Acordei um pouco atordoada. Peguei meu celular na mesinha ao lado da cama e vi que já passava de 14h. Tinha algumas mensagens não lidas, grande parte delas falava sobre a festa. Coloquei o celular de volta no lugar, só tinha 1% da bateria e não duraria muito. O difícil seria achar o carregador na zona que o meu quarto estava. Uma pilha de presentes ao lado da cama, roupas e sapatos espalhados, só sabia onde estava a cama porque estava deitada nela. No entanto, minha barriga estava roncando e resolvi comer primeiro antes de começar a colocar ordem naquela bagunça. A casa estava vazia, nem sinal dos meus pais, fui até a cozinha e me deparei com um recado da minha mãe
"Fomos a casa do seu tio e preferimos não te acordar, voltaremos só a noite. Ainda tem bolo e docinhos da festa. Se precisar, ligue! "
Como docinhos não matariam minha fome, peguei uma pizza congelada na geladeira. Enquanto o forno aquecia, fui atrás do meu carregador. Quando a pizza ficou pronta, peguei alguns docinhos e resolvi assistir um pouco de Gilmore Girls. Após 5 ou 6 episódios, adormeci novamente.
No outro dia acordei atrasada para o colégio, vi que não parava de chegar mensagens no meu celular, mas não tinha tempo para olhar. Minha mãe já estava quase terminando o café, quando apareci na cozinha.
-Chegamos tarde e você já estava dormindo – falou assim que me viu
-Fiquei bastante cansada depois da festa - meu rosto ainda doía quando eu tentava esboçar qualquer sorriso. Precisava me recuperar depois de tantas fotos.
-Mais tarde quero abrir os presentes! –minha mãe disse entusiasmada
-Claro. Só vou combinar com a Lu, para ela abrir com a gente. – respondi enquanto pegava minha garrafa com água e uma maçã para enganar minha barriga.
-Sempre inseparáveis – falou fingindo ressentimento – Agora vamos, você já está atrasada e o trânsito deve tá daquele jeito.
Joguei minha cabeça para trás e fiz cara de choro só em imaginar o caos nas ruas de Fortaleza. Mas segui para a porta, pronta para mais um dia.
***
Cheguei à sala e enquanto ia em direção ao meu lugar, senti alguns olhares sobre mim. Deveria ser paranoia da minha cabeça. A Luana entrou na sala mais apressada do que nunca e veio correndo em minha direção. Eu ainda estava arrumando meu material quando ela chamou minha atenção.
-Por que você não olhou o celular? –me olhou brava
-Acordei atrasada e.. –antes que eu concluísse, ela me puxou para fora e colocou o celular entre a gente.
Meus olhos foram atraídos por uma imagem onde estava estampada a foto que tirei na cabine com o Eduardo. Percebi que a foto estava no grupo da sala com a legenda: "casal do ano", seguida por uma foto dele beijando a Júlia do 1B, escrito: "ou só mais uma? "
-Como conseguiram isso? –perguntei com meus olhos vidrados na tela
-Um número desconhecido enviou para algumas pessoas da sala e elas compartilharam no grupo. – falou com cuidado – A de vocês foi tirada na festa e a deles, ontem à noite. –ela baixou a cabeça
Eu nunca tinha levado um tampa na cara, mas acho que a sensação era parecida com o que eu sentia agora. Meu rosto ardia e parecia que explodiria. Eu estava com um misto de emoções. Raiva, vergonha e, talvez, ciúmes.
-Eu juro que tentei te falar, mas... – ela parou de falar quando percebeu que eu estava olhando por cima do ombro dela. O Eduardo tinha acabado de subir a escada e estava olhando para nós. Ele sabia. Começou a andar em nossa direção, quando a sirene tocou e eu me virei para entrar na sala. Seria uma longa manhã.
Depois de passar as duas primeiras aulas tentando chamar minha atenção, ele resolveu mandar papeizinhos, que eu ia rasgando sem ler. Na quarta tentativa, o professor de literatura interrompeu.
-Eduardo e Larissa, se vocês têm algum problema é melhor resolverem lá fora. - ele parou segurando o livro que tinha na mão e olhando severamente para nós dois. Eu senti meu corpo encolher.
-Aproveitem e chamem a Júlia –algum engraçadinho gritou, arrancando risadas da turma
-Ninguém pediu sua opinião – Eduardo foi ríspido
-Iiih, calma aí colega. Tá estressadinho por que as namoradas descobriram a farsa? – Mais risadas
Eu coloquei minha cabeça entre as mãos, pedindo silenciosamente para sumir daquela sala. Como eu queria um buraco para enfiar minha cabeça.
-Já chega! – o professor bateu na mesa, assustando todo mundo – Será que posso continuar minha aula?
Antes que alguém se pronunciasse, o sinal para o intervalo tocou. Rapidamente o Eduardo se colocou na minha frente, impedindo minha passagem.
-Nós precisamos conversar!
-Eu não tenho nada para falar com você – tentei mover meu corpo para direita e passar por ele, mas sem sucesso.
-Qual é, Lari. Você precisa entender, nós não somos comprometidos.
Tudo bem que eu sabia que a gente não tinha realmente algo, mas também quase não podia acreditar no que ele estava falando. Era óbvio que não éramos comprometidos, mas para que toda aquela conversa na festa, se ele não queria nada?Eu queria rir. Rir da minha cara por ser tão idiota! Sério, o que eu tava pensando? Que no meu ensino médio ia entrar um menino perfeito na sala e ele iria se apaixonar por mim assim que me visse, querendo ficar só comigo? Qual é Larissa, isso é coisa de história clichê! A vida real não é assim.
-Isso mesmo, Eduardo! Se você quiser pegar esse colégio inteiro, não é da minha conta. – tentei calar a voz que gritava na minha cabeça e controlar meu tom de voz. Ele cruzou os braços, me observando.
-Será que dá para falar direito? – respondeu e revirei os olhos. Agora pronto, tinha virado fiscal do jeito que eu falava. Era só o que me faltava.
-Olha, pouco me importa o que você faz, desde que não meta meu nome no meio. - apontei meu dedo para o meio dele (sabia o quanto aquilo era irritante), era melhor puxar o band aid de vez e lidar com o resto.
-Ah é? E para que tanto ciúme? –falou provocando e se aproximando mais do que deveria.
Eu sabia que muitas pessoas tinha ficado na sala para acompanhar a cena. Afinal, nada melhor que uma desgraça e barraco alheio né? Que falta do que fazer. Pelo menos meus amigos tinham ido na frente, preferindo não acompanhar aquilo de perto. A Júlia entrou na sala e me salvou de me enrolar mais ainda.
-Oi, espero não estar atrapalhando – soltou um sorriso, envergonhada – Será que eu posso falar com você, Edu?
Ele coçou a cabeça, sem saber o que fazer. E olhou novamente em direção. Será que queria que eu resolvesse aquilo também? Era melhor esperar sentado.
-Pode sim, Júlia. Inclusive, eu devia ter descido há muito tempo. - falei encarando ele - Meus amigos estão esperando, licença. – O Eduardo finalmente afastou o corpo para que eu passasse.
***
As outras aulas demoraram a passar. Mas finalmente tinham chegado ao fim. Fiquei na minha o máximo que pude, respondendo apenas uma pergunta ou outra dos professores. Ou então, quando a Luana e o Ross tentavam falar alguma coisa. O Eduardo não abriu mais a boca, na verdade ficava rodando a caneta dele entre os constantemente ou batucando na cadeira. Parecia que alguém não conseguia ficar quieto. Depois do último toque fui direto para casa, sonhando em me tancar no meu quarto, antes que mais alguém me procurasse. Já tinha tido conversa demais para um dia.
***
Esse foi mais um capítulo de Quando o Cupido Erra. Espero que vocês tenham gostado! Não esquece de votar e compartilhar com os Friends. Deixa seu comentário aqui também para que a gente possa bater um papo!!
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Quando o Cupido Erra
RomanceAté que ponto nossas escolhas podem congelar nosso presente ? Larissa nunca achou que seria do tipo de menina que ficaria perdidamente apaixonada e perderia o chão quando as coisas não terminassem com o felizes para sempre. Cinco anos depois de ter...