafael se viu em completo desespero. Não poderia perder aquela oportunidade.

— Bruna, eu te entendo perfeitamente, mas não pode abrir uma exceção? — Rafael insistiu. — Essa é a primeira vez que vou poder passar um final de semana com a menina, mas esse evento do trabalho é muito importante e não vou poder faltar de jeito nenhum... — justificou ele. — Por isso pensei em te contratar, assim você fica com a Alice enquanto eu estiver em alguma reunião, mas quando elas acabarem quero conhecer e curtir com a minha filha e você pode aproveitar toda a estrutura do lugar — ofereceu e quando ouviu a menina suspirar do outro lado da linha, completou: — Eu pago o triplo do que você cobraria normalmente.

Rafael aguardou pacientemente pela resposta, mas esperava certa resistência, afinal tinha anos de experiência em negociações e sabia em que pé estava naquele momento. Sua experiência também fazia com que ele mantivesse o foco no seu objetivo, ele sabia do que precisava e conseguiria nem que tivesse que se abrir para uma pessoa completamente estranha no processo. Tinha muito em jogo. Ele não poderia se dar ao luxo de fracassar.

Calor, Amor e Sonhos De Um Verão InesquecívelOnde histórias criam vida. Descubra agora