5 Days {Seventeen Hansol}

Day 2

DIA 2

[18/3 09:43] #1 Hansol: Bom dia, Yun!

[18/3 09:43] #1 Hansol: Espero que tenha dormido bem :)

[18/3 09:44] #1 Hansol: Quando acordar venha até a cozinha

[18/3 10:29] #1 Hansol: Ok, não venha mais

No sábado, Yun acordou sorrindo ao ver as mensagens de Hansol. Era de conhecimento geral o vício da garota em seu celular, sendo a primeira coisa que checava logo ao acordar e última antes de dormir, mas isso é o que acontece quando o aparelho é o meio de comunicação mais prático entre você e quem você mais ama no mundo. Ela se espreguiçou ainda enfiada debaixo das cobertas e viu que acordou só com um pé de meia, mas ao invés de procurar a desaparecida preferiu ficar descalça. Yun e Hansol haviam dormido juntos na cama de solteiro, mas não foi desconfortável em momento nenhum.

Os três haviam bebido muito na noite anterior, mas não a ponto de esquecerem seus próprios nomes ou terem que parar no hospital — apenas o suficiente para se divertirem ainda mais, Jun cismar em pintar Yun como uma gata quando chegaram em casa e crises de riso até pegarem no sono. Dois terços daquela equação não se divertiam daquela maneira há anos, e ela já podia voltar pra casa dizendo que aproveitou bem a noite da capital.

Uma vez que a última mensagem de Hansol abortava a missão, ela obviamente foi à cozinha. Assim que chegou viu uma panela encardida, o amigo tentando fazer com que o cheiro de fumaça desaparecesse com um ventilador ligado na tomada e alguma comida não identificada enchendo o lixo.

A risada dela assustou Hansol.

— Ainda bem que seu sono é pesado... — ele disse com a mão no coração, um sorriso largo escapando de seus lábios. — Vamos comer fora. Definitivamente, e enquanto você tiver aqui. Comer fora todos os dias em todas as refeições.

— Pelo menos você tentou. — Yun riu, concordando. Achou melhor nem perguntar o que ele tentara fazer.

Hansol era fofo.

Os dois foram se trocar e em seguida saíram sem rumo, pretendendo parar no primeiro restaurante que lhes chamasse atenção. Estavam de bicicleta (Hansol pilotando e ela sem jeito no quadro, já que não tinha garupa).

Quando Yun perguntou, Hansol disse que Jun havia acordado cedo para passar o fim de semana também com um amigo, e por isso não os acompanharia nas próximas aventuras. As vezes ela se lembrava dele falando de Hansol na noite anterior, comentando que era engraçado vê-lo com uma menina, uma vez que ele sempre fugia de todas e mal havia ficado com três universitárias desde que começara o curso. Yun já sabia daquilo porque o amigo lhe contara antes, mas o modo como Jun falou fez tudo soar diferente de alguma forma. Ela sentiu um friozinho na espinha, um friozinho que não era proveniente da sensação de que cairiam da bicicleta.

Acabaram decidindo que não queriam comida coreana naquele dia, então estacionaram num shopping e almoçaram fast-food, com brownie e sorvete de sobremesa.

Depois do almoço Hansol foi passear com a amiga pela cidade, a guiando por todos os lugares que achava importante que ela conhecesse. Foram ao Namdaeun Market, onde Yun se encheu de bugigangas (e fez a volta dos dois desequilibrada pelas sacolas), tiraram fotos no riacho Cheonggyecheon, visitaram o palácio de Changdeokgung... Ela não imaginou que fosse possível andar tanto e conhecer tantos lugares diferentes num só dia, muito menos conseguia acreditar que todas aquelas memórias estavam sendo construídas junto a seu melhor amigo virtual. Apesar do bumbum dolorido sua felicidade mal era contida nos olhinhos, que brilhavam sem parar. E o mesmo se podia dizer de Hansol, que estava tendo o melhor sábado do seu ano até então.

De vez em quando, quando passavam por algumas estátuas, um dos dois soltava algo do tipo:

— Aquela ali é feia igual você.

Já de volta a Hongdae, e perto de casa, o Chwe passou o braço que não empurrava a bicicleta ao redor dos ombros da amiga. O dia havia sido farto de demonstrações de carinho, pois assinaram um tratado inconsciente de que valia sim a pena ganhar olhares descontentes dos mais velhos. Mas aquele contato, em especial, fez o estômago de Yun revirar. Ela não soube explicar e aquilo estava começando a lhe irritar.

— Yun... — Hansol abriu a boca para lhe dizer algo, devia ser muito sério pela ruguinha entre suas sobrancelhas, e por tal razão ela lhe interrompeu.

— Sabe o que ainda não fizemos juntos?

Um suspiro.

— O que?

— Jogar.

Hansol riu e pensou por uns segundos.

— Verdade. Não sabia que estava assim tão ansiosa pra perder.

Ela saiu de seu abraço e o xingou, se adiantando para a porta da casa, agora a vista. Eles entraram e Hansol guardou a bicicleta.

Yun era curiosa.

Entretanto, algo com a voz de seu infalível sexto sentido lhe disse que ela ainda não queria saber o que Hansol queria contar. Então o "Yun..." ficou por isso mesmo.

Jogaram até as mãos darem cãibra, às vezes o aperto na manete era tão grande que os nós dos dedos ficavam brancos. Hansol ganhou por apenas uma partida, mas nem teve graça implicar com Yun porque ela era muito boa. Outro nível de respeito por ela foi construído ali, já haviam jogado juntos online, mas ao vivo ela parecia quase uma guerreira...

O que ele podia fazer? Levavam videogame muito a sério.

Já era noite quando tomaram banho e decidiram comer alguma coisa. Hansol veio com uma sugestão:

— Tem um lugar com uma comida japonesa muito boa...

— ... Eu não como comida japonesa...

— ... Que nunca vamos visitar porque você não come comida japonesa. — se retificou como se fosse dizer isso o tempo todo e Yun gargalhou. — Podemos ir numa barraquinha de rua então.

— É uma boa!

Eles passearam por Hongdae, olharam artistas de rua se apresentando e se encheram de comida. Às vezes Hansol olhava mais pra Yun do que pra atração da noite em si, e quando ele enfim desviava sua atenção ela fazia a mesma coisa. Hansol comprou um churros pra ela. Achou bom ter sido interrompido mais cedo.

Voltaram pra casa algumas horas depois, Yun reclamando de um desconforto um pouco abaixo da barriga. Tomou um remédio e se deitou, esperando que o pior esperasse mais alguns dias pra acontecer, mas conhecendo sua sorte...

Eles se deitaram juntos na cama de solteiro outra vez e, por mais que quisessem continuar conversando, o cansaço os venceu antes das 23h30. Disseram antes de dormir:

— Boa noite.

— Boa noite. Mas eu ainda nem sinto sono...

E então fecharam os olhos mesmo assim.