06 | "e a estrada fica difícil"

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Seokjin 

─ 06 ─

Dias depois

Ela piorou. Apenas isso. Meu corpo já não possuía mais lágrimas de tantas que derramei. Já havia dias em que eu não comia direito. Estava cansado, exausto. Todos os dias me esforçava em ir visitá-la. 

Precisava ver seu rosto enquanto pudesse. Seu semblante era pálido, não tinha cor alguma, estava ainda mais magra, vivia tomando sedativos devido às fortes dores que sentia. Meu coração doía ao vê-la assim, sofrendo tanto.

Uma angústia me possuía. Minha mente não processava mais nada. Meus pensamentos se guiavam apenas à ela. Uma parte de mim estava indo aos poucos. Minha fonte de vida estava secando vagarosamente, sem nenhuma piedade de minha situação. Parecia uma dor que pegava de ponta a ponta no meu corpo. Tudo doía. 

Meus olhos estavam atentos ao quadro à minha frente. Nós dois. O dia mais feliz da minha vida estava gravado naquela tela. Nosso casamento. O dia em que apenas a morte iria nos separar. Nunca pensei que ela viesse tão rápido ao nosso encontro. Seríamos separados pela única coisa que juramos no altar. 

Nosso amor florescia a cada dia de nossa vidas. Juras de amor, momentos de prazer nos braços dela, o sorriso que me tirava de todos os problemas existentes estavam ficando cada vez mais apagados em mim. 

Tudo isso fora substituído por dor e sofrimento. Lágrimas atrás de lágrimas. O amor que me sustentava estava em um leito de cama à beira do nosso maior inimigo, do que juramos ser o único motivo de separação. 

Fui despertado de minha transe com o celular tocando. Hospital. Rapidamente atendi o telefonema e meus ouvidos capitaram a voz conhecida. O médico. Sua voz era baixa e falha. Estava receoso do que ia falar. Meu coração se apertou com isso. Porquê? Por que ele não falava nada? 

Minha respiração estava densa e minhas emoções aflitas. Fechei os olhos tentando respirar direito, já sentia as batidas agitadas dentro do peito e o frio percorrer minha espinha. Depois de alguns segundos, finalmente ele resolveu se pronunciar.

─ Senhor Kim? 

O médico diz baixo.

─ Estou ouvindo, aconteceu algo? ─ Tentei não ser rude, mas já não dava a mínima naquele momento para o que ele poderia pensar de mim. Estava desesperado demais para isso.

─ Bem... O que tenho a  dizer não é fácil... 

A relutância em sua voz era percebivel. Senti uma falha no pulmão, como se estivesse se fechando de tanta tensão em meu corpo. Como se os músculos o reprimissem.

─ Por favor! Fale logo! ─ falei alterado. 

─ Infelizmente sua esposa... Ela... faleceu esta manhã. 

Minhas mãos apenas enfraqueceram deixando o aparelho cair de encontro ao chão. Tudo ficou silencioso. Ela se foi.

Ela se foi e não pude ouvir sua voz uma última vez. Lágrimas começaram a inundar meu rosto. Cai de joelhos enfraquecido pelo peso do sufoco da notícia no chão afundando meu rosto em minhas mãos. Não. Por que você se foi? Eu apenas queria ouvir a resposta. Eu apenas a queria de novo. 

Maldita doença! Senti uma falta de ar muito grande, não conseguia ao menos chorar de tanta dor. Eu nem conseguia discernir onde realmente doía, só... doía. Me encolhi no chão como uma criança indefesa e desesperada. A única pessoa que eu tinha como meu amor me deixou.

" Mais profunda, 

a ferida só fica 

mais profunda."

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