Liberyan - 1º Verso
"Sob o fogo , cairão ...Sobre a flecha perecerá ...Mas antes que o apanhador de almas a convoque...da batalha o escolhido nascerá..."
Durdael - 741 ,Tedus oli Samlok (Terceira Era dos Lobos)
Com um tenebroso grito, Devin foi acordado e abruptamente levantou. Ainda assustado, podia sentir seu coração bater muito forte. Procurou cegamente por sua mãe, mesmo estando em profunda escuridão. Seu quarto era muito simples e não costumava dormir com velas próximas, pois como as outras casas da vila, a sua era rusticamente feita por madeira e fixada por remendos de bambus, barbantes e palhas, se tornando altamente suscetível ao fogo.Foi correndo para a porta de seu quarto e viu sua mãe de pé no outro cômodo. Pela claridade da lua, vinda da janela, pode ver seu rosto. Estava completamente assustada. Após o susto repentino, ouviu outros sons vindos de fora. Sons de gritos, relinchos e metais se chocando.
- Mãe, o que está acontecendo? – Perguntou.
- Vamos querido! – Disse Laer. – Temos de sair daqui rápido.
Saíram correndo em direção à porta principal e Laer disse:
- Precisaremos correr Devin, está acontecendo algum ataque á vila.Assim que eu abrir a porta, iremos em direção ao rio ok? Ontem pela manhã havia alguns barcos que podemos usar para chegar ao outro lado. Ela falava docemente, em uma tentativa de acalmar os ânimos de seu filho. Achou estranho acontecer um ataque á vila.
Há muitos anos Rorthried era uma vila pacifica, onde viviam alguns camponeses, caçadores e ferreiros. Viviam de um comércio pequeno, desta forma recebendo poucos viajantes. Os suprimentos comercializados lá eram praticamente para o próprio sustento de seus moradores. Não conseguia entender o porquê deste ataque. Calçou uma bota e vestiu também Devin.
- Tome querido, calce isto. Vamos, não podemos demorar.
Ao abrir a porta viu que realmente não se tratava apenas de uma pilhagem. Mas sim um massacre. Notou vários dos moradores correndo e sendo atacados. Soldados vestindo armaduras com peles de animais e capas escarlates dilaceravam seus alvos com espadas e lanças. Viu o braço de um pobre velho sendo mutilado ao tentar parar uma investida de um dos homens. Sentiu um terror ao assitir aquilo, e sabia que teria que correr realmente rápido se pretendia se salvar. Foi neste momento que ela o avistou ...
Devin viu sua mãe em pé na porta olhando para fora. Com uma expressão de terror ela olhou para frente e antes mesmo de esboçar alguma reação Devin escutou o som.
“Um sopro... foi tudo que a flecha emitiu, porém para Devin, aquele som seria mais destrutível que o som de uma tempestade...”
Com um sibilar a flecha percorreu seu caminho, e com um som abafado ela atingiu Laer no peito. Com um som gutural ela cambaleou e segurou a flecha com a mão direita. Não tinha força o suficiente para retirá-la e antes mesmo de apertar com firmeza o cabo lapidado da madeira, sentiu suas forças se esvaecendo. Devin viu aquilo com olhos fixos. Não acreditava no que via.
Laer apoiou na parede e golfou sangue por cima de seu próprio peito. Em um ultimo esforço se virou e tentou falar algo para ele, porém o que saiu de sua boca mais pareceu um gemido do que uma frase. Um som lamurioso, como o de um animal quando é abatido por seu caçador. Neste momento sentiu um calafrio e um ardor percorrendo seu peito e simplesmente caiu.
Devin viu sua mãe atingir o chão com uma força extrema. Não acreditou, não podia. Ela estava viva e ia fugir com ele. Foi em direção ao seu corpo e no momento em que ia tocá-lo, outra flecha sibilou. Em um gesto de puro reflexo ou pavor, pulou para trás e viu a flecha atingir o chão exatamente no local onde estava. Foi por pouco.
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Trivium, A lua de Sangue
TerrorDevin era um garoto como qualquer outro, vivendo em uma terra sem leis e sem muita esperança. Um súbito ataque em seu vilarejo revelou uma realidade na qual mais se parecia com um pesadelo. Uma fuga frenética pela floresta definirá o seu futuro e de...