Vazio

Pássaro abatido...

Ainda posso sentir seu toque...

Minha pele não se arrepia, oque tivemos não foi tão intenso. Não chegamos a compartilhar do mesmo leito...

Mas tocaste minha alma...

Seus dedos vazando pelas dimensões saturadas e feridas do meu eu espiritual... Enquanto eu cobria meus olhos e fingia ser inatingível...

Você foi um garoto mau...

Mas fui eu a punida...

Sou obrigada a passar por todos os lugares que nos abrigaram durante nossos beijos aparentemente apaixonados...

Sinto seu gosto, enquanto você nem é capaz de lembrar que eu sempre mascava um chiclete sabor menta antes da cada um de nossos encontros...

Há pessoas me observando enquanto minhas lágrimas caem livres, por minha face amargurada e marcada por olheiras de todas as noites em que não fui capaz de pegar no sono...

Não gosto mais da manhã, o nascer do sol no monte me lembra dos seus olhos escondidos detrás das bochechas pálidas quando sorria...

Sorria pra mim...

Eu conquistei minhas asas, alçando um vôo rasante sobre as águas nomeadas amor...

Você foi o caçador, que me feriu com uma das balas de sua espingarda. Não pude me manter, despenquei nas águas turvas que se transformaram em dor e amargura...

Sou um pássaro que já não canta, pois morri quando me privaram de voar...