Prólogo

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Leonidas Parnassus girou o rosto em direção à janela do seu jato particular e avisou o aeroporto de Atenas, onde o avião acabara de pousar.

Com o coração apertado dentro do peito, ele insistia em se manter no assento, embora a porta de saída da aeronave já estivesse aberta.

O pai lhe dissera que precisava conversar com ele.

Leo não tinha a mínima vontade de estar ali, mas não poderia deixar de atender ao pedido do pai, que lhe telefonara dizendo que precisava conversar pessoalmente com ele. O homem mais velho partira para Atenas a fim de resgatar a fortuna e bom nome da família, que havia sido ultrajado anos antes.

O sangue grego corria nas veias de Leo, embora jamais tivesse visitado a Grécia. A família fora exilada do país antes do nascimento dele; o pai havia retornado há alguns anos e agora revelava triunfante que conseguira finalmente libertar o nome da família da acusação de um crime terrível e recuperar grande parte da riqueza e do patamar social de antes.

Leo sentiu sua amargura aumentar no instante em que se lembrou da querida avó. Agora era tarde demais para que ela pudesse retornar ao lar. Falecera em um país estrangeiro no qual nunca se acostumara. E embora a avó o incentivasse a ir para Atenas assim que tivesse oportunidade, Leo detestava até citar o nome da cidade de onde foram expulsos e odiava o lugar por causa dos sofrimentos que a pobre mulher tivera que suportar. Por isso jurara que jamais poria os pés na Grécia.

Contudo, Atenas ainda era o lugar da família Kassianides, responsável por toda a tragédia que sua família sofrera e que agora recebia o troco merecido.

O terrível acontecimento lançara uma sombra de tristeza na infância de Leo e o prejudicara de inúmeras maneiras. E apesar de tudo, ali estava ele, prestes a desembarcar no lugar onde essa tragédia se originara. Algo na voz do pai o teria feito fraquejar, ou então, Leo teria desejado provar que não mais se deixaria intimidar pelas mágoas do passado. Por que era justamente por causa desse sentimento que a mãe tivera uma morte prematura.

Ele estava determinado a encarar a antiga mansão da família sem temor. Mas antes disso, precisava lidar com o fato de que seu pai desejasse que ele tomasse posse do Parnassus Shipping Business, que lhe pertencia por direito de herança.

Leo havia desistido desse direito há muito tempo e abraçado o espírito empreendedor americano.

Agora estava estabelecido com uma empresa que cuidava de financiamentos e aplicações no ramo imobiliário. Recentemente adquirira um quarteirão inteiro de antigos casarões no lado leste da cidade de Nova York e pretendia modernizá-la.

Ele apoiara o pai, alguns anos antes, na missão de resgatar o nome da família e obrigar Tito Kassianides, o último patriarca da família, a assumir as conseqüências dos atos de seus ancestrais.

Essa era a única razão que mantinha Leo e seu pai unidos: o desejo de vingança.

Leo queria ter o prazer de presenciar a falência dos Kassianides, graças a uma fusão que seu pai conseguira com Aristotle Levakis, um dos mais poderosos magnatas da indústria na Grécia.

E agora que estava a ponto de presenciar a ansiada vingança, Leo perdera o entusiasmo. Não conseguia deixar de pensar na avó e no quanto ela esperara por aquele momento e nem tivera a chance de testemunhá-lo.

Um pigarro discreto o tirou desses devaneios.

― Já chegamos senhor.

Ele olhou irritado para o comissário de bordo que gesticulava na direção da porta e sentiu vontade de ordenar que recriassem a maldita porta e regressassem para Nova York imediatamente. Porém, o bom-senso imperou e ele se ergueu do assento e caminhou contrariado pelo corredor estreito sob o olhar curioso de seus tripulantes.

SEGRADOS PASSIONAISWhere stories live. Discover now