A semana vinha passando rápido, talvez o fato das provas estarem tão próximas deixasse tudo mais tenso. Desde sábado não tive muita oportunidade de conversar com Eduardo, na verdade, nossos encontros se restringiam aos momentos em que toda a turma estava junta, durante o intervalo. Já era quinta-feira e resolvi chegar um pouco mais cedo para fazer um trabalho de história. Não era muito sacrifício, já que eu amava a matéria. Estava sentada no banco que ficava fora da sala fazendo um resumo sobre algum momento dos antigos impérios, quando Heitor sentou ao meu lado resmungando sobre algo.
- Nunca, sério, nunca, se torne amigo do garanhão da escola -olhei para ele de canto de olho, o que pelo visto o encorajou a continuar - Cê acredita que o Eduardo me largou na entrada do colégio, para ir ficar com alguma dessas meninas que vivem correndo atrás dele?! - tentei conter meu estômago que se revirava. Fome. Só podia ser fome.
- Garotos são idiotas - respondi sem tirar os olhos do caderno
-Eiiii! - protestou
- Tudo bem, talvez você seja exceção - levantei as mãos em sinal de rendição - Ou...ainda não descobriu esse seu lado- ele me deu um leve empurrão -Ai!- Heitor riu, com minha tentativa de fingir que tinha doído
-Você sabe que eu não sou assim, Lari.
-Sei sim, por isso sou sua amiga- dei um sorriso sincero- Você é que nem eu, um bobo apaixonado que ainda espera encontrar um amor verdadeiro.
-Acho que a gente ler livros demais- riu e balançou a cabeça de um lado para o outro- Você nunca vai encontrar um Maxon ou eu uma Emma Carstairs - mantive o sorriso por ele ter feito referência a alguns dos nossos personagens literários favoritos
-Infelizmente a vida não é como nos livros - levei a mão ao peito, fingindo estar chateada.
O Heitor colocou o braço ao redor do meu ombro como se entendesse minha dor. Em seguida, virou para o celular e começou a digitar sem parar. Quando retornou a conversa, me surpreendi com a bomba que ele jogou:
- Larissa - a voz dele pareceu um pouco mais séria- Você gosta do Eduardo?
-Ué, ele é nosso amigo, não é? - tentei conter meu próprio tom de voz, mas a forma como ele me encarou dizia exatamente sobre o que estava falando.
-Ele é um cara legal, mas como amigo sabe? Não acho que ele seja o tipo de cara para você - era realmente fofa a preocupação dele
- A gente é só amigo, Heitor - senti que aquela frase deveria passar verdade, eu queria que passasse. Afinal, tinha que aceitar aquela situação de uma vez por todas.
-Tudo bem, é só que eu percebi como vocês se olham e tal - lancei um olhar furioso para ele - Mas não tá mais aqui quem falou. Ainda bem que não tem nada, porque se ele te magoasse, ah, nossa amizade iria pro fundo do poço. E eu realmente gosto de ser amigo do cara.
Dei um abraço apertado no meu amigo, agradecendo por ter alguém que se importasse comigo. No fundo ele tinha razão, o Eduardo não era garoto para mim.
***
A Luana faltou aula naquele dia, por conta de uma gripe, e o Heitor aproveitou para sentar no lugar dela. A Vivian também não tinha aparecido, provavelmente tinha perdido a hora. O Eduardo acabou entrando na segunda aula, enquanto o professor de história rabiscava algumas coisas no quadro
- Pelo visto o negócio foi bom hein? - Heitor se esticou sobre minha cadeira para dar um tapinha na cabeça dele, que deu um sorriso de canto de boca parecendo incomodado por eu estar escutando, mas fingi olhar atentamente para o quadro
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Quando o Cupido Erra
RomanceAté que ponto nossas escolhas podem congelar nosso presente ? Larissa nunca achou que seria do tipo de menina que ficaria perdidamente apaixonada e perderia o chão quando as coisas não terminassem com o felizes para sempre. Cinco anos depois de ter...