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Levi

Como ela me pegou dessa forma tão intensa?

No dia seguinte Esmeralda me contratou como seu funcionário fixo na sua casa, eu e Sophia teríamos um quarto no corredor dos funcionários. Naquela manhã ela estava linda, vestia um roupão de cetim branco, ele caía sobre seu corpo dando a impressão que ela estava tomando um banho de cachoeira.

Obviamente tentei recusar.

- Levi, você é competente, e além disso é meu amigo e está precisando de ajuda. Para de ser tosco e orgulhoso? - Ela rebateu, com seu próprio e único sorriso malicioso fora de hora. Talvez eu tenha interpretado errado e não tenha um pingo de malícia, mas essa é uma certeza que tenho.

Assim como a certeza de que não sou nada competente, nunca fui, e tenho noção disso. Não só eu tenho noção disso, como os outros cinco funcionários fixos daqui também. Eles não gostam muito de mim, assim como não gostam da Esmeralda.

Dona Rosa, uma mulher rechonchuda e mineira, parece ser a única alma a se comunicar comigo.

- Ouvi Jeniffer falando mal da Esmeralda, por quê? - Falei para puxar assunto um dia que ajudava ela a cuidar do jardim.

- Levi não conta para a madame, por favor. Jeni é boa, só fala dimais. - minha curiosidade fez eu reforçar minha pergunta- Madame na maioria das vezes é meio braba, manda muito, exige dimais. - a resposta educada e relutante foi para um resmungo raivoso em poucos segundos. - Meu Senhor! Levi, não vai contar desse nosso assunto para a madame! Por favor, não me faça num gosta de ocê como os otô.

- Não Dona Rosa, posso não ter terminado o Ensino Médio, mas aprendi pelo menos uma coisa com ele: x-9 é tudo cuzão. - Rosa pareceu não entender, e continuou fazendo seu trabalho em silêncio
- Não entendo porque me evitam tanto aqui dentro, eu fui contratado assim como todo mundo. - Penso alto, mas na esperança dela ter ouvido meus resmungos.

- Ô Levi, como num entende? Vai me dizer que não sabe o quanto cê é privilegiado? - Fico em silêncio. - Povo tem raiva menino. Todo mundo aqui lutou muito para tá onde tá, muitos anos na doméstica, anos na cozinha. Ocê ganha igual todo mundo, mas num faz nada. Tô mentindo?

Era para eu concertar as coisas que quebram, quando precisar ajudar na cozinha, coisinhas no geral. Eu basicamente fui nomeado o "faz tudo" particular, mas acabou que acabei fazendo nada.

Passo metade do dia olhando para o teto, e a outra metade culpado por causa disso e perguntando para os funcionários a fora se precisam de ajuda, e sou ignorado. Parte de mim não se sente tão culpado assim, parte de mim se sente bem, e parte de mim sabe que o que eles tem não é o espírito do herói contra a injustiça no mundo, e sim pura inveja.

Uma semana depois, Esmeralda, que está se aproximando de uma forma muito intensa da Sophia, viu ela reclamar que odeia ir para escola comigo. Ela sempre reclamou, ela fala que sou chato e não gosto de ouvir ela tagarelar, mas quem gosta? Nos primeiros dez minutos é fofinho, e era apenas isso que nós andávamos quando eu morava no apartamento, agora aqui leva duas horas de transporte público para levar Sophia para a escola. Passou quinze minutos de faladeira sem sentido eu já mando ela ficar quieta, o que sempre a deixa magoada.

Esmeralda me parou no corredor.

- Eu e a Sophia conversamos. Já entrei em contato com um motorista que vai levar ela todos os dias. - Eu abri minha boca para falar algo, mas ela me cortou - Pensa em recusar no dia que você conseguir levar sua irmã para a escola sem brigar com ela. - E saiu.

E se eu disser que essa foi a única frase que ela direcionou para mim até hoje, duas semanas de contratado depois? Esmeralda está me evitando e não tem pudor em deixar isso claro ao sair da sala quando eu entro, ou me ignorar quando puxo assunto com ela nos corredores. Esmeralda passou de uma amiga que queria me cumprimentar na porta da frente da sua casa, para uma chefe inalcançavel, distante.

Queria agarrar ela no corredor e perguntar o motivo disso, mas ela pode pensar que me tem nos seus pés, que me apaixonei ou sei lá as coisas que mulheres como ela pensam. Ela que está me evitando, o que posso fazer?

Quem eu quero enganar? Esmeralda me tem por completo na sua mão, e isso é completamente humilhante. Basta ela enjoar de mim que adeus dinheiro, emprego, e adeus até minha própria irmã.

Não posso deixar isso acontecer.

- Lele! - Sophia aparece no corredor dos funcionários, onde estava sentado olhando a parece branca e pensando merda. Quando ela grita os funcionários que estão parados na outra ponta do corredor conversando olham feio.

Mas eles ficam realmente incomodados e saem de perto quando Sophia tropeça correndo até mim, e começa a chorar quando cai no chão.

- Nossa Sophia, presta mais atenção. - Ando até ela e a pego no colo. - Machucou muito?

- Já tá sarando - ela enxuga suas próprias lágrimas com a mão.

- Foi só um susto, né? - Ela assente. - como foi a escola hoje? - Mudo de assunto para ela parar de chorar o pouquinho que ainda chorava.

- Hoje foi legal, professora colocou um monte de bambolê colorido na quadra. Gabi queria o rosa, mas rosa é minha cor favorita, aí ela ficou gritando, puxou de mim assim ó! Eu puxei de volta e ela chorou, professora tirou meu bambolê e deu para ela, e para mim um rosa claro, mas eu queria aquele!

- Hm, sério?

Sophia tem momentos em que ela fala muito, e nesses momentos eu tenho frases prontas para dizer coisas genéricas como " Nossa, que louco" ou " Uau, que legal", mas na maioria das vezes uso o " Hm, sério?".

- Sim! Aí no lanche eu bati na Gabi, ela chorou, que chata! A Julia me ajudou a bater, bati nela assim, assim e assim. Depois a Julia me deu a uva que a mãe dela deu para ela, ela é verde e não tem semente, eu comi tudo sozinha! Julia não gosta de fruta aí ela pegou um bolinho.

- Sophia - para ser sincero, eu não prestava muita atenção no que ela falava, pensava em um jeito de fazer Esmeralda ficar. - Você pode me fazer um favor?

- Faço.

- Você sabe onde a tia Esmeralda tá, né? - Ela faz que sim. - Então pode ir lá e dizer uma coisa para ela por mim?

E assim eu fiz. Sophia saiu saltitando pelos corredores.

Dez minutos depois ela volta.

- A tia mandou te entregar esse papel. - depois disso ela foi para o nosso quarto.

Abri o papel.

"Oi Levi.

Me sinto profundamente envergonhada de dizer coisas como as que devo dizer.

Então prefiro não dize-las, e mandar você ir para o sótão as dez horas.

Seja discreto. Estarei te esperando lá"




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Ooooooooi. Gostei bastante de escrever esse capítulo kkkkk ele eh bem rápido e tem uma dinâmica daora. Vcs gostaram?

Enfim, é isso, até daqui a pouco, bjsss

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⏰ Última atualização: Mar 19, 2019 ⏰

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