Vazio...

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Fecho os olhos e me afasto de todo o caos e vida que se esvai diante deles. Observo a escuridão, que me aprisiona em uma autodestruição momentânea.

Sinto o vazio, mas meu sistema imunológico não pode lidar com ele. Ele não é um vírus, ele faz parte de mim.

Se escondendo por cada centímetro periférico de toda a pele nua que é meu traje desde que nasci.

Ele se acomoda em meu peito, um peso que incomoda. Obstruindo os demais sentimentos, os aniquilando com um punhal feito com as fibras de meus músculos que vociferam todo sofrimento.

Não são só eles que gritam...

Eu também, declamando versos de uma agonia silenciosa que me faz sangrar a alma...

Vazio, oque restou após sair de mim, pois você ocupava o espaço que havia. Na casinha aos fundos do meu coração.

Silencioso, usando suas garras fétidas para abrir a porta lateral. Eu havia me certificado de que permaneceria, pois você era a parte que faltava...

Sou um quebra - cabeças incompleto. Gostaria de lhe sufocar, com os versos que sangram de minhas artérias.

Minha boca secou, meus lábios estão rachados e ensanguentados. Meus olhos continuam fechados...

Só resta o vazio, o vazio que me sufoca e faz pesar... O vazio que me faz abrir os olhos e encarar o precipício de emoções...

Usei dessa vez uma chave, talhada a partir dos ossos que já não suportam meu peso. Para trancar meu peito e me fazer deixar de sentir...

Você é a peça que falta do quebra - cabeças infantil chamado eu. Eu lhe perdi, agora há um espaço vazio...

Todos podem ver, mas não há como haver uma nova peça idêntica...

Um quebra - cabeças incompleto, deixa de ser necessário. Há um espaço vazio e incompleto, um precipício sobre meus pés...

Só preciso me deixar pender e fazer com que as peças que restam também se percam...

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