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Ana

Se eu só consigo me sentir bem quando estou drogada, acho que eu não sei o que é se sentir bem.

Meu peito parece estar constantemente sendo torcido, as mãos que o torcem me cercam, me seguem. Talvez devem ser elas que me empurram pelas costas, me empurram! E eu corro para essas pessoas vazias que estão na minha frente, que me cercam.

Antes eu me perguntava o motivo de estar aqui, sendo que nada aqui me agrada. Mas agora sei que as mãos não me empurram,  tais mãos são as minhas, minhas próprias.

E minha mão é quem me torce, e quem me atrai. Me atraíram para quem está na minha frente, à minha esquerda e direita. Atrai para pessoas vazias, vazias que nem eu.

Acho que isso faz o vazio parecer mais cheio.

- Terra para Ana. – Adriana me chama. – Vem, vamos beber mais um shot.

Minha amiga aponta para os copos sobre uma mesa. Antes de chegar até ela, Gabriel, um amigo da minha amiga Laura, me puxa.

- Hey, hm, cê ta bem?

Ele obviamente quer me comer, isso esta escrito nos seus olhos. Gabriel é bonitamente comum, nada diferencial, muito menos na personalidade. Branco, cabelo bem cortado, umas penugens no lugar da barba, bem vestido, classe média. Nada que não tenha provado antes.

- Biel, não esquenta, ela é mais quietinha mesmo. – Laura diz, colocando seu braço no meu ombro. Seus cabelos loiros enormes até a cintura acabam prendendo na minha pulseira, o que me apresso para desprender.

- Eu diria reservada. – brinco. Não foi engraçado, mas deram risada. Tenho amigos educados.

Gabriel preferiu pegar a tequila para mim, típico.

- Acho que o Gabriel 'ta afim de ficar com você. - Laura diz. - Eu shippo.

Dou risada.

- Não tem nem o que shippar.

Gabriel volta com a tequila, e eu viro.

- Coisa mais idiota. - Adriana larga seu copinho e se apressa para pegar a garrafa de tequila inteira, e da um gole bem grande. Adriana é um pouco alcoólatra, mas é discreta para seus pais não descobrirem. Eles são bem chatos.

Também dou um gole grande e passo para Gabriel, que passa para a Laura, que acaba com a garrafa.

- Vem, vamos entrar. - Laura diz tentando disfarçar a careta. Me apresso para entrar na boate. - Agora você se mexe, né piranha. - ela da um tapinha no meu ombro, riu.

Mostramos nossos documentos falsos para o segurança, ele já nos conhece, sabe que somos menores, mas não se importa, então nos deixa entrar.

O som alto atinge meus ouvidos, e agradeço a ele por acabar com o papo furado entre meus amigos.

Gabriel me guia me segurando pela cintura. Típico. Me apresso e o puxo para mim.





Falta um ano para me formar no Ensino Médio, e acho que já estou completamente esgotada. Os professores não conseguem parar de falar sobre vestibular cada segundo, e isso é completamente desgastante. Eu não faço a mínima ideia do que quero fazer, só sei que quero fazer algo relacionado a televisão, talvez atuar. Minha mãe fala que não, que tenho que fazer medicina ou algo genérico do tipo, e que eu seria uma péssima atriz já que não tenho o brilho natural que normalmente eles tem. Idiota.

Estou andando rápido para conseguir pegar meu ônibus para casa, e é ai que trombo nele.

- Caralho! - ele resmunga.

O segredo da Esmeralda ♛Onde histórias criam vida. Descubra agora