two

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Taehyung estava numa reunião estressante. O chefe de um dos setores de contabilidade estava falando de umas coisas da empresa, gráficos e mais gráficos apresentados num slide e tendo que aguentar alguns funcionários cochilando enquanto ele falava. Infelizmente — às vezes felizmente —, ele é esse chefe.

O Kim se esforçou muito para estar onde está, com seu desempenho foi até mais fácil, sempre elogiado, tanto na faculdade, quanto na empresa. Não estava se achando nem nada do tipo quando falava tais coisas, apenas repetindo o que lhe disseram. Nunca foi de gostar muito desses elogios, mas tem vezes que é bom ter seu ego massageado. Taehyung é muito orgulhoso pela sua posição porque sabe que merece. Contudo, ele tem mais trabalho e responsabilidades do que os outros, isso é um fato. E nesse exato momento contado, ele só queria encerrar logo essa reunião e ir embora.

Depois de encerrar o expediente, ainda ficou em sua sala arrumando umas coisas e ouviu uma batida na porta, era Jimin.

— Quer que eu te espere? — ele pôs apenas a cabeça para dentro da sala e perguntou.

— Não precisa, Jiminie. Ainda vou demorar um pouco e não vou para casa.

— Vai para onde?

— Jin hyung quer sair para conversar. — deu de ombros.

— Vocês esquecem que eu existo. — estalou a língua no céu da boca. — Só não reclamo mais porque hoje eu não posso, também vou sair.

— Para onde, posso saber? — sorriu curioso.

— Não, não pode. — riu. — Depois te conto. Tchau, Tae.

Ele saiu deixando Taehyung na curiosidade, sabendo bem que esse "depois" de Jimin quer dizer nunca, mas logo voltou a se concentrar nos papéis que tinha em mãos. Mais ou menos quarenta minutos depois, deixou as coisas como estavam em cima da mesa e procurou sua bolsa para poder ir embora, finalmente.

Saiu do edifício se espreguiçando, passar o dia todo sentado é horrível para as costas e Taehyung é a prova viva disso. Ele estava mais cansado do que o normal, essa semana estava o matando aos poucos. Estava tão fatigado que quando ouviu Hoseok lhe chamar quase bateu o pé no chão como uma criança birrenta. O único motivo para que ainda fale com ele e não o ignore completamente é que ele não para de gritar e não é Taehyung que quer passar mais vergonha com o outro gritando histericamente pelo seu nome.

— O que você quer dessa vez? Saiba que eu não estou bem hoje. — falou apressadamente.

— Só queria ouvir o doce som da sua voz. — Hoseok apoiou o queixo na mão. — Aconteceu algo, meu bem? Parece estressado.

— É só o trabalho. Pronto, já falei com você, tchau. — já ia se virando para ir embora.

— Você precisa relaxar, quem sabe eu não posso te ajudar, hein? — insinuou com seu famigerado sorriso de lado.

— Vai se foder! — Taehyung falou e virou-se completamente, começando a andar apressado.

— Só se for com você!

Foi isso que ele gritou de volta. Taehyung parou por dois segundos no lugar, sem acreditar no que ouviu, aquela simples resposta lhe causou confusão na mente. Ignorou, como sempre faz quando se trata de Hoseok, e pegou seu caminho para onde iria encontrar-se com Seokjin.

[...]

— Eu te conheci sendo menos estressado, Tae. — Jin falou dando um gole na sua bebida.

— É o que a vida faz comigo. — suspirou cansado.

Eles estavam num barzinho, onde sempre iam quando mais novos, na época que namoravam. Lugar confortável e tranquilo, ótimo para ficar na companhia dos amigos para um happy hour.

— A vida, não é? — Seokjin riu. — Acho que a vida tem nome e sobrenome.

— Uma parte dela sim. — respirou fundo tentando não se lembrar daquele que tanto o atormentava. — Me diz o que eu fiz para merecer isso. Eu devo ter sido um dos piores serial killers da história na minha vida passada, só pode!

— Eu acho tudo um drama muito grande seu. — falou na lata.

Típico de Kim Seokjin. Não era a primeira e muito menos a última vez que Taehyung iria bater de frente com uma parede de concreto duro chamada sinceridade do Jin hyung.

— Não é drama, hyung, ele realmente me irrita. — bebeu um pouco de cerveja. — E por motivo algum! Que eu me lembre nunca dei motivos para ele. Por mim, ele sequer existiria.

— Você é muito exagerado, misericórdia. — balançou a cabeça negativamente. — Pelo o que me disse, ele só faz brincadeirinhas com você.

— Eu não gosto dessas "brincadeirinhas" dele, ele fala comigo como se fossemos amigos ou namorados, não gosto dessa intimidade toda que não dei. — fez aspas com os dedos.

— Se não gostasse, já tinha mandado ele parar. — falou e Taehyung ficou boquiaberto com o estalo que deu na sua mente. — Tenho certeza que ele não seria babaca ao ponto de continuar fazendo isso se você dissesse que já deu.

— Pensei que minha cara já falasse que eu não gosto. — o mais novo resmungou brincando com seus dedos.

— Nem você acredita nisso. — riu sozinho.

— Saiba que você é um ótimo amigo, Seokjin. O melhor! — falou carregado de ironia enquanto o outro continuava a rir.

— E como melhor amigo eu te dou um conselho. — se aproximou do castanho por cima da mesa. — Entra na brincadeira. É o melhor que você pode fazer. Vê até onde isso tudo vai dar. Aposto que adoraria descobrir as verdadeiras intenções desse cara.

Ficou pensando no que Jin falou pelo resto da noite. Estava mesmo cogitando seguir seu conselho? Pior que estava. Por trás de toda a irritação, Jung Hoseok lhe deixa curioso. Questionava-se o porquê de suas ações, o porquê de estar ali, o porquê de ter lhe escolhido com seu alvo. Hoseok é uma incógnita bonita e provocadora.

Taehyung queria entrar no seu joguinho, queria descobrí-lo. E era isso que ele se determinou a fazer e pôr em prática assim que o visse.

No dia seguinte, ele não apareceu, o Kim apenas viu alguns de seus amigos ali no mesmo canto. Foi um dia tranquilo, assim como em todos que Hoseok não lhe enche o saco, porém Taehyung acaba sentindo falta de algo, talvez seja o costume, justificava para si mesmo.

Hoseok estava lá dois dias depois e Taehyung estava preparado para descobrir até onde ele iria — e também até que ponto ele mesmo iria. Como sempre, no término do seu expediente, Taehyung saiu com Jimin e logo escutou alguém o chamando, mas dessa vez ele não revirou os olhos ou ficou com sua típica carranca para aquele homem. Taehyung sorriu para ele.

O Park já sabia do seu plano, era óbvio que teria lhe contado. Jimin ia o acompanhar para ver — segundo ele mesmo — o espetáculo, porém esqueceu-se de algo na sua sala e teve que voltar. Talvez isso desse mais coragem para Taehyung, não ter ninguém para olhar seu fracasso ou sucesso.

O jogo vai começar.

Let's not fall in love || vhopeOnde histórias criam vida. Descubra agora